Gaeco abre dois novos inquéritos contra Marcos Colli


Delegado desmembrou os procedimentos para investigar outros fatos envolvendo novas vítimas. Advogado e ex-assessor da Câmara é acusado de estupro de vulnerável e porte ilegal de arma
Juliana Gonçalves
As investigações sobre os supostos crimes sexuais contra crianças levaram o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) a instaurar dois novos inquéritos contra o advogado e ex-assessor da Câmara Marcos Colli. Outros dois inquéritos abertos anteriormente continuam em andamento.
De acordo com o delegado do Gaeco, Alan Flore, com a evolução das investigações, surgiu a necessidade de desmembrar os procedimentos. “Esses novos inquéritos vão apurar outros fatos com outras vítimas, que ainda estão sendo identificadas”, explicou. Flore não revelou detalhes dos novos inquéritos, já que a ação corre em segredo de justiça.
Os dois primeiros inquéritos abertos contra Colli apuram posse ilegal de arma de fogo e casos de estupro de vulnerável. O suspeito prestou depoimentos na última quinta-feira, mas só se manifestou sobre a posse de um revólver calibre 38 e munições apreendidas em buscas feitas pelo Gaeco. Sobre a acusação de crimes sexuais contra menores, Colli usou do direito de permanecer calado. Estes inquéritos devem ser concluídos até sexta-feira (14).
Entenda o caso
Marcos Colli foi preso na tarde de 20 de maio quando saía de uma agência bancária dentro do prédio da Prefeitura de Londrina. Ele é suspeito de ter cometido crimes sexuais contra crianças.Investigações apontam que Colli "presenteava" crianças por sexo.
A prisão foi decretada depois de Colli não comparecer aos depoimentos solicitados e de buscas realizadas pela polícia em computadores e nos imóveis dele. Brinquedos e peças de roupa infantil estão entre os itens apreendidos. A investigação também se dá em torno de perfis “falsos” nas redes sociais que seriam do investigado.
O advogado foi encaminhado à unidade dois da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL II), mas logo foi transferido para o Batalhão do Corpo de Bombeiros. Enquanto esteve lá, Colli ficou alojado em um espaço improvisado, dormindo em um colchão colocado no chão, conforme disse o então advogado Maurício Carneiro. A transferência para a sede da Polícia Militar, garantida por lei a Colli, foi feita em 24 de maio. Por ser advogado, ele tem direito a acomodações especiais.
Colli era assessor do presidente da Câmara Municipal de Londrina, Rony Alves (PTB). A Mesa Diretora da Câmara determinou, no mesmo dia da prisão, a exoneração do funcionário. “Fiquei abismado. Tomara que seja um equívoco”, afirmou o presidente da Câmara, em entrevista ao JL. “Na Câmara, ele tinha uma conduta ilibada, tranquila. Sempre foi companheiro. Em que pese à capacidade dele não há como mantê-lo no cargo com uma acusação grave dessas. Se um dia provar a própria inocência, não vejo dificuldade dele voltar à Câmara.”
Além do cargo de assessor na Câmara, Colli perdeu a presidência do PV em Londrina. Em 21 de maio, João Batista Beltrame, membro da executiva estadual do partido, esteve na cidade para tratar da crise aberta com a prisão do advogado. A presidência é ocupada momentaneamente por Mário Takahashi. Ele disse que o PV e seus militantes ficaram “surpresos e tristes” com a acusação que pesa contra Colli e que ele nunca teve um comportamento que levantasse suspeitas. “Não vamos julgar, nem fazer juízo de valor. Vamos dar o tempo necessário para o esclarecimento”, ponderou.