MP afirma que Marcos Colli filmou e fotografou abusos a crianças

O advogado e presidente afastado do diretório municipal do Partido Verde (PV) em Londrina, Marcos Colli, está sendo indiciado em mais dois crimes no ação que investiga sua participação em crimes de estupro de vulnerável: filmagens e fotografias realizadas durante os abusos. A informação foi repassada na tarde desta sexta-feira (24) pela promotora da 6ª Vara Criminal de Londrina, Susana Broglia Feitosa de Lacerda, durante entrevista coletiva.
De acordo com a promotora, as crianças que teriam sido abusadas tem idades de até 12 anos e os abusos teriam iniciado em 2008, época em que Colli foi candidato a prefeito de Londrina. "Foi ampliada a acusação para o crime do Eca (Estatuto da Criança e do Adolescente) que é filmar e fotografar crianças em cenas de sexo explicíto e pornografia infantil", declarou.
Ao comentar o caso, que corre em Segredo de Justiça e por este motivo não são apresentados detalhes ou informações de quem seriam as vítimas, Susana Lacerda se mostra bastante chocada com os crimes que estão sendo investigados. "Eu tenho 17 anos de Ministério Público e nunca vi nada igual. Eu posso dizer que estou há várias noites sem dormir", revelou a promotora, que contou ainda que na 6ª Vara Criminal tramitam em torno de 1.500 processos de violência. Cerca de 25% deles tratam de abuso sexual, principalmente contra crianças.
"Não se trata aqui do autor do crime ser famoso. Todo crime contra criança é um crime que choca. A criança muitas vezes não entende a violência que ela está sofrendo e isso repercute pro resto da vida dela. É uma cicatriz, uma marca para sempre", apontou.
Ela explicou que a denúncia chegou ao Ministério Público através da rede de proteção à criança e ao adolsente, que compreende os serviços do Conselho Tutelar, as Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e as escolas.
A partir das investigações e diligências efetuadas foi possível colher as imagens que possibilitaram acrescentar e fundamentar o oferecimento da denúncia com a prática dos outros crimes. Porém, a promotora lembrou que é preciso estar atento ao comportamento e fala das crianças para identificar possíveis crimes sexuais. "Não é sempre que a gente vai ter imagens e não se pode desacreditar da fala de uma criança", afirmou. A investigação apura suposto estupro contra ao menos seis menores.
Marcos Colli foi denunciado por estupro de vulnerável e está preso desde o início da noite de segunda-feira (20), quando agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) prestaram apoio ao Ministério Público (MP).
No mesmo dia em que foi preso, o presidente da Câmara Municipal, vereador Rony Alves (PTB) anunciou a exoneração de Colli do cargo de assessor parlamentar. Ele estava prestando serviços para a Mesa Diretiva do legislativo, indicado pelo PV.
Durante a semana foram feitas várias buscas e apreensões na casa, apartamento e escritório de Marcos Colli. E com base nos materiais apreendidos - e diante do depoimento das vítimas -, foi juntado um grande volume de provas que serão apresentadas na denúncia contra o advogado.
Colli é transferido
O ex-assessor parlamentar foi transferido de uma sala do quartel do Corpo de Bombeiros para o 5º Batalhão de Polícia Militar (5ºBPM) de Londrina nesta tarde de sexta-feira. Inicialmente ele estava detido na unidade 2 da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL), mas por ser advogado e gozar da prerrogativa da lei, ele havia sido encaminhado para a sede dos bombeiros, na Avenida Tietê.
O advogado Maurício Carneiro comentou ao portal odiario.com que não pretende entrar com pedido de habeas corpus para tentar a soltura de Colli. "Estou aguardando a citação da ação penal para ver o que vai ser resolvido. Acredito que não seja o momento adequado. A forma como o réu é tratado pela sociedade, acredito que esta não seja a hora", comentou.