Esposa de pastor é indiciada por desmentir acusação de estupro

A esposa do pastor Marcos Pereira, Ana Madureira da Silva, foi indiciada nesta quarta-feira por denunciação caluniosa, depois de desmentir um depoimento dado à polícia, em que afirmava ter sido estuprada pelo pastor, em uma representação em cartório e também em um vídeo publicado no Youtube. 
Segundo o delegado titular da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), Márcio Mendonça, a esposa do pastor prestou depoimento afirmando que o marido a estuprava e, depois, fez uma representação em cartório alegando que não havia sido estuprada. Ela também gravou um vídeo, divulgado nas redes sociais, negando que o marido tenha cometido o crime contra ela.
O pastor Marcos Pereira é dono da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias, que tem a sede localizada em São João de Meriti, na Baixada Fluminense Foto: Divulgação
O pastor Marcos Pereira é dono da Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias, que tem a sede localizada em São João de Meriti, na Baixada Fluminense
Foto: Divulgação
Na gravação, feita no dia 8 de maio, e publicada no dia 11 do mesmo mês, Ana nega o crime e critica a imprensa. “Estou extremamente aborrecida com o que estou ouvindo na mídia. (...) Eu quero dizer que isto (a afirmação de que ela teria sido estuprada por Marcos) é mentira. Ele não me estuprou. Estou cansada dessas galhofadas", disse.
No vídeo, ela ainda critica uma das vítimas, identificada como Zeneide, que acusa o pastor de estupro. A mulher se diz abusada por Marcos no tempo em que viveu na casa dele, depois de deixar a casa de seus pais. Para Ana, a acusação demonstra que a vítima está se “declarando uma prostituta”.
“Se ela diz que meu marido abusou sexualmente dela desde que ela entrou até que ela saiu (da casa em que Ana vivia com Marcos), ela está se declarando uma prostitua. Eu também sou mulher, eu também já fui jovem e, se acontecesse uma coisa dessas, eu saía correndo dali”, disse. 
Pastor é acusado de estupro
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou o pastor Marcos Pereira por dois estupros. Ele foi preso acusado de abusar sexualmente de seis fiéis da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, da qual é um dos líderes.
Segundo a denúncia, para cada um dos seis estupros foi instaurado um inquérito policial, com o objetivo de "facilitar a individualização de cada crime". "Pelos relatos das testemunhas, principalmente das mulheres, verifica-se que estamos diante de um verdadeiro depravado, degenerado, pervertido sexual, capaz de fazer as coisas mais baixas e sempre se aproveitando da sua condição de líder maior da Igreja", dizem os promotores Rogério Lima Sá Ferreira e Adriana Lucas Medeiros, que assinam o texto.
A ação explica que o inquérito é um desdobramento de uma outra investigação que apura a prática de incitação ao crime e associação para o tráfico de drogas do pastor. "Acontece, porém, que no decorrer da investigação dos crimes acima, foram surgindo notícias gravíssimas de outros crimes, como homicídio, lavagem de dinheiro, estupros, roubo por parte do denunciado", explicam os promotores.
Na denúncia, são relatados os abusos que Marcos Pereira cometeu contra as duas mulheres, que moravam em um alojamento da igreja. Segundo o texto, ele negava material de higiene a uma das vítimas caso ela se recusasse a manter relações sexuais.
"Todas as mulheres vítimas do denunciado viveram na sua igreja por alguns anos. Elas viviam em função da Igreja presidida pelo denunciado. Moravam nos alojamentos existentes na Igreja.  Eram dependentes materialmente e emocionalmente do denunciado.  E para aquelas que se recusavam a ceder aos seus instintos bestiais, o denunciado as ameaçava de despejo, de morte fora da Igreja", diz a denúncia.
"O relato das outras mulheres é estarrecedor. Revela de forma clara que o denunciado é maquiavélico, de uma pobreza de espírito sem tamanho, só para conseguir dar vazão aos seus instintos sexuais. Se identificando com um 'Homem de Deus', praticou uma série de crimes sexuais contra aquelas que procuraram a sua Igreja em busca de ajuda espiritual. Conduta vil, torpe", dizem os promotores.
Além de Pereira, o MP denunciou quatro homens ligados à igreja acusados de fazer ameaças a uma das vítimas de estupro. De acordo com o MP, o pastor teria ordenado a Daniel Candeias da Silva, Ubirajara Moraes Pereira, Cezar Luiz Moraes Pereira e Lúcio Oliveira Câmara Filho que ameaçassem a mulher.
As ameaças teriam começado em março de 2012, depois que a mulher denunciou o pastor pelo crime de estupro. Ela disse ter sido perseguida e vigiada em seu trabalho por homens que faziam gestos ameaçadores.