Familiar apresentou queixa contra «Rei Ghob» por pedofilia

Achou que «se passava alguma coisa de esquisito, em relação aos miúdos que ele levava lá para casa», mas nunca suspeitou de mais


A investigação que levou à detenção do suspeito do homicídio de três jovens na zona de Torres Vedras, poderá ter partido de uma queixa de suspeita de pedofilia que um familiar admitiu à Lusa ter efectuado.


«Em Janeiro comuniquei às autoridades que ele tinha enviado para um telemóvel imagens de pedofilia» disse à Lusa o familiar que pediu o anonimato.

«Pensei que se passava alguma coisa de esquisito, em relação aos miúdos que ele levava lá para casa e que lá dormiam de noite, mas nunca pensei que o caso tivesse estas proporções» acrescentou.

O familiar contou que lamenta sobretudo a morte do jovem de 22 anos, adiantando que se o suspeito realmente matou as três pessoas que se mantêm desaparecidas então «que se faça justiça».

O jovem desaparecido, natural da Serra do Calvo (Lourinhã), é conhecido na aldeia da Carqueja por ter trabalhado na sucata do suspeito, que hoje é ouvido no tribunal de Torres Vedras.

«Era uma jóia de rapaz» dizem os vizinhos e familiares do próprio alegado homicida, afirmando nunca terem estranhado o seu desaparecimento.

«Ele chegou a aparecer por aqui, com um Audi vermelho com matrícula espanhola e a dizer que estava em Espanha» disse à Lusa um sobrinho do suspeito, referindo-se ao jovem desaparecido.

Os familiares do alegado homicida confirmaram que a Polícia Judiciária continua a efectuar buscas na moradia de Carqueja, bem como num armazém em Cesaredas de onde nos últimos dias terão levado diverso material.

A irmã do suspeito do triplo homicida e os três sobrinhos menores que com ele viviam continuam impedidos de entrar na casa, estando actualmente recolhidos em casa de familiares.

Fontes familiares disseram à Lusa que a PJ solicitou à família que não se desloque ao tribunal de Torres Vedras, onde o suspeito será ouvido esta tarde, «para evitar confrontos com a família das vítimas».

Francisco Leitão, de 42 anos, foi detido na segunda-feira, no culminar de uma investigação de vários meses. A TVI sabe que na origem dos crimes estão motivos passionais. Os corpos das vítimas ainda não foram encontrados.

O suspeito tem vários vídeos na internet, intitula-se «rei Ghob» (rei dos gnomos, mas também como profeta), e aparece com jovens que acolheria em casa, a quem chama discípulos. Ao seu lado surgem jovens que acolhia em casa, a quem chamava discípulos. «Venho aqui dizer que estou preparado para o fim do mundo», diz num deles. Um dos contornos mais perturbadores deste caso é um conjunto de vídeos que o suspeito publicou na Internet

Em entrevista

Cátia Correia, a irmã da última vítima, garante que a família já conhecia o alegado homicida. Joana Correia costumava sair com ele. Quando a jovem desapareceu, a família reuniu todos os amigos em casa dos pais: o detido foi um deles.

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