por Edina Araújo/VG Notícias
O repúdio do Padre Marcos Almeida, da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Várzea Grande, na missa do último domingo (26.06), aos vereadores que votaram contra o projeto de lei de autoria da vereadora Miriam Pinheiro (PHS), pedindo retorno dos cobradores no transporte coletivo municipal - gerou “bate-boca e troca de acusações" - na Câmara, durante a sessão ordinária de quarta-feira (29.05).
O vereador Pedro Paulo Tolares (PSD) – popular Pedrinho - colocou em “xeque” a idoneidade do sacerdote. Pedrinho disse que o padre tem que prestar contas do dinheiro das festas que realiza - e não repudiar vereadores. Ainda na tribuna, o vereador disse a Miriam Pinheiro - que a reprovação do projeto dela – era uma demonstração que ninguém vai lugar nenhum sozinho.
“Já que o padre se diz representante do povo, porque ele não presta conta à sociedade sobre a arrecadação da Igreja ao invés de ficar repudiando vereadores. E a senhora vereadora, não me chamou quando saiu filmando as ruas esburacadas, os ônibus lotados. A bandeira do transporte é um sonho de consumo de todo parlamentar e a senhora quis ficar com o projeto sozinha. Viu o que deu. Isso é para aprender a dividir com os colegas. Em 17 anos, vendo a luta sobre esse assunto eu nunca vi um vereador levantar uma bandeira deste tamanho sozinho. Que isso sirva de lição para a senhora que quis ficar com créditos desta causa sozinha”, reclamou.
Até o presidente da Câmara, Waldir Bento – Dr. Waldir - deixou a presidência para usar a tribuna e repudiar o padre Marcos. Bento disse que exige respeito por parte do sacerdote - e afirmou que não vai permitir que o padre use seu nome - como usou na missa. Waldir disse também, que não interfere na contabilidade da igreja – e não permite que o padre interfira no legislativo.
“Nós somos o representante do povo politicamente, o senhor não representa a sociedade, apenas uma parte da classe religiosa. Estou aqui para defender o meu nome e de todos os colegas desta Casa”, enfatizou. Confira vídeo no final da matéria.
Outro lado: Em entrevista ao VG Notícias, nesta sexta-feira (31.05), padre Marcos Almeida disse que não entende porque o assunto gerou tanta polêmica – já que apenas emitiu sua opinião sem citar nomes ou emitir críticas pessoais.
“Apenas defendi o interesse da sociedade. Muitos partilham comigo as dificuldades que enfrentam ao usarem o transporte coletivo. Minha posição foi contrária à votação, não denunciei ninguém e nem fiz nenhuma acusação”, disse padre Marcos.
Quanto à prestação de contas das festas realizadas pela igreja, cobrada pelo presidente da Câmara, Waldir Bento e pelo vereador Pedrinho (PSD), padre Marcos foi taxativo, “não tenho que prestar contas a quem não vive a vida da paróquia, para quem vive, este sabe o que acontece e nós prestamos contas. Até porque está tudo no mural da paróquia semanalmente”, retrucou.
Para padre Marcos, quem não quer receber críticas que não se habilite a participar da vida pública. “Quem se candidata a qualquer cargo público e se elege tem que sujeitar as críticas e aos elogios. Quem não quer se sujeitar a opinião pública e avaliação do povo, deve se limitar a atuação na esfera privada”, recomendou.
Quanto ser convocado a prestar esclarecimento na Câmara, Marcos disse que não é necessário – suas opiniões são públicas e quem quiser ouvi-las basta ir à igreja. Além disso, o padre enfatizou que é cidadão, eleitor no município, formador de opinião e responsável por parte da população várzea-grandense - e como tal tem direito de expressar o que pensa e vai continuar defendendo os interesses da sociedade publicamente como vem fazendo.
“Não ofendi ninguém, não citei nomes e espero que a discussão não seja no campo pessoal e de baixo nível. Vou continuar emitindo minhas opiniões como sempre fiz, mas em elevado nível de discussão, sem levar para o lado pessoal”, finalizou padre Marcos.
Confira ao vídeo: