Secretário não aparece em audiência e Câmara fará convocação para explicar caso


Da Redação
A audiência pública realizada na manhã dessa segunda-feira (10) para discutir a regularização fundiária em Cuiabá, principalmente no bairro Dr. Fábio II, onde houve ameaça de despejo na semana passada, foi marcada pela crítica dos presentes à ausência de representantes da Prefeitura no evento.
Praticamente todos os participantes foram unânimes em dizer que a ausência de representantes da Prefeitura prejudicou o debate. O mais criticado foi o secretário municipal de Cidades, Suelme Evangelista, responsável pela manobra que levou fiscais da Prefeitura a divulgarem uma suposta campanha de cadastramento para regularização fundiária na semana passada, quando ocorria, na verdade, notificação para que os moradores deixassem o local em 72 horas.
O vereador Onofre Júnior (PSB), primeiro vice-presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, foi um dos que criticaram a ausência. “Eles deviam estar aqui, pois essa ameaça de despejo tirou o sono de muita gente. Se hoje estamos falando do Dr. Fábio II, amanhã isso poderá ser estendido a outros bairros”.
O vereador Wilson Kero-kero (PRB) afirmou que, mesmo sendo da base de apoio ao prefeito Mauro Mendes (PSB), não compactua com a operação desastrosa. “Não posso aceitar que um secretário do município tire sono de centenas de pais de família”.
Na mesma linha seguiu o vereador Dilemário Alencar (PTB). “Eu sou da base, mas não sou lesado. Por isso, vamos entrar com um pedido de convocação formal para que esse secretário de Cidades compareça aqui na Câmara e dê explicações à sociedade”.
Autor do requerimento para realização da audiência, o vereador Marcrean Santos (PRTB) afirmou que quantos vezes for necessário o Legislativo convocará a população para debater o assunto. “Esse é um tema de grande inclusão social, pois, sem regularização, o cidadão não pode usar eu imóvel como garantia num financiamento bancário e nem tem tranqüilidade que deve ter um verdadeiro proprietário”.
Autoridades também criticaram a ausência, como fez o presidente do Intermat, Afonso Dalberto. O defensor público-geral do Estado, Djalma Mendes, também compareceu, assim como o chefe do Núcleo de Regularização da Defensoria, Air Praeiro.
A presidente da Associação de Moradores do Bairro Dr. Fábio II, Maria Orlice, também criticou a Prefeitura. Alega que, depois de toda confusão, os representantes do Executivo foram à região sem qualquer comunicação prévia e não chamaram a entidade para discutir. “Eu mereço respeito. Fui eleita para comunidade e nem sequer me chamaram para participar da visita”. Também estiveram presentes dirigentes comunitários dos bairros Altos da Glória, Jardim Umuarama, Castelo Branco, São João Del Rey, São Francisco, Dr. Fábio II e Altos da Serra II, entre outros.
O presidente da Federação Mato-grossense das Associações de Moradores de Bairros (Femab), Walter Arruda, conclamou o poder público a se unir e defender a moradia da população, pois esse representa um dos direitos fundamentais. Segundo Marcrean, cerca de 50% dos aproximadamente 250 bairros na Capital precisam regularizar suas áreas.