VINICIUS SASSINE (O GLOBO)
BRASÍLIA – O Batalhão de Choque da Polícia Militar chegou há pouco às imediações do estádio Mané Garrincha, em Brasília, para impedir a aproximação de manifestantes ao local. Os policiais fizeram um cordão de isolamento. Antes disso, duas bombas foram disparadas para dispersar a manifestação. Um policial jogou spray em um manifestante. Cerca de 300 manifestantes chegaram no fim desta manhã ao estádio Mané Garrincha para protestar contra o alto custo dos estádios da Copa das Confederações. Eles também reclamam de outras violações de direitos supostamente provocadas pelo evento — como a remoção de famílias, a exploração sexual e a falta de dignidade dos trabalhadores da construção civil. As vias anexas ao estádio estão bloqueadas por cordões de policiais em todos os sentidos e por viaturas. No entanto, os policiais não barraram a passagem dos manifestantes. Eles gritam “sem violência” ao se aproximar do local, na altura da Torre de TV.
Houve deliberações, dentro do grupo, se a passeata, que começou às 11h da manhã, deveria seguir ou não para o estádio, prevendo que poderia haver confrontos com a polícia. O grupo que votou contra, no entanto, foi vencido.
No início do protesto, os manifestantes, a maioria jovens universitários, chegou à rodoviária na manhã deste sábado, no Centro de Brasília, para protestar. Os manifestantes consideram o protesto como uma extensão das mobilizações que ocorreram nos últimos dias em São Paulo e no Rio de Janeiro contra o aumento das passagens de ônibus. Uma das faixas carregadas pelos jovens é assinada em nome de “Centros acadêmicos de medicina na luta por mais saúde”.
— O governo gastou R$ 1,5 bilhão para construir o estádio aqui em Brasília enquanto faltam recursos para a saúde — disse o estudante Vinícius Veloso, de 23 anos, que estuda medicina na faculdade do Distrito Federal.
A ideia do grupo é ir em caminhada na direção do estádio Mané Garrincha. O protesto foi organizado pelas redes sociais.
A Polícia Militar (PM) abordou os primeiros jovens que chegaram à rodoviária. Os manifestantes foram revistados e um dos policiais chegou a dizer que havia gravado o rosto de cada um deles. A PM disse que vai acompanhar toda a movimentação.
— A gente foi revistado assim que chegou aqui. Não sou criminoso, não estou fazendo nada errado. É apenas um protesto — disse o estudante Darlan Gomes, de 19 anos.
A passeata começou depois de uma assembleia na rodoviária entre os manifestantes. Eles desceram o Eixo Monumental em direção ao Museu da República. A ideia inicial era ir até o Congresso Nacional. A polícia escolta o grupo pela caminhada e um helicóptero sobrevoa a manifestação. Segundo os policiais, havia 300 manifestantes no local no início da marcha.
Integrantes do grupo ressaltaram que a ideia é fazer um protesto pacífico, sem enfrentamento com a polícia, nem depredação do patrimônio público. Eles dizem que são contra violações em razão da Copa, como a remoção de famílias, a exploração sexual e a falta de dignidade observada contra os trabalhadores da construção civil.
Para os manifestantes, os protestos desta semana foram apenas o início de uma mobilização maior que tomará conta de outras cidades brasileiras.