A pedofilofobia (fobia, do grego antigo Φόϐος, 'pânico') é a hostilidade, explícita ou implícita, para indivíduos cujas preferências amorosas ou sexuais são dirigidas para crianças ou, num senso amplo, para adolescentes. Essa hostilidade seria originada pelo temor, o ódio, a aversão ou ainda a desaprobação intelectual intolerante para a pedofilia.1 A pedofilofobia engloba pois os preconceitos sobre a pedofilia e as discriminações (emprego, alojamento, serviços) para os pedófilos. Ela pode ir até a morte ou, com mais freqüência, à condenação a morte social ou institucionalizada.
Origens e causas [editar]
A pedofilofobia pode ter diferentes origens: posições religiosas, antropológicas ou ideológicas (fascismo, conservadurismo), desequilíbrios mentais ou desejos pedofílicos reprimidos. Bem como a homofobia, a xenofobia, oracismo ou o antisemitismo, a pedofilofobia parece responder a uma necessidade social de personificar o mal naqueles indivíduos ou colectivos considerados como o adversário, o inferior ou o anormal.
O psiquiatra austríaco Wilhelm Reich, aluno de Freud, que tentou compatibilizar a psicanálise com a análisemarxista, atribuía a repressão da sexualidade infantil e a conseqüente repressão da sexualidade adulta a uma imposição moral milenar que seria manifestada no sistema capitalista através da família burguesa e patriarcal, a qual atuaria como representante e reprodutora da repressão política do estado. Utilizando a religião como dispositivo, a família conservadora realizaria a função de preservar o modelo familiar existente através da perpetuação de instituições como o matrimônio indissolúvel e de princípios morais como a fidelidade conjugal.2 Em obras como Massenpsychologie des Faschismus3 [Psicologia de massas do fascismo] (1933) Reich sustentava que a repressão da sexualidade infantil produz indivíduos acovardados diante da vida e temerosos da autoridade, o que favorece a perpetuação de dirigentes que impõem a sua vontade às massas.
No seu ensaio L'Enfant au masculin (1980), o escritor francês Tony Duvert analisa e denuncia o que ele considera a perpetuação duma dominação sobre homossexuais, pedófilos e crianças que não é nem de classe nem sexual, mas sim moral e de "cultura sexual": a "heterocracia",4 um autoritarismo que seria exercido tanto por heterossexuais masculinos quanto femininos, pais e mães, conservadores e progressistas.
Ver também [editar]
Referências
- ↑ Neologismi ?” Pedofilofobia” (em italiano). Il Mattino, 2009-12-22.
- ↑ Reich, Wilhelm. Der Einbruch der sexuellen Zwangsmoral (em alemão). Colónia: Kiepenheuer und Witsch, 1995. ISBN 978-3-462-02471-5.
- ↑ Reich, Wilhelm. Massenpsychologie des Faschismus (em alemão). Colónia: Anaconda Verlag, 2011. ISBN 3866476663.
- ↑ Sebhan, Gilles. Tony Duvert, l'enfant silencieux (em francês). París: Denoël, 2010, p. 105-6.