Os crimes de violência sexual deixou as noites escuras das ruas do Distrito Federal e ganhou o conforto das residências. Foi o que identificou o mapeamento inédito realizado pela Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP/DF). O estudo publicado nesta semana sobre ocorrências de estupro, identificadas no mês de fevereiro, apontou que 80% dos casos aconteceram no seio familiar, por pessoas próximas às vítimas.
Desmentindo o que se acreditava, o maior número de abuso não aconteceu em vias públicas e à noite, mas, sim, nos fins de semana – sábado e domingo, com 23,4% dos casos, cada dia – pelo período matutino. "Geralmente, as pessoas sofrem o abuso à noite, mas só registram a ocorrência nas manhãs do dia seguinte", analisa o secretário-adjunto de segurança Pública, Coronel Jooziel de Melo Freire.
As mulheres permanecem sendo as principais vítimas, com 86,8% dos casos registrados no mês. Já os menores de idade, com idade entre zero e 17 anos, lideram o número de abusados com quase 77% dos casos. "Vamos usar esses dados para criar políticas públicas de combate a esse crime hediondo. Temos a nosso favor o aumento de mulheres que denunciam e a integração das forças de segurança com a população", analisa a secretária da Mulher, Olgamir Amância.
Ela ainda explica que a violência sexual, segundo a Lei Maria da Penha, é entendida como qualquer conduta que a constranja a mulher a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada. "Inclusive, uma sondagem realizada pela Secretaria da Mulher no ano de 2012 apontou que a maior parte dos homens só reconhece as violências física e sexual como crimes previstos na Lei nº 11.340, o que reforça a condição de que as mulheres estão relacionadas ao ‘físico’ e ao ‘sexual’", acredita a secretária Olgamir.
Segundo a psicóloga e professora da Universidade Católica de Brasília (UCB), Flávia Timm, o assunto é polêmico, traumático e conflituoso e requer um processo terapêutico bem estruturado. "As pessoas não podem ter medo de denunciar. Hoje, as leis estão a favor de quem denuncia", comenta a professora, que completa dizendo que um bom acompanhamento psicológico é essencial para a vítima. "Quando o abuso acontece no seio familiar ele se torna mais difícil de ser superado".
Com informações do Jornal Alô