Suspeito ficou 15 dias preso e abusos sexuais teriam ocorrido em porão. Juíza entendeu que liberdade do suspeito não atrapalha a investigação.
Fonte: G1 MT
Suspeito de abusar sexualmente de três estudantes de 8, 10 e 13 anos no porão da Escola Estadual Marcelina de Campos, emCuiabá, o professor de matemática, de 43 anos, teve a prisão preventiva revogada pela Justiça. A decisão foi proferida nesta quarta-feira (12) pela juíza da 6ª Vara Criminal do Fórum da capital, Suzana Guimarães Ribeiro, que também acumula temporariamente a 8ª Vara Criminal, onde foi decretado o pedido de prisão preventiva.
No despacho, a magistrada concedeu a revogação da prisão por entender que o suspeito não iria atrapalhar as investigações fora da prisão. Ribeiro destacou ainda que o professor, que também é empresário, tem residência fixa, profissão definida e não possui antecedentes criminais. “Para a manutenção da prisão exigi-se muito mais do que indicam os indícios da autoria [do crime]”, conforme trecho da decisão.
O G1 apurou que o suspeito foi solto ainda no final da noite desta quarta-feira. Ele ficou preso por 15 dias no Anexo II da Penitenciária Central do Estado (PCE), local reservado para pessoas com nível superior. Apesar de solto, o professor de matemática só poderá retornar à sala de aula caso, ao final das investigações da polícia, não venha a ser considerado culpado pelos abusos sexuais.
O inquérito policial que investiga os supostos abusos sexuais cometidos dentro da escola, localizada no bairro Santa Amália, foi prorrogado. A delegada da Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica), Alexandra Fachone, alegou que ainda precisa de mais tempo para analisar as imagens das câmeras instaladas na escola que captaram a entrada das crianças no porão no período em que os abusos teriam sido praticados.
O G1 esteve na escola na primeira rodada de depoimentos prestados por alunas do 5º e 6º períodos. Um clima de apreensão tomou conta da escola que, segundo a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) está sendo monitorada, inclusive, com apoio psicológico a alunas e professores.
Ao G1, uma aluna do quinto ano afirmou que o porão é escuro, cheira a mofo e é utilizado pela escola para guardar produtos de limpeza, bandeiras e documentos antigos. Além dos abusos, outra aluna relatou ao G1 que o local também servia para encontros entre os estudantes. “Entrava um monte de guri lá com meninas. Um menino arrebentou o cadeado da porta só para entrar lá”, disse.
Entenda o caso
O professor trabalha na escola desde 2011. Segundo a polícia, o caso começou a ser apurado quando uma menina de 10 anos apareceu recentemente na sala de aula com notas de R$ 50, o que chamou a atenção da direção da escola. A coordenação da escola pediu explicações à família da criança. Depois de várias tentativas, a vítima contou, primeiramente, à namorada do irmão, que era estuprada pelo professor.
Diante da declaração da menina, investigadores da Polícia Civil fizeram visitas à escola e localizaram mais duas vítimas. Uma delas é uma adolescente de 13 anos e o abuso sexual teria acontecido no dia 2 de abril. A vítima teria sido chamada pelo suspeito em um encontro marcado no porão. Lá, ela foi estuprada e depois, segundo a polícia, foi orientada pelo suspeito a chamar ‘outra coleguinha’, a vítima de 8 anos, que também teria sido abusada no local.
O que mais intriga polícia é que as vítimas não tinham contato com o professor. Todas elas estudavam à tarde, período em que o suspeito não dava aulas. O suspeito chegou a exercer o cargo de coordenador da unidade, o que, para a polícia o tornou ‘isento de qualquer suspeita’.