Preso, pastor acusado de estupro diz que AfroReggae quer incriminá-lo:

Uol.com.br
"Não acredito na Justiça. Se eu sou inocente e estou preso, quantos aqui [no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro] não devem estar também? Não há nenhum envolvimento meu com nenhum crime. Eu não entendo o que está acontecendo", diz Marcos Pereira, pastor da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, preso há um mês no presídio da capital fluminense, acusado de estupro
"O suposto estupro teria acontecido em 2006 e a mulher ficou calada até hoje. De uma semana para outra, surge a necessidade de me prender", afirma ele em entrevista concedida ao UOL por meio de seu advogado, Marcelo Patrício.
"As supostas acusações são ridículas e sem provas. Querem denegrir minha imagem. A vítima trabalha em uma organização [AfroReggae] que quer me incriminar. Ela é esposa de um cara que trabalha lá, e juntos estão coagindo várias pessoas a mentirem sobre mim. A polícia só ouve as testemunhas que me incriminam", afirma o pastor.
José Júnior, coordenador da ONG AfroReggae, foi procurado pelo UOLpara comentar as acusações de Pereira, mas não respondeu ao pedido até a conclusão desta reportagem.

Pereira diz que só "viu de vista" vítima de homicídio que teria sua participação

À época da prisão, o delegado Márcio Mendonça, da DCOD (Delegacia de Combate às Drogas), que comandou as investigações, afirmou que Pereira visitou o traficante Marcinho VP, apontado pela polícia como um dos principais líderes da facção criminosa Comando Vermelho, por duas vezes, nos presídios federais de Catanduvas (PR) e Mossoró (RN).
Além disso, o delegado havia dito que o pastor estava sendo investigado também por ter participado do homicídio de Adelaide Nogueira dos Santos, em São João de Meriti, em dezembro de 2006. Segundo o depoimento da mãe da mulher, o pastor tentou abusar da filha, que antes de morrer, começou a investigar os supostos estupros. Três pessoas foram condenadas pela morte da mulher, entre elas, Geferson Rodrigues dos Santos, sobrinho do pastor.
"Nunca falei com essa pessoa, só vi de vista. Este crime ocorreu há cerca de seis, sete anos, já houve julgamento, as pessoas já estão cumprindo a pena e em nenhum momento meu nome foi citado no processo", afirmou o pastor.
"Já visitei vários presos, inclusive, o Marcinho VP. Meu objetivo é reintegrá-los à sociedade. Não vejo problema nenhum [na visita]", disse Pereira. "Vários traficantes, homicidas foram visitados por mim e já estão reintegrados a sociedade, fora do crime. Não vejo problema nenhum em visitar traficantes, homicidas, estupradores. Para atingir meu objetivo, eu tenho que ir à penitenciária".

Pastor afirma que "escutas picantes" foram montagem

Sobre as escutas em que foi flagrado em conversas picantes com uma das fieis da igreja, o pastor afirma que foi tudo armado. "Montagem. Pegaram falas minhas de vários momentos e juntaram para denegrir a minha imagem. Ali não há crime, então [as escutas] nem eram para me incriminar", diz.
Na prisão, o pastor afirma estar ajudando outros detentos a se converterem e trata o atual momento como triste.
"Isto é uma provação do meu amor a Jesus Cristo. Estou triste, magoado com tudo o que está acontecendo. Já consegui orar por uma pessoa que estava passando mal. Ela estava com muita dor de estômago, vomitando e ficou curada. Várias pessoas já se converteram", conta Pereira. 

Entenda o caso

Pereira está preso desde 8 de maio em Bangu e começa a ter seu futuro decidido no dia 17 de junho, a partir das 14 horas, na primeira audiência sobre o caso, em São João de Meriti, Baixada Fluminense. A cidade é a mesma onde fica a igreja da qual Pereira é líder e onde ele foi detido pela Polícia Civil. 
Na audiência, o pastor denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro começará a responder a duas acusações de estupro contra duas fieis de sua igreja. Também estarão presentes na sessão, as testemunhas de acusação. Ele nega todas as denúncias feitas pelo MP contra ele.
Além das acusações de estupro, Pereira é investigado por envolvimento com o tráfico, lavagem de dinheiro e participação em homicídio.
As investigações sobre o pastor começaram há pouco mais de um ano, a partir de acusações que o coordenador da ONG AfroReggae, José Júnior, fez sobre o suposto envolvimento de Pereira com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ao longo das investigações, a polícia descobriu que o pastor teria estuprado fiéis da igreja que comanda, em São João de Meriti.