Falta diálogo por incapacidade de se conversar politicamente, diz Onofre sobre briga entre Mendes e Emanuel


Jornalista Onofre Ribeiro fala ao Isso é Notícia sobre embates políticos das duas últimas décadas


DA REDAÇÃO
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Para o jornalista Onofre Ribeiro, tanto o prefeito Mauro Mendes, quanto o vereador João Emanuel ainda não construiram uma imagem definitiva de suas carreiras na política
O jornalista Onofre Ribeiro, mineiro de 69 anos, desde que se mudou para Cuiabá, em 1976, acompanhou de perto os embates políticos da capital mato-grossense. Estava presente, por exemplo, quando no ano de 1994 o já falecido Coronel José Meirelles assumiu a prefeitura, após Dante de Oliveira deixar o cargo para se tornar governador. Meirelles teve um duro confronto com o então presidente da Câmara, Carlos Brito. Agora, em 2013, Onofre acompanha a rixa entre o prefeito Mauro Mendes (PSB) e o vereador João Emanuel (PSD).

Porém, para o jornalista, não é possível fazer um paralelo entre ambos os embates. “Em 1994 o debate era de eficiência entre a gestão de Meirelles e a curta duração da gestão de 30 dias de Carlos Brito como prefeito substituto. Depois disso, a prefeitura deixou de repassar os duodécimos da Câmara de Vereadores, fato que Brito interpretou como sendo retaliação do prefeito por sua gestão bem avaliada. Mas virou uma briga jurídica também, ainda que por liberação de duodécimos. Agora, podemos dizer que é por aumento do valor dos duodécimos”.

“Na época acompanhei de perto o embate [entre Meirelles e Brito]. O prefeito Meirelles era o vice de Dante de Oliveira que se elegeu governador para o mandato de 1995/1998. Meirelles era voltado para as questões sociais e acreditava que podia compartilhar a sua gestão com as lideranças comunitárias numa proposta de fazer inclusão da pobreza. Mas enfrentou um movimento comunitário ineficiente e corrupto que só lhe trouxe dores de cabeça e a reprovação de sua gestão. Contudo, a sociedade não o condenou porque era reconhecidamente um homem de bem”, lembra.

À época, Meirelles pensou em renunciar ao cargo, devido à grande pressão, mas foi impedido por sua esposa. Desta vez, tanto Mendes, quanto Emanuel, aparentam não estar dispostos a recuar de seus posicionamentos.

“São duas novas lideranças políticas de Cuiabá e estavam, inicialmente, demarcando os seus territórios políticos. Mas na essência, estamos falando de falta de diálogo por incapacidade mútua de se conversar politicamente”, acredita Onofre.

Para Onofre, desde a renovação da Câmara, após as eleições de 2012, surgiram arestas internas entre as bancadas de oposição e de situação e, também, entre João Emanuel, enquanto estava na presidência da Mesa Diretora, com vereadores de ambas as bancadas.

“Este tipo de aresta demora muito para cicatrizar e costuma rachar a confiança. Por outro lado, a imagem de ‘Casa dos Horrores’ que a Câmara costurou diante da sociedade, e estava sendo diluída, voltou à mídia e esta legislatura terá que lutar muito para recuperar-se diante da opinião pública”, opina.

O jornalista acredita que da disputa entre Mendes e Emanuel, quem ficará melhor na foto, perante a sociedade cuiabana, será o prefeito, pois, segundo ele, Mendes toca obras que aparecem aos olhos dos cidadãos. “Já o vereador está brigando por aumento de duodécimo da Câmara que a sociedade não respeita como sua representante. Mas há tempo para ambos construírem uma imagem definitiva além desse confronto inicial da gestão de ambos”.

“É absolutamente normal a existência de divergências, mas elas se resolvem no campo das conversas diretas ou conduzidas por interlocutores da confiança de ambos, restando-lhes o fechamento de propostas dessa diplomacia. Em geral líderes políticos não conduzem negociações iniciais. Orientam interlocutores e decidem ao final, poupando desgastes”, diz.

Onofre acredita que o embate entre Mendes e Emanuel não deva durar muito. Para o articulista, Mauro será candidato à reeleição e Emanuel será candidato a deputado estadual com o apoio do deputado José Riva (PSD), de quem é genro.

Mendes x Emanuel 
A disputa entre Executivo e Legislativo se acirrou no último dia 20 de agosto, quando o vereador Toninho de Souza (PSD) conseguiu emplacar, com nove assinaturas, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a denúncia feita peloIsso É Notícia sobre direcionamento no processo licitatório para locação de maquinários pesados pela Prefeitura de Cuiabá.

A abertura da CPI dos Maquinários provocou a reação da base aliada do prefeito, que apresentou requerimento exigindo a criação de outras três CPIs que buscavam atingir diretamente o presidente do Legislativo. As investigações se pautariam pela LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), Grilagem de Terras e todo o período em que João Emanuel foi secretário da Agência de Habitação nos mandatos dos ex-prefeitos Wilson Santos (PSDB) e Chico Galindo (PTB).

No dia 29 de agosto, o líder do governo na Câmara, Leonardo de Oliveira (PTB), pediu o afastamento de Emanuel por quebra de decoro parlamentar e prevaricação.

O parlamentar rejeitou o pedido de afastamento e colocou em votação a cassação de seu mandato, o que o manteve no cargo. Porém, no mesmo dia, a base de Mendes retomou a sessão e determinou o afastamento do social-democrata.

A briga foi parar na justiça e, na última quinta-feira (05), o desembargador José Zuquim Nogueira decidiu por manter Emanuel afastado da Mesa Diretora alegando que, acaso fosse mantido no cargo de Presidente, poderia tumultuar as investigações das CPI’s em andamento.

Histórico

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Para o jornalista Onofre Ribeiro, a gestão Dante de Oliveira, como prefeito, mexeu nas bases urbanísticas da capital
Na história de Cuiabá, não existem apenas esses dois confrontos entre poderes.

Em 1995 houve uma enorme guerra entre o Judiciário e o então governador Dante de Oliveira, por conta de atrasos no repasse dos duodécimos.

Anteriormente, nos governos Júlio Campos (1983/86), Carlos Bezerra (1987/1988) e Jaime Campos (1988/1994) houve embates entre os poderes Executivo e Judiciário tanto por aumentos de duodécimo, quanto por atrasos.

Bons e maus gestores 
Para o jornalista Onofre Ribeiro, a gestão Dante de Oliveira, como prefeito, mexeu nas bases urbanísticas da capital, que até então era uma cidade com pouco planejamento urbano e sem vistas para o futuro.

Porém, ele acredita que quem merece destaque é Rodrigues Palma, prefeito da capital entre os anos de 1975 e 1982.

“Ele abriu, largamente, a infraestrutura da cidade que começava a receber migrantes vindos para a ocupação da Amazônia, e paravam em Cuiabá. Teve, especialmente, visão do futuro e realizou um leque de obras estruturais que, ainda hoje, marcam a capital”, conta.

Já entre os maus gestores, o jornalista destaca Wilson Santos. “Ele poderia ter sido um marco na gestão de Cuiabá, pelo seu preparo político, por sua carreira bem estruturada e pelo momento em que viveu. Mas perdeu-se, infelizmente, em questões menores e desperdiçou a sua grande história”.

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