Exame cadavérico na criança morta em flat no Mucuripe aponta asfixia como causa da morte. Pais foram submetidos a acareação
O exame cadavérico realizado na criança de três anos encontrada morta em um flat no Mucuripe aponta a asfixia como causa da morte. Porém, o corpo não apresentava lesões e, por isso, ainda não se conseguiu apontar o que provocou o sufocamento. Agora, a Polícia aguarda a conclusão do laudo pericial do local do crime. Além disso, novos depoimentos serão tomados para tentar esclarecer o caso, que veio à tona no último sábado, quando a Polícia encontrou o corpo da criança no flat.
Os pais foram presos em flagrante, acusados do crime. No apartamento, foram encontrados sacos de areia e uma caixa plástica, que seriam usados para enterrar a criança.
O corpo da criança foi retirado ontem da Coordenadoria de Medicina Legal por familiares de Antônia Cláudia Marques da Silva, mãe da criança. Segundo a irmã dela, Gleicy Marques, o sepultamento deverá ser realizado na manhã de hoje, em Camocim (a 379 km da Capital).
Durante a tarde de ontem, os pais da criança - o holandês Stefan Smit e a cearense Antônia Cláudia - foram submetidos a uma acareação na Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa). Segundo o diretor do Departamento de Polícia Especializada, Jairo Pequeno, a mulher ficou muito “temerosa” durante o depoimento, por causa da presença do companheiro.
Após a chegada do exame cadavérico, foi tomado uma novo depoimento, dessa vez somente com a presença de Antônia Cláudia. Segundo a titular da Dececa, Ivana Timbó, ela ficou aliviada com o resultado do exame, pois comprova que a causa da morte não foi uma pancada que a criança recebeu na cabeça dias antes, quando tomava banho. Em seguida, ela teria relatado que o pai costumava tapar com a mão a boca do filho quando ele chorava, para evitar que os vizinhos ouvissem a criança.
No depoimento, a mãe também teria dito que entregou o menino ainda vivo ao pai e, quando ele retornou, o pequeno estava sem respirar. Segundo Jairo Pequeno, ao ser questionado por que as autoridades não foram acionadas, o holandês “deu desculpas evasivas”. Ao sair da delegacia, o holandês afirmou que “ninguém matou o filho não”.
Para a Polícia, a dúvida é se houve, ou não, infanticídio. Os crimes de ocultação de cadáver, omissão de socorro e maus-tratos já estariam comprovados. Hoje, serão ouvidos os proprietários do flat. A expectativa é encerrar a investigação até o começo da próxima semana.
Saiba mais
O irmão da vítima, de cinco anos, continua internado no Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS) desde sábado , quando a Polícia descobriu o caso.
Segundo boletim do hospital, a criança continua internada por precaução, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O quadro clínico é estável e apresenta melhoras.
O garoto foi diagnosticado com hipotireoidismo congênito. Como não foi tratado nos primeiros meses, isso gerou problemas cardíacos, desenvolvendo uma miocardiopatia hipertrófica.
A criança foi medicada e iniciou um tratamento de reposição hormonal. Segundo a Polícia, quando encontrado, o irmão dele já estava morto há um período de 24 a 48 horas.
Segundo a conselheira tutelar Conceição Moreira, as crianças não possuíam registro de nascimento. Os documentos foram providenciados ontem e levados aos pais, para que pudessem assinar.