Mauro: aceito debater todos meus atos

Em meio ao caos formando entre governistas e oposicionistas, prefeito sustenta estar tranquilo sobre todas suas ações e convicto do que é certo


NOME: Mauro Mendes Ferreira
IDADE: 49 anos
NATURALIDADE: Anápolis - Goiás
ESTADO CIVIL: Casado 
THIAGO ANDRADE
Especial para o Diário

Pivô da disputa que se instaurou na Câmara de Cuiabá entre os vereadores da base governista e da oposição, o prefeito Mauro Mendes (PSB) garante estar absolutamente tranquilo em relação a todas as ações que adotou desde que assumiu o Palácio Alencastro e pronto para debatê-las com qualquer um.

Em entrevista ao Diário, o socialista disse considerar nunca ter brigado com ninguém e que jamais desejou algo do gênero. Se viu, no entanto, em meio ao “fogo cruzado” que se originou entre os parlamentares desde que foi proposta a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar supostas irregularidades – já descartadas pelo próprio Ministério Público do Estado – em uma licitação.

À reportagem, o prefeito ponderou acreditar que, com diálogo, situação e oposição encontrarão o melhor caminho e cobrou que a iniciativa parta dos 25 vereadores.

Quanto à sua postura à frente do Executivo municipal, Mendes pontuou ser firme em relação às medidas que acredita serem corretas e que não abrirá mão de nenhuma delas, especialmente, aquela sobre a impossibilidade de aumentar o repasse financeiro efetuado ao Legislativo.

Sem um vice-prefeito e tendo como seu substituto direto seu maior opositor, o presidente da Câmara, vereador João Emanuel (PSD), o socialista afirma viver uma situação “atípica” na política. Apesar disso, lembra que, ainda durante a campanha, já previa que comandar o município seria um grande desafio, fator que lhe agrada.

De um modo geral, sua auto-avaliação sobre os oito meses de mandato até agora é positiva. Um período, para ele, de conhecimento sobre o funcionamento da máquina e relações públicas e, ao mesmo tempo, de resultados concretos. “Graças a Deus, estou preparado para vencer”.

DIÁRIO - O pior da crise com a Câmara já passou?

MAURO MENDES – Como prefeito, eu fui eleito para administrar Cuiabá. Fui eleito para cuidar dos interesses de todos nós cuiabanos. Não podemos negar que existiram momentos que podem ser considerados como crise, mas durante todo esse período o meu grande foco foi continuar trabalhando por Cuiabá. Fui eleito para isso e estou focado nisso: nos grandes projetos, nas soluções para a cidade, nos pequenos detalhes.

Cuidando, como nessa semana fui à Lagoa Encantada, no CPA, para ver o problema do esgoto que continua caindo lá e não foi resolvido. Cuidar das reformas das escolas, do projeto Porto Cuiabá. Essa tem sido a dinâmica do nosso dia-a-dia, resolvendo os problemas da cidade, papel para o qual fui eleito. Os problemas existem, mas tenho certeza que o diálogo é capaz de encontrar o melhor caminho. A maior responsabilidade de encontrar esse caminho é dos nossos 25 vereadores, que fazem parte da nossa Casa de Leis.

DIÁRIO - Em algum momento o senhor pensou em recuar de algumas das suas posições neste embate com a Câmara? Chegou a avaliar que a cidade poderia perder com toda esta briga?

MENDES – Nunca desejei brigar com ninguém e considero que nunca briguei com ninguém. Sou firme em defender aquilo que eu acredito e fui claro ao dizer, através dos meus secretários, que a prefeitura de Cuiabá não tem condições de aumentar os repasses da Câmara e eu não abrirei mão dessa posição em momento algum.

DIÁRIO - O senhor reconhece como legítima uma oposição como a feita pelo presidente da Câmara, vereador João Emanuel (PSD)?

MENDES - Foi demonstrado por nós e reconhecido pelo Tribunal de Contas do Estado como inconstitucional, portanto, é impossível de ser feito nesse aumento. Contra fatos não há argumentos.

DIÁRIO - Defina o político João Emanuel em uma frase?

MENDES – Presidente da Câmara. Respeito isso. Foi eleito e respeito a democracia.

DIÁRIO - O fato de o deputado João Malheiros (PR) ter renunciado à vice-prefeitura tem peso na oposição ao senhor? Afinal, na prática, o vice é o presidente da Câmara.

MENDES – Certamente, isso cria uma situação atípica na política. Um prefeito que não tem um vice e que, ao mesmo tempo, tem o presidente da Câmara de oposição, que é o seu ‘vice’. Isso parece um pouco desconfortável. Mas vim aqui para trabalhar, para agir com honestidade. Vim para ajudar Cuiabá nos próximos quatro anos. Todos aqueles que estiverem alinhados com isso serão meus amigos e aliados. Todos que quiserem jogar contra Cuiabá serão meus adversários.

DIÁRIO - O senhor não quis o apoio do deputado estadual José Riva (PSD) durante a campanha para prefeito. Como João Emanuel é genro dele, o senhor enxerga “o dedo” de Riva em alguns atos do presidente da Câmara?

MENDES – Não tenho informação fidedigna para fazer essa afirmação. O deputado Riva é um deputado estadual que tem que cuidar de Mato Grosso. Câmara de Cuiabá cuida de Cuiabá. Assembleia Legislativa cuida de Mato Grosso.

DIÁRIO - De que forma o Alencastro tem atuado na briga entre base e oposição na Câmara?

MENDES - Respeitando a liberdade e a autonomia da Câmara, sem qualquer interferência direta.

DIÁRIO - Qual a avaliação que o senhor faz destes primeiros oito meses de mandato? Era o que o senhor esperava encontrar?

MENDES – Muito desafiador. Foi um período de conhecimento e, ao mesmo tempo, começamos a apresentar resultados, demandas concretas para a cidade. Cito o Programa Novos Caminhos, com 70 quilômetros de ruas asfaltadas, e os mais 120 médicos na saúde. Começamos também um programa forte de reforma das escolas municipais. Estamos construindo 22 novas creches e começamos a colocar ordem na casa.

Estamos fazendo um grande trabalho de cobrança dos devedores. Enfrentamos funcionários que não queriam trabalhar. Colocar ordem na casa tem sido uma das principais metas, dentro das principais ações que estamos desenvolvendo. O desafio é muito grande, mas sempre gostei de desafios. Tinha dito isso durante a campanha, não estava errado. Administrar Cuiabá será o maior desafio da minha vida.

Graças a Deus, estou preparado para vencer. Peço a ajuda de Deus, dos amigos, dos meus secretários, dos servidores e de todos os cidadãos de bem, porque essa não é tarefa de um homem só, mas de todos aqueles que querem bem a essa cidade e querem fazer dela um lugar para construir a sua vida, construir o seu futuro e de sua família.

DIÁRIO - No início da administração, o senhor falou muito da precariedade da saúde financeira da prefeitura. O discurso mudou. As contas melhoraram?

MENDES – As receitas públicas são limitadas. Administrar um município é morar ao lado de todos os problemas que afetam os cidadãos. É no município que as pessoas vivem. É ali que elas têm necessidade por saúde, educação, segurança, esporte, lazer. Ainda temos que coletar lixo, fazer obras, cuidar dos idosos, das crianças, enfim, enormes responsabilidades. Para isso, temos pouco mais de 14% ou 15% das receitas que ficam com o município. Nós temos muito desafio e a menor receita. Então, é preciso ter seriedade, foco e muita vontade para entregar resultado. É isso que esperamos fazer.

DIÁRIO - A “briga” entre a Câmara e a prefeitura não tem paralelo na história recente de Cuiabá. O senhor imaginou que a relação chegaria ao ponto que chegou?

MENDES – Estou muito tranquilo e tudo que tenho feito sou capaz de debater no jornal, na TV, no rádio ou em qualquer fórum que possamos criar. Estou defendendo Cuiabá e o interesse do povo cuiabano. Tenho certeza que estou ao lado da grande maioria do povo cuiabano, que quer o dinheiro público voltado ao interesse público e não ao de uma ou duas pessoas.

DIÁRIO - O senador Blairo Maggi (PR), ao que parece, não tem interesse de se candidatar ao governo em 2014. Como fica o cenário sem ele na disputa?

MENDES – Estamos muito longe de 2014. Tenho dito que não podemos acabar uma eleição e começar outra. Precisamos voltar as nossas energias, o nosso foco, aos grandes desafios que estão presentes no dia-a-dia da nossa cidade, do nosso Estado, do nosso Brasil.

Portanto, o cenário de 2014 nós vamos ter muito tempo para construí-lo e fazer as conjecturas de quem serão os futuros candidatos, mas eu já dizia, lá em 2012, que Pedro Taques (PDT) ou Blairo Maggi seriam, possivelmente, o nosso candidato e, com certeza, o próximo governador do Estado.

DIÁRIO - Com a desistência de Maggi, o grande favorito ao governo no ano que vem é o senador Pedro Taques. Ele é o seu candidato?

MENDES – Nunca fizemos uma discussão clara. Tenho pelo senador Pedro uma amizade pessoal, apreço político, confio na sua trajetória, na sua história e tenho certeza que ele é um grande nome no cenário político brasileiro. Se for candidato, terá grandes chances de ser o próximo governador do nosso Estado.

DIÁRIO - O senhor acredita que o governador Eduardo Campos será candidato a presidente pelo PSB?

MENDES – Gostaria muito, porque o conheci um pouco mais de perto. O governador Eduardo Campos é hoje o presidente nacional do nosso partido, é o governador com a melhor avaliação. Demonstrou competência, tem experiência, apresentou resultados ao seu Estado. Tenho certeza que o Brasil precisa de uma mudança no cenário político.

DIÁRIO - O melhor é um acordo com o PSDB de Aécio Neves ou uma candidatura como terceira via, sem ligação com PT e o PSDB?

MENDES – O melhor acordo é com o povo brasileiro. O melhor acordo é com as mudanças que as ruas estão pedindo. Quem tiver a capacidade de interpretar isso, vai sair na frente. 

http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=438234

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