O tema da pedofilia voltou à cena, nos últimos dias, em dois fatos que correram o planeta: a morte de uma menina de oito anos no Iêmen, vítima de uma hemorragia provocada durante o sexo com seu marido de quarenta anos e a declaração do biólogo e ateu militante Richard Dawkins, afirmando que uma “leve pedofilia” não faz mal a ninguém.
No primeiro caso, Rawan foi vendida pelos seus pais ao marido e morreu de hemorragia durante a “noite da penetração”. Segundo a agência Zenit, “um relatório da Human Rights Watch de dezembro de 2011 diz que na terra da rainha de Sabá, 14% das meninas são dadas em casamento antes dos 15 anos, enquanto que o 52% antes dos 18”. Ainda que os costumes variem de região para região, o casamento de crianças com homens mais velhos é algo bastante comum no mundo islâmico e a legislação de vários países, como a do Iêmen, protege tais costumes. Estes costumes estão arraigados no islamismo, ou antes, na cultura árabe pré-islâmica. O fundador do Islã, Maomé, casou-se com Aisha quando esta tinha seis anos de idade e o casamento foi consumado aos nove. Portanto, se era um costume pré-islâmico, a religião maometana nada fez para eliminá-lo. Na trilogia escrita por Jean P. Sasson, que tomou o depoimento anônimo de uma princesa da família Al-Saud que governa a Arábia Saudita, é relatado como muitos árabes ricos compram meninas de famílias pobres para transar com elas e descartá-las depois.
Mas não é só no mundo islâmico que o casamento de crianças é comum. Na Índia, apesar de proibido pela constituição do país, a prática tradicional continua bastante frequente. Famílias obrigam meninas que ainda não atingiram a puberdade a se casarem com homens muito mais velhos. Em muitas regiões da África subsaariana, a situação também pouco mudou. Crianças meninas são entregues a homens adultos.
No segundo caso, o renomado ateu militante Richard Dawkins declarou em entrevista para à revistaTimes, ao contar um caso ocorrido em sua infância, quando um professor colocou-o no colo e enfiou a mão por dentro de seu short: “Estou muito consciente de que não se pode condenar as pessoas de uma época passada pelos padrões da nossa. Assim como nós não podemos olhar para os séculos 18 e 19 e condenar as pessoas por racismo, da mesma forma como condenar uma pessoa por racismo nos dias de hoje. Eu olho para as décadas da minha infância e vejo o que aconteceu como leve pedofilia, e não posso condená-lo pelos mesmos padrões que eu, ou qualquer um, teria hoje". Este é o terrível efeito do relativismo moral levado ao extremo pelo ateísmo militante para poder se opor à moralidade de cunho religioso, sobretudo cristã. A ideia de que a moral muda conforme as culturas e a época leva a aceitação de atos abjetos como a pedofilia ou qualquer tipo de parafilia e práticas sexuais.
Neste ano, a Justiça da Holanda reconheceu o Partido da Caridade, da Liberdade e da Diversidade, que defende publicamente a pedofilia, alegando que, desde que consensual, não há problema algum na prática sexual de “menores” com adultos. A sociedade atual tende à aceitação da pedofilia. O pedófilo é um revolucionário desde o Marquês de Sade. Durante todo o século passado, com o advento da psicanálise freudiana e a revolução sexual, há defensores do direito do prazer sexual das crianças. Lembremos que o pai da sexologia, o norte-americano Alfred Kinsey, realizou inúmeras “experiências” das mais variadas práticas sexuais, inclusive com crianças, apesar de ele alegar que não as praticou, mas colheu informações durante o depoimento de um pedófilo.
Tudo isto é fruto do processo de descristianização do Ocidente. Foi na Civilização Ocidental, construída pela Igreja Católica, que a prática da pedofilia foi condenada. Já nos tempos bárbaros, a Igreja proibiu o casamento de crianças. Foi a Igreja que promoveu a proteção das crianças – assim como das mulheres – proclamando sua inviolável dignidade. Como é perceptível, a pedofilia é um costume em algumas civilizações, um aspecto cultural, que não choca. Há vozes dissidentes nestes países, como na Índia e em países muçulmanos, mas é inegável que consideram a pedofilia chocante porque foram influenciados pelo senso moral do Ocidente. Com o afã de opor toda e qualquer prática sexual à moral católica relativa ao sexo, admiti-se qualquer perversão. Porém, pergunta-se, se a Igreja Católica foi quem baniu a pedofilia, como se explica os casos de padres pedófilos? Pois bem. A pedofilia praticada por um padre é um dos piores crimes e pecados que se possa cometer. É pior do que a pedofilia praticada por qualquer outra pessoa que não tenha recebido as ordens sacras. É pelos sacerdotes que Cristo age na Igreja. É na pessoa de Cristo que os sacerdotes administram os sacramentos. Portanto, o padre deve encarnar o Cristo, e quando praticam monstruosidades como estas, além de um pecado sexual, praticam um sacrilégio. Devem ser punidos com rigor. Mas, os padres são homens de seu tempo. Sempre foi assim. Os pedófilos entraram na Igreja num período de grandes mudanças de comportamento. Além de distúrbios que possam ter, estes homens foram influenciados por uma sociedade moralmente libertina e, inclusive, por certas doutrinas morais que contaminaram o próprio ensino nos seminários, que pregavam uma visão liberal da sexualidade. A esmagadora maioria destes padres foi ordenada nas décadas de 1960 e 1970. O período é sintomático. Todavia, graças a Deus, os casos são relativamente poucos se comparados à totalidade dos sacerdotes.
É injusto, portanto, querer por na conta da Igreja Católica os casos ou causas da pedofilia, como se sua moral, disciplina e o celibato favorecessem o aparecimento do pedófilo. Pelo contrário. É a Igreja Católica que condenou a prática sexual com crianças. Foi a Igreja Católica que baniu a pedofilia – mesmo a legal através do casamento – do Ocidente. Se os casos de pedofilia são cada vez mais alarmantes em nossa sociedade é porque esta se afasta a passos largos dos ensinamentos da Igreja.
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