Criança baleada por vigilantes do IFMT passa por cirurgia em Cuiabá


Criança de 11 anos levou um tiro na região do tórax e está internada.
Vigilantes dizem que crianças depredaram guarita do instituto, na capital.

Denise SoaresDo G1 MT
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Pai da criança diz que menino não jogou pedras em guarita. (Foto: Denise Soares/G1)Pai da criança diz que menino não jogou pedras
em guarita. (Foto: Denise Soares/G1)
A criança de 11 anos que foi baleada por vigilantes do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) passa por drenagem de pulmão após ter uma hemorragia e continua internada nesta terça-feira (18) no Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (PSMC). Na versão dos seguranças, Victor de Paula e outras duas crianças teriam depredado uma guarita abandonada do local e, por achar que se tratavam de assaltantes, efetuaram quatro disparos. No entanto, a família do menino alega que as crianças não jogaram pedras e nem quebraram garrafas.
A bala, de um revólver calibre 38, perfurou a região do tórax e atravessou o pulmão de Victor, que também teve o rim atingido de raspão. A equipe médica aguarda a reação da criança, que poderá ser transferida para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Victor, o irmão dele de 13 anos e outra criança de 11 voltavam da escola no início da noite de segunda-feira (17), na companhia da mãe de uma das crianças. Os quatro passaram pela Avenida Oátomo Canavarros, na região da Morada do Ouro, e iriam para o Bairro Bela Vista.
Segundo Neyman Monteiro, advogado da empresa terceirizada que presta o serviço de segurança para o campus, os vigilantes ouviram barulho de uma garrafa de vidro quebrando e foram verificar o que ocorria naquela área do campus. Eles teriam achado que poderiam ser alvos de um assalto. Por não ter iluminação no local, não teriam visto que se tratavam de crianças. Quatro tiros foram disparados.
“Eles se sentiram receosos e tiveram essa atitude de precaução. Disseram que ouviram barulho de garrafa de vidro quebrando e foram recebidos com pedras. Cada um deles deu um tiro de advertência para cima. Como não houve resposta, dispararam mais duas vezes pro chão. Quando viram, a criança já estava caída no chão”, disse Monteiro.
Seguranças dizem que crianças quebraram garrafas e pedras em guarita abandonada. (Foto: Denise Soares/G1)Seguranças dizem que crianças quebraram garrafas e
pedras em guarita abandonada. (Foto: Denise Soares/G1)
De acordo com o advogado, os próprios vigilantes prestaram socorro ao menino e chamaram a Polícia Militar. A empresa informou que vai avaliar a conduta e verificar se houve negligência ou imprudência por parte dos funcionários.
No entanto, conforme relatos da família, as crianças apenas brincavam com uma garrafa. Uma amiga da família acompanhava as três crianças no trajeto. “De maneira alguma as crianças fizeram algo. Eles estavam brincando chutando uma garrafa e passaram nesse terreno. Do nada eles [os vigilantes] atiraram”, contou ao G1 o pai do menino baleado, Erley Pereira.
A diretora do campus, Suzana Aparecida da Silva, disse que o instituto vai apurar a responsabilidade do ocorrido e afirmou que nenhum funcionário presenciou a cena. Conforme o IFMT, o local onde as crianças passaram não é cercado e os vigilantes faziam rondas naquele ponto.
Um dos vigilantes, de 22 anos, trabalha há 10 meses na área e era a primeira vez que atuava no campus. Ele estava cobrindo férias de outro segurança. A empresa é contratada pela unidade  desde 2009. Os dois vigilantes, de 22 e 28 anos, foram autuados por tentativa de homicídio e levados para o Centro de Ressocialização de Cuiabá (antigo Carumbé).
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