Os dados são de vítimas, do número de atendimentos. Nem Prefeitura, nem Governo Federal têm um levantamento ou uma pesquisa sobre quantas mulheres se encontram em situação de vulnerabilidade. Vítimas possíveis de exploração e abuso sexual. Mas, nas ruas de Fortaleza, durante a Copa das Confederações, a falta de números ganha rostos e um
mercado movimentado.
mercado movimentado.
Bruna (nome fictício), 30 anos, circula pelas barracas da Beira Mar em busca de estrangeiros: “O esquema é gringo. E aqui na Beira Mar tem muito estrangeiro. Tem brasileiro também, mas o forte são os estrangeiros.” A área de atuação, segundo a garota, determina o valor do programa. “Na Beira Mar, não se cobra menos de R$ 200”, informa.
Um pouco mais adiante, na avenida Abolição, a mulher parada na esquina apresenta outro preço: R$ 100. O local é mais exposto. Normalmente, dominado por algum cafetão, mas nem por isso deixa de ser concorrido.
A moça da esquina, que não quis se identificar, disse que saiu da “(avenida) Bezerra de Menezes porque lá é muito fraco. Não tem tanto movimento”. Questionada se o preço aumentou com a chegada dos jogos - antes era R$ 70 -, ela desconversa, ri e pede para não ser filmada. “Minha mãe não sabe que faço isso.”
Bruna não tem essa preocupação. Já fez programa até na Europa. Atualmente, namora um italiano e ele sabe que a companheira se prostitui. A brasileira conta que a crise econômica afetou o trabalho de quem faz programa no velho continente. E dá conta de amigas que estão deixando os tradicionais redutos de festas europeus, em pleno verão, como Ibiza, na Espanha, para voltar para o Brasil. “Elas voltaram por causa dos jogos. Acham que vale a pena investir.”
Mesmo que os “gringos” ainda sejam o alvo principal, não são mais os italianos e espanhóis o forte do mercado. São os coreanos que se transformaram em objeto de desejo atual. “Eles pagam muito, além de serem educados. Tratam a gente bem.”
Aumenta demanda
Bruna diz que a Copa das Confederações atraiu mais garotas para prostituição, mas é durante o Mundial do ano que vem que “vai ter muita menina vindo pra cá”.
Em uma mesa ali perto, um grupo de mulheres que fazem programa reclamava das meninas que “vieram de fora atrapalhar o nosso trabalho”, explicitando a disputa pelo espaço.
Experiente, Bruna explica que os homens que buscam companhia não querem só sexo. “Quando a gente fala um outro idioma, ganha mais. Eles querem alguém pra conversar. Contar as coisas. A gente tem que ler, saber o que tá acontecendo no mundo”. (colaborou Igor de Melo)