Violência contra os idosos: perfil dos agressores


Olá queridos leitores! Dando seguimento à Semana de Conscientização e Enfrentamento à Violência contra o Idoso, vamos tratar hoje aqui no Blog de um assunto muito importante a ser discutido dentro dessa temática: o perfil dos agressores de idosos. Quem são essas pessoas que praticam este tipo de violência? Isso pode ser evitado? Como? São questões discutidas a seguir:

Em termos nacionais, os entraves envolvendo a divulgação pública dos dados sobre a violência contra os idosos têm como fator impeditivo o fato de a violência ser um assunto amplo, complexo e de difícil captação. Estudos nacionais apontam para a prevalência da violência doméstica. Pesquisa realizada em 2007 demonstrou que, dos 18 milhões de idosos brasileiros, 12% já sofreram algum tipo de maus-tratos, dos quais 54% foram causadas pelos filhos. Dados internacionais evidenciam os levantamentos nacionais, descrevendo que, nos EUA, por exemplo, o espaço doméstico abriga 90% dos casos de maus-tratos e negligência notificados. Destes, dois terços dos agressores seriam os filhos e cônjuges.
Isso é um dado real e preocupante, sendo que no Brasil, por exemplo, 90% dos idosos moram com a sua família, principalmente com filhos e netos, constituindo assim esses, os principais causadores desse tipo de agressão.
O Disque 100, serviço da SDH/PR, registrou um crescimento de 186% de denúncias de violações de direitos das pessoas idosas de 2012 em relação ao ano anterior. Em 2011, foram 8.220 registros, sendo que esse número saltou para 23.523 em 2012. As ocorrências mais comuns são negligência, violência psicológica, abuso financeiro e violência física.
Os tipos de violência contra o idoso podem ser divididas em:
  1. Abuso físico, maus-tratos físicos ou violência física dizem respeito ao uso da força física para compelir os idosos a fazerem o que não desejam, para feri- los, provocar-lhes dor, incapacidade ou morte.
  2. Abuso psicológico, violência psicológica ou maus-tratos psicológicos correspondem a agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar os idosos, humilhá-los, restringir sua liberdade ou isolá-los do convívio social.
  3. Abuso sexual, violência sexual referem-se ao ato ou ao jogo sexual de caráter homo ou hetero-relacional, utilizando pessoas idosas. Esses agravos visam a obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças.
  4. Abandono é uma forma de violência que se manifesta pela ausência ou deserção dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa idosa que necessite de proteção.
  5. Negligência refere-se à recusa ou à omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos, por parte dos responsáveis familiares ou institucionais. A negligência é uma das formas de violência contra os idosos mais presente no país. Ela se manifesta, freqüentemente, associada a outros abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais, em particular, para as que se encontram em situação de múltipla dependência ou incapacidade.
  6. Abuso financeiro e econômico consiste na exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou ao uso não consentido por eles de seus recursos financeiros e patrimoniais. Esse tipo de violência ocorre, sobretudo, no âmbito familiar.
  7. Autonegligência diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua própria saúde ou segurança, pela recusa de prover cuidados necessários a si mesma.
O perfil de maior frequência do agressor familiar é o do filho homem, seguidos das noras, genros e esposos. Característica notável é o fato de os filhos serem dependentes financeiramente dos pais idosos ou, inversamente, os idosos dependerem da família ou dos filhos. Na maioria dos casos, constata-se abuso de álcool e drogas, ambiente familiar pouco comunicativo e afetivo e histórico de agressividade nas relações com seus familiares. Em algumas famílias a história pregressa de violência na qual o idoso mantinha uma personalidade dominadora e controladora sobre os filhos, torna-se uma tendência a inversão dessas posições quando o pai ou a mãe envelhecem e se tornam dependentes. Os filhos tendem a revidar o tratamento com o qual foram tratados anteriormente, ainda que inconscientemente. 
Outros aspectos da ocorrência da violência seriam o estresse, além da exaustão física e emocional provenientes dos cuidados dispensados, principalmente em casos de doença crônica e incapacidade funcional. Comportamentos de labilidade emocional, repentinos como agitação ou rebaixamentos de consciência, delírios e agressividade manifestados em doenças e distúrbios neurológicos e comportamentais podem favorecer uma relação conflituosa. Tais distúrbios e contingências podem levar à sobrecarga, predispondo ao risco de violência. Sendo assim, um suporte social ao cuidador e informações sobre cuidados prestados garantem a diminuição deste fator de risco. 
Quanto ao perfil da vítima, há predominância no sexo feminino, idade de 75 anos ou mais, viúvas, dependentes físico ou emocionalmente e residência junto aos familiares, histórico familiar de violência, alcoolismo e distúrbios psiquiátricos, bem como serem portadoras de doenças crônicas. 
É importante enfatizar o perfil de indivíduo solitário que não busca ajuda de um suporte social na ocorrência de violência. O medo de represália do agressor, da quebra dos laços familiares, da perda de autonomia e do local onde reside, já que a maioria vive com o agressor, faz com que a vítima não procure medidas legais ou suporte social, pactuando com o agressor na manutenção da violência.
A violência ao idoso está presente em lugares como instituições de longa permanência, domicílios, transportes públicos, centros-dias - enfim na vida em comunidade.
Em muitas sociedades, esta violência está inserida nos costumes como uma maneira "normal" e "naturalizada" de agir, permanecendo de forma mascarada nas atitudes. No entanto, onde a violência se expressa de forma mais prevalente é o domicílio - local que, em diversas culturas, é entendido como ambiente de amor, acolhimento e supostamente protetor à violência externa. Nessa relação intrafamiliar, muitas vezes emocionalmente compensada, surgem conflitos expondo o idoso ao risco de violência. Esta relação, que nos últimos anos sofre modificações em sua composição, pode favorecer "disputas pelo poder", já que diferentes gerações coabitam o mesmo domicílio, expandindo o núcleo familiar e os conflitos. Este talvez seja um dos maiores impasses e fatores que podem levar à violência contra o idoso, uma violência que na maioria das vezes é tratada com descaso e com "vista grossa", já que na mentalidade atual das pessoas, conflitos fazem pate do cotidiano das famílias, e isso não é da conta da sociedade em geral, um grande engano. As mudanças precisam ser encaradas de frente, e por mais diferenças que possam existir e dificuldade de relacionamento e enfrentamento da situação, é preciso saber respeitar a pessoa idosa, principalmente se esta estiver em maior desvantagem (dependência e insegurança). 
Do ponto de vista do idoso, a instituição de longa permanência é também considerada lugar ameaçador, considerando-se as numerosas denúncias referentes a maus-tratos. Neste ambiente, que deveria representar apoio ao idoso e a seu familiar, podem ocorrer atos ou omissões na forma de violência física, sexual, humilhações e desumanização, levando ao agravamento do quadro de saúde física e mental. Diversos indícios caracterizam maus-tratos nas instituições de longa permanência, como cuidados insuficientes, falta de higiene, qualidade de vida precários, pouca privacidade, condições de trabalho ruins, configurada no esgotamento da equipe de enfermagem e dos cuidadores, no uso de medicamentos sedativos, desnutrição, desidratação, tortura, contenção, manutenção em cárcere, suicídio e assassinato.
A violência contra o idoso apesar de ser grave e preocupante, ainda não é bem divulgada e bem esclarecida, os dados de ocorrência ainda são muito vagos e muitos casos são simplesmente acobertados e silenciados, muitas vezes pelas próprias vítimas que não querem denunciar seus agressores por causa dos vínculos que possuem com os mesmos. Esse tipo de agressão cresce na nossa sociedade atual devido a grande mudança de valores e princípios da família tradicional, antigamente era coisa natural ao envelhecerem e precisarem de ajuda, os pais serem acolhidos e amparados pelos filhos e netos, hoje em dia é difícil a manutenção desses costumes, a realidade das pessoas mudou muito, em outros tempos a mulher, figura da mãe protetora e amparadora, era mais presente dentro de casa e seu papel de cuidadora do lar e da família mais expressivo e mais aceitativo, as meninas cresciam sabendo da importância de aprender a cuidar de uma casa, do marido, dos filhos, da família, e eram educadas para isto, hoje em dia a realidade é bem diferente, a mulher é educada para sair de casa e a vida familiar ficou em segundo plano, o cuidado antes que era específico da mulher hoje é diferente, outras pessoas o desempenham, e o preço, infelizmente, por esta grande mudança muitas vezes é alto demais. Não que a mulher não tenha que ser moderna e ter o seu trabalho, sua profissão, não é errado fazer o que gosta de fazer, a minha preocupação é os extremos de papéis que hoje em dia a mulher tende a assumir ou não, muitas vezes preferindo abrir mão de estar mais em casa com a família pra se dedicar mais ao trabalho, há de se lembrar que, dependendo da realidade, os problemas dessa escolha certamente aparecerão, pois toda escolha sempre acarreta ganhos e perdas, lucros e prejuízos, o problema hoje em dia que a maioria das pessoas olham sempre pro ganho e para o lucro e acham que darão conta dos prejuízos, que na ideia deles parecem mínimos. Discordo com isso, sendo que a realidade atual nos chama a atenção para um número crescente de ocorrência de violência doméstica, dentro de escolas e outros tipos graves de problemas sociais, o problema, como se pode ver, caros leitores, não fica somente entre quatro paredes, mas se estende a toda uma sociedade.
A família desconfigurada tende a ter maiores problemas a enfrentar uma situação de saúde-doença com o idoso, a sociedade em si não está preparada para acolher e atender adequadamente o idoso, não sabe lidar com o idoso, desconhece suas atitudes e o próprio processo de envelhecimento, a violência é uma regressão do homem, um pensamento e uma atitude ultrapassada, quando nos tempos antigos, as coisas eram resolvidas na força do braço, através das guerras e conflitos e não pelo diálogo e pela inteligência, a prática da violência é um retorno à idade da pedra!
O problema começando em casa não vai ficar restrito à mesma, vai ter problema com cuidadores e instituições asilares, vai ter problema quem teve problema e não soube enfrentá-lo e superá-lo. Não se pode tratar as consequências da violência se não se tratar a sua causa real, é preciso que se promova e se desenvolva, através da educação, uma mudança na mentalidade das pessoas, somente desta forma se poderá combater de verdade a doença da violência.

Mônica Bif.
Enfermeira Domiciliar, Especializada em Assistência de Enfermagem em Urgência e Emergência com foco na Saúde do Idoso, Autora do Blog Margaridas em Ação.

REFERÊNCIAS:

Maus-tratos contra idosos: atualização dos estudos brasileiros. Danúbia Jussana de Sousa et al. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, vol. 13, n2. Rio de Janeiro, Ago. 2010.

Ministério da Saúde Brasileiro, Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa, Brasília/DF, 2005.

Ministério da Saúde (http://portalsaude.saude.gov.br), Assessoria de Comunicação Social.
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