Manifestantes em frente ao lado do Liceu Cuiabano
Quando o jogo entre Brasil e México acabou já havia cerca de 400 pessoas reunidas na Praça Alencastro, em frente a Prefeitura de Cuiabá, confeccionando cartazes, pintando os rostos, se preparando para levar a as ruas cuiabanas o mesmo grito que já ecoa em várias outras partes do país. Poucos apostariam que a passeata de protesto acabaria com mais 4,1 mil pessoas.
Aquele ali eram na maioria estudantes do Ensino Médio, na faixa dos 15 aos 17 anos. A maioria nem havia nascido na época do “Fora Collor” com os “Caras Pintadas”, só estudaram na escola. Nunca viram antes uma onda de protestos em nível nacional.
Agora eles também queriam gritar, cobrar um transporte público de qualidade, a mesma pauta reivindicatória que deu origem ao movimento, lá em São Paulo, passou para o Rio de Janeiro, chegou a Porto Alegre, para só depois ampliar ao combate a corrupção e tantas outras reivindicações.
Manifestação em caminhada da Copa chama a atenção e divide opiniões; veja fotos
Caminhada reúne 14 mil pessoas na capital; manifestantes protestaram contra corrupção (imagens)
Com um pouco mais de 700 pessoas, já havia um carro de som ligado e alguns representantes de entidades do movimento estudantil começaram a gritar palavras e ordem e chamar os estudantes para começar a manifestação. A ideia inicial era fazer uma caminhada pela Avenida Getúlio Vargas, passar pela São Sebastião, Isac Póvoas e então seguir rumo a Câmara de Vereadores.
Foto: Stefanie Medeiros
Sob a batuta de um trio elétrico, no qual era entoadas mais palavras de ordem, e liderados por uma linha de frente com uma faixa que pedia o cumprimento integral da Lei Municipal do Passe Livre. Segundo os estudantes, o passe deveria ser gratuito ao estudante em qualquer hora do dia que a instituição do ensino informar atividades. Eles também pedem a inclusão dos pós-graduandos ao beneficio da passagem livre.
Após o alarde feito pela imprensa de que a Polícia Militar estaria autorizada a utilizar armas não-letais e deslocariam soldados do Batalhão de Operações Especiais (Bope), informação confirmada pelo próprio comandante do Bope, a atuação da PM foi bem diferente. Apenas poucos policiais presentes, contando com o apoio dos agentes de trânsito da prefeitura, realizaram a segurança, formando um cordão a frente e outro atrás da manifestação.
A caminhada, o apoio popular e o crescimento da massa
Enquanto seguiam a Avenida Getúlio Vargas, os estudantes chamavam as pessoas que passam pelo local para se juntar a manifestação. Em frente ao prédio do INSS o movimento ficou parado por alguns minutos, gritando “Vem para rua você também”, o convite oficial ao protesto.
Depois houveram outras paradas. Uma de pelo menos 10 minutos em frente ao colégio Liceu Cuiabano. Então o movimento saiu da Getúlio Vargas, seguiu um curto trecho da São Sebastião e chegou a Isac Póvoas. Nesse momento era nítido o crescimento da massa. Ninguém sabia dizer ao certo quantos aderiram ao movimento. Alguns policiais diziam ser menos de mil ainda, mas outros garantiam já ter quase duas mil pessoas ali. O movimento ganhava corpo e as luzes, os gritos, os cartazes e as caras pintadas se multiplicavam sem ninguém ver como.
No começo do trajeto da Isac Póvoas o grupo começou cantar o hino nacional. Quase a uma só voz, o grupo, já multiplicado várias vezes o número inicial, faziam os brasileiros expectadores arrepiarem. A população tirava fotos, filmava a manifestação, gritava em apoio. Alguns se juntaram.
Foto: Stefanie Medeiros
Continuando a caminhada, com o grupo cada vez mais empolgado pelo aumento da massa, um pequeno revés: A pedido da Polícia Militar, por questões de segurança, precisaram mudar o trajeto do movimento. Ao invés de levar os gritos com pedidos de redução da tarifa de ônibus e muitas críticas ao prefeito Mauro Mendes (PSB), voltariam até a Praça Alencastro, no ponto onde começaram.
Continuando o caminho em direção a Avenida da Prainha, os manifestantes receberam ainda mais demonstração de apoio da população. Cruzando a rua Comandante Costa, um buzinaço dos carros e motos que precisavam esperar a manifestação passar. Quando questionados se estavam contra os protestos, respondiam unânimes: “Não, eles estão certos! Tem que protestar mesmo! Eu apoio”.
E quando chegaram a Prainha um surpresa: Um grupo grande de manifestantes faziam a caminhada em sentido contrário e se uniram ao movimento principal. A massa agora tinha um tamanho estimado de 4,5 mil pessoas segundo a Polícia Militar. E além disso, mais buzinaço em apoio, mais pessoas saindo às janelas ou indo para as ruas se juntar ao movimento.
Foto: Stefanie Medeiros
De volta a Praça Alencastro
Novamente na Praça Alencastro, após caminhar um pouco pela Prainha e voltar a Getúlio Vargas, os manifestantes se aglomeraram mais uma vez para ouvir as “considerações” finais de alguns dos representantes de juventudes partidários e movimentos estudantis presentes no ato. Ali eles repetiram uma promessa feita várias vezes durante todo protesto:
“Amanhã (quinta-feira, 20) vai ser ainda maior!”
Depois de pelo menos mais meia hora de discursos, alguns de viés partidários, outros simplesmente chamando para mais manifestações em busca de mudar o país, os manifestantes começaram a debandar. E foi na Praça que aconteceu o único ato repreendido pela polícia: alguns manifestantes picharam um dos bustos da praça. E só.
A próxima manifestação está programada para acontecer a partir das 17h de quinta-feira. Além da pauta do transporte público, a organização prevê protestos contra vários outros tópicos, como acontece em outras cidades do Brasil.
Aquele ali eram na maioria estudantes do Ensino Médio, na faixa dos 15 aos 17 anos. A maioria nem havia nascido na época do “Fora Collor” com os “Caras Pintadas”, só estudaram na escola. Nunca viram antes uma onda de protestos em nível nacional.
Agora eles também queriam gritar, cobrar um transporte público de qualidade, a mesma pauta reivindicatória que deu origem ao movimento, lá em São Paulo, passou para o Rio de Janeiro, chegou a Porto Alegre, para só depois ampliar ao combate a corrupção e tantas outras reivindicações.
Manifestação em caminhada da Copa chama a atenção e divide opiniões; veja fotos
Caminhada reúne 14 mil pessoas na capital; manifestantes protestaram contra corrupção (imagens)
Com um pouco mais de 700 pessoas, já havia um carro de som ligado e alguns representantes de entidades do movimento estudantil começaram a gritar palavras e ordem e chamar os estudantes para começar a manifestação. A ideia inicial era fazer uma caminhada pela Avenida Getúlio Vargas, passar pela São Sebastião, Isac Póvoas e então seguir rumo a Câmara de Vereadores.
Foto: Stefanie Medeiros
Sob a batuta de um trio elétrico, no qual era entoadas mais palavras de ordem, e liderados por uma linha de frente com uma faixa que pedia o cumprimento integral da Lei Municipal do Passe Livre. Segundo os estudantes, o passe deveria ser gratuito ao estudante em qualquer hora do dia que a instituição do ensino informar atividades. Eles também pedem a inclusão dos pós-graduandos ao beneficio da passagem livre.
Após o alarde feito pela imprensa de que a Polícia Militar estaria autorizada a utilizar armas não-letais e deslocariam soldados do Batalhão de Operações Especiais (Bope), informação confirmada pelo próprio comandante do Bope, a atuação da PM foi bem diferente. Apenas poucos policiais presentes, contando com o apoio dos agentes de trânsito da prefeitura, realizaram a segurança, formando um cordão a frente e outro atrás da manifestação.
A caminhada, o apoio popular e o crescimento da massa
Enquanto seguiam a Avenida Getúlio Vargas, os estudantes chamavam as pessoas que passam pelo local para se juntar a manifestação. Em frente ao prédio do INSS o movimento ficou parado por alguns minutos, gritando “Vem para rua você também”, o convite oficial ao protesto.
Depois houveram outras paradas. Uma de pelo menos 10 minutos em frente ao colégio Liceu Cuiabano. Então o movimento saiu da Getúlio Vargas, seguiu um curto trecho da São Sebastião e chegou a Isac Póvoas. Nesse momento era nítido o crescimento da massa. Ninguém sabia dizer ao certo quantos aderiram ao movimento. Alguns policiais diziam ser menos de mil ainda, mas outros garantiam já ter quase duas mil pessoas ali. O movimento ganhava corpo e as luzes, os gritos, os cartazes e as caras pintadas se multiplicavam sem ninguém ver como.
No começo do trajeto da Isac Póvoas o grupo começou cantar o hino nacional. Quase a uma só voz, o grupo, já multiplicado várias vezes o número inicial, faziam os brasileiros expectadores arrepiarem. A população tirava fotos, filmava a manifestação, gritava em apoio. Alguns se juntaram.
Foto: Stefanie Medeiros
Continuando a caminhada, com o grupo cada vez mais empolgado pelo aumento da massa, um pequeno revés: A pedido da Polícia Militar, por questões de segurança, precisaram mudar o trajeto do movimento. Ao invés de levar os gritos com pedidos de redução da tarifa de ônibus e muitas críticas ao prefeito Mauro Mendes (PSB), voltariam até a Praça Alencastro, no ponto onde começaram.
Continuando o caminho em direção a Avenida da Prainha, os manifestantes receberam ainda mais demonstração de apoio da população. Cruzando a rua Comandante Costa, um buzinaço dos carros e motos que precisavam esperar a manifestação passar. Quando questionados se estavam contra os protestos, respondiam unânimes: “Não, eles estão certos! Tem que protestar mesmo! Eu apoio”.
E quando chegaram a Prainha um surpresa: Um grupo grande de manifestantes faziam a caminhada em sentido contrário e se uniram ao movimento principal. A massa agora tinha um tamanho estimado de 4,5 mil pessoas segundo a Polícia Militar. E além disso, mais buzinaço em apoio, mais pessoas saindo às janelas ou indo para as ruas se juntar ao movimento.
Foto: Stefanie Medeiros
De volta a Praça Alencastro
Novamente na Praça Alencastro, após caminhar um pouco pela Prainha e voltar a Getúlio Vargas, os manifestantes se aglomeraram mais uma vez para ouvir as “considerações” finais de alguns dos representantes de juventudes partidários e movimentos estudantis presentes no ato. Ali eles repetiram uma promessa feita várias vezes durante todo protesto:
“Amanhã (quinta-feira, 20) vai ser ainda maior!”
Depois de pelo menos mais meia hora de discursos, alguns de viés partidários, outros simplesmente chamando para mais manifestações em busca de mudar o país, os manifestantes começaram a debandar. E foi na Praça que aconteceu o único ato repreendido pela polícia: alguns manifestantes picharam um dos bustos da praça. E só.
A próxima manifestação está programada para acontecer a partir das 17h de quinta-feira. Além da pauta do transporte público, a organização prevê protestos contra vários outros tópicos, como acontece em outras cidades do Brasil.