Com futuro incerto, feirantes do Verdão apelam para Brasília


Mais de 200 permissionários querem construção de novo terminal atacadista

MidiaNews
Pedro Alves/MidiaNews
Clique para ampliar 
Terminal Atacadista: falta de movimento gerou prejuízos aos feirantes
LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Os 204 feirantes do Centro Atacadista de Cuiabá, no bairro Verdão, denunciaram ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em Brasília, o que chamam de “descaso” do Governo do Estado e da Prefeitura de Cuiabá, na construção do novo espaço que deverá servir como sede dos produtores, no Distrito Industrial, na BR-364.

Os permissionários, que já amargam prejuízos nas vendas devido às obras da Copa do Mundo, reclamam da lentidão como o caso é tratado pelos governantes, que necessitam da desocupação da área hoje utilizada pelos feirantes para a construção de um estacionamento, com vistas ao Mundial de 2014.

Ao MidiaNews, o presidente da Associação dos Permissionários do Terminal Atacadista (Apetac), Luciano Souza, afirmou que protocolou a denúncia na ouvidoria no último dia 26 para que pressionem o prefeito Mauro Mendes (PSB) e o governador Silval Barbosa (PMDB) a definirem o futuro dos feirantes.

"Os atacadistas aceitam mudar de local assim que a nova estrutura esteja pronta e satisfaça os nossos anseios. Do jeito que está lá, um barracão velho, caindo aos pedaços, a gente não quer."
“Estamos esperando eles entrarem em contato com a Seder (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural) para que vejam que nós não estamos parados e tomem uma decisão. O nosso momento hoje é de total insegurança”, disse.

Apesar de já terem um destino certo – a área da antiga Companhia de Armazéns e Silos (Casemat), no Distrito Industrial –, os feirantes reclamam que o local não possui estrutura alguma, se resumindo a um barracão simples.

O projeto para o local, que inicialmente estava orçado em aproximadamente R$ 20 milhões, hoje custaria cerca de R$ 10 milhões para ser executados, segundo Souza, mas estaria aguardando aprovação da prefeitura.

“Os atacadistas aceitam mudar de local assim que a nova estrutura esteja pronta e satisfaça os nossos anseios. Do jeito que está lá, um barracão velho, caindo aos pedaços, a gente não quer. Eles querem pegar do jeito que está, jogar uma mão de tinta e dar o espaço para a gente trabalhar”, reclamou.

De acordo com Souza, o Município já teria promovido outras alterações no projeto que já havia sido aprovado pelos atacadistas.

“A prefeitura quer empurrar ‘goela abaixo’ um projeto que não for discutido com os atacadistas. O projeto mais enxuto, de R$ 10 milhões, está nas mãos do prefeito. Se ele não aprovar, não vamos aceitar mudanças. Ele tem que correr atrás dos recursos e fazer a obra”, disse.

Souza reclamou ainda que o secretário municipal de Trabalho e Desenvolvimento Econômico, Elias de Andrade, e o prefeito de Cuiabá não teriam se interessado em visitar o Terminal Atacadista para “conhecer a realidade” dos permissionários.

“Nesses oito meses de mandato do Mauro Mendes, o secretário Elias Andrade não foi ao terminal para entender como o abastecimento de hortifrutigranjeiro de Cuiabá funciona. A responsabilidade da construção está nas mãos de uma pessoa que não tem técnica ou interesse nenhum”, disparou.

Souza afirmou que os trabalhadores irão resistir à ação de retirada, caso não seja construído um novo terminal atacadista, conforme foi prometido pelo Município em 2009, quando do início das discussões a respeito da transferência dos feirantes.

Pedro Alves/MidiaNews
Luciano Souza: "Vamos resistir, caso nos peçam para sair"
“Vamos resistir caso peçam para sair, vamos mostrar para todo mundo o que está acontecendo com o povo cuiabano, que vai ficar desabastecido dos produtos hortifrutigranjeiros. Nós vamos resistir, levar tiro, bala, entrar com recurso, buscar ajuda em Brasília, fazer qualquer coisa”, disse.

Souza destacou que a população é quem mais sofrerá com a inexistência do terminal, uma vez que ficará dependente de supermercados que, por sua vez, terão de mudar toda a logística de abastecimento e, consequentemente, precisariam aumentar os preços dos produtos hortifrutigranjeiros.

“Porque onde o produto é barato é aqui, porque nós produzimos e vendemos aqui, o custo é menor, não incide imposto. Mas se a gente ficar sem lugar para trabalhar, vai desabastecer toda a cidade, porque não vão conseguir disponibilizar produto para todo mundo. Sem contar que vão subir demais o preço”, disse.

Funcionamento e prejuízos


Os permissionários ocupam a área pública do Verdão há 19 anos.

O local funciona como o principal centro de distribuição do segmento hortifrutigranjeiro da Capital, com 10 mil m² de área de venda e 204 empresas, que geram 1,3 mil empregos diretos e cinco mil empregos indiretos na Baixada Cuiabana.

O segmento é responsável pelo abastecimento de frutas e verduras de todos os supermercados e feiras livres da Grande Cuiabá e da maioria dos comércios dos demais municípios do Estado. Atualmente, o setor comercializada a produção de mais de dois mil pequenos produtores.

Pedro Alves/MidiaNews
Falta de água é um dos problemas enfrentados pelos permissionários
Segundo Souza, os prejuízos se acumulam no local desde que a mudança foi anunciada e as obras de mobilidade da Copa iniciadas.

Ele afirma que, além dos investimentos estarem comprometidos no local há dois anos, sem possibilidade de ampliação ou crescimento das empresas, as vendas – que até então giravam em 400 toneladas por dia – caíram em 50%, uma vez que o acesso ao terminal se tornou mais difícil quando do início da construção da Trincheira do Verdão.

“Hoje não comercializamos nem 200 toneladas por dia. E são produtos perecíveis, o prejuízo já está instalado. Tem empresa que não está conseguindo suportar mais”, disse.

Souza ressaltou que, quando do início da obra da trincheira, o terminal perdeu 50 vagas de estacionamento e o fluxo no local ficou comprometido.

“Eles quebraram duas ruas que faziam o fluxo dos caminhões. Hoje, os caminhões não conseguem entrar e, quando entram, não conseguem sair. Está um caos instalado aqui. Agora eles tem hora para entrar e para sair. Tivemos que estipular isso para tentar organizar o trânsito”, explicou.

Desde então, a falta de água também é constante no local e os permissionários estariam fazendo entregas dos produtos aos restaurantes e mercados, a fim de que os clientes não precisem mais se deslocar até o Verdão.

“Para sobreviver estamos fazendo do jeito que pode. Água não existe mais aqui, dependemos de caminhão pipa para abastecer as empresas todos os dias”, disse.

A obra


O local onde hoje estão instalados os feirantes do Verdão deverá ser transformado, em breve, em um estacionamento com 500 vagas, que dará suporte às delegações dos times e equipes da Federação Internacional de Futebol (Fifa) durante a realização dos jogos da Copa em 2014, na Capital.

A Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) já firmou contrato, no último dia 16, com a empresa que será responsável pela execução da obra, PPO Pavimentação e Obras Ltda, no valor de R$ 3,18 milhões.

O prazo para execução da obra é de 240 dias a partir da emissão da ordem de serviço, que poderá ser feita a qualquer momento.
GALERIA DE FOTOS

0 Comments:

Postar um comentário

Para o Portal Todos Contra a Pedofilia MT não sair do ar, ativista conclama a classe política de MT
Falta de Parceiros:Falsos militantes contra abuso sexual e pedofilia sumiram, diz Ativista
contato: movimentocontrapedofiliamt@gmail.com