Percepções dos brasileiros sobre a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes


A publicação Homens, Mulheres e a Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes em Quatro Cidades do Brasil – resultados de um estudo qualitativo e quantitativo chama atenção para a necessidade de capacitar profissionais da saúde, da educação e do sistema de garantia de direitos para lidar com a complexidade desse tipo de violação dos direitos de crianças e adolescentes. Realizada pelo Instituto Promundo, com o apoio da OAK Foundation, entre 2009 e 2010, a pesquisa procurou mapear as percepções, atitudes e práticas de adultos homens e mulheres sobre temas como violência sexual, abuso sexual e exploração sexual.
De acordo com os resultados da pesquisa, homens do Rio de Janeiro e mulheres de Natal (RN) são praticamente unânimes quanto ao que diz respeito à proibição do sexo comercial com crianças e adolescentes com menos de 18 anos de idade. Ambos os grupos concordam, também, que os homens que cometem tais abusos devem ser penalizados. Homens e mulheres de Florianópolis (SC), Itaperuna (RJ), Natal (RN) e Rio de Janeiro (RJ) consultados pela pesquisa condenam o sexo comercial com adolescentes entre 12 e 14 anos e caracterizam os abusadores por meio de expressões como “animal”, “louco” e “doente”.
Entre os 602 homens entrevistados no Rio de Janeiro, 14% admitiram já ter mantido relações sexuais com menores de 18 anos. O número dobra em relação aos homens que afirmaram ter amigos que já se envolveram com adolescentes. Os entrevistados afirmaram, ainda, que sentem-se pressionados pelos amigos para recorrer à exploração sexual de adolescentes.
Fora de tal faixa etária, no entanto, a prática é considerada pelos entrevistados como “prostituição adolescente”, responsabilizando a vítima pela exploração sexual comercial. No Rio de Janeiro, 41% dos homens entre 24 e 59 anos e 46% das mulheres entre 18 e 59 anos concordam com tal visão. No que diz respeito aos adolescentes sexualmente explorados do sexo masculino, os pesquisadores observaram maior intolerância e maior tendência de culpar a vítima. “O peso da culpabilização em relação a esta prática recai sobre os meninos e não sobre o governo ou os operadores – indicando uma clara diferença entre a percepção de meninas enquanto vítimas e meninos com capacidade de decisão sobre a sua participação em sexo comercial”, afirma a publicação.
Com informações da ANDI.
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