Presidente da CPI em SP, o deputado não acredita que a castração química será um meio eficaz para solucionar o problema.
O deputado José Bruno (DEM-SP), que termina o mandato neste ano sem a intenção de se candidatar novamente, avaliou como satisfatório o trabalho realizado pela CPI da Pedofilia no Estado de São Paulo. Presidente da Comissão estadual, Zé Bruno acredita que a iniciativa de enfrentamento ao problema foi da Igreja. "Podemos dizer que o despertar foi da Igreja, porque o senador Magno Malta [presidente da CPI da Pedofilia em Brasília] é evangélico".
"O doutor Jeferson Dreze [do Hospital Pérola Byngton] falou, numa das reuniões da Comissão, sobre a tristeza de inúmeros casos em que meninas têm que fazer reconstituição vaginal. São órgãos genitais dilacerados. Como está o nosso sistema de saúde no Estado de SP também para atender esses casos? Como uma criança é atendida numa delegacia?", questionou José Bruno ao explicar o trabalho da CPI de levantamento das ferramentas que o governo possui a fim de que o relatório aponte necessidades de implementação pelo Estado.
Um dos evangélicos na luta contra a pedofilia, o deputado ressaltou ao Guia-me que o combate à violência sexual, previsto como crime com penas mais severas desde o ano passado, tem apoio de todos os parlamentares da Assembleia Legislativa, independente da crença.
"Eu só não tive assinatura unânime do pedido dos 94 deputados para a instalação da CPI porque num dia eu colhi quase 50 assinaturas, o que já deu o número regimental mínimo que eram 32", explicou.
Mesmo entendendo que a Igreja deva falar abertamente sobre o assunto, sob forma de prevenção, Zé Bruno não acredita que os líderes evangélicos tenham deixado de confrontar o mal durante os anos em que a pedofilia foi pouco debatida nas congregações. "A Igreja sempre pregou a justiça, a fuga do pecado e combater o que é desumano", observou.
Ao contrário da CPI presidida pelo senador Magno Malta (PR) em Brasília, a Comissão de São Paulo não possui um caráter investigativo, com foco na criminalização. Cabe a ela combater o abuso sexual infantil por meio de políticas de conscientização e de amparo às vítimas.
Castração Química
O presidente da CPI da Pedofilia em São Paulo ainda expressou sua opinião sobre a castração química como um possível meio de diminuição do problema.
"O crime da pedofilia não é só quem age, é quem filma, quem agencia, vende e facilita. Não é apenas a libido sexual que faz o crime da pedofilia, hoje há uma gama muito grande. Então não resolveria o caso", afirmou José Bruno que aproveitou para questionar: "Não temos condição de atender pessoas morrendo nas filas dos hospitais, agora eu vou dizer que o SUS vai dar o remédio para o pedófilo deixar de ter libido sexual?"
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