A executora do sequestro, Jucione Santos Souza, 29, também foi convocada para prestar depoimento
A Polícia Judiciária Civil acredita que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas poderá ajudar nas investigações do sequestro do bebê de pouco mais de 1 mês, ocorrido em Cuiabá. Nesta quinta-feira (13.06), o delegado responsável pelo caso, Gianmarco Paccola Capoani, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e o delegado plantonista, Ivar Polesso, foram ouvidos pela CPI da Câmara Federal, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
A executora do sequestro, Jucione Santos Souza, 29, também foi convocada para prestar depoimento aos parlamentares de Mato Grosso e aos deputados federais Luiz Couto (PT/PB) e José Augusto Maia (PTB/PE), presidente da CPI.
“Estaremos trocando informações com a CPI para ver se esbarra em alguma informação ou investigação que eles estão fazendo interestadual. Estamos aqui a título de colaboração com equipe de Brasília”, afirmou o delegado Gianmarco Paccola.
A primeira parte da investigação do sequestro da criança recém-nascida, ocorrido no dia 30 de maio, na Capital, foi encaminhada à Justiça na última sexta-feira (07.06), com o indiciamento da suspeita Jucione Santos Souza, nos crimes de sequestro, falsificação de documento público e furto. Outros crimes estão sendo apurados em autos complementares, que serão enviados à Justiça ao final das investigações pelo delegado Gianmarco Paccola.
Conforme o delegado, as investigações estão focadas a identificar o destino da criança e a localização da pessoa que teria “encomendado” o sequestro do bebê à mulher presa. “Estamos priorizando a localização do suspeito para obtermos mais informações”, declarou o delegado, ao afirmar que as investigações não apontam para o tráfico de órgãos.
De acordo com as investigações, o suspeito de codinome “Carlos”, em março, teria entrado em uma agência bancária da capital, cujas imagens foram solicitadas ao banco, na tentativa de identificar o homem que segundo descrição da suspeita teria aproximadamente 50 anos, usa várias correntes de ouro, seria agiota e circula em uma S10 branca, a qual teria fornecido apenas os quatro números do veículo. Ela também disse que ele estava com duas armas dentro do veículo.
Segundo o delegado Gianmarco, o tráfico de órgãos é uma das hipóteses da investigação diante da perspectiva de saída da criança do Estado, que seria levada até Porto Seguro, na Bahia, onde a mãe da suspeita mora, e devido a uma informação contida no depoimento da sequestradora, quando ela pergunta a pessoa que supostamente teria “encomendado” a criança, o que seria feito com o bebê, se ele seria morto e recebe como resposta “mais ou menos”.
“Então essa parte do interrogatório abre também a possibilidade de estarmos lidando com tráfico de órgãos. Mas não há nada concreto no inquérito que diga que é tráfico de órgãos. Não podemos fechar a investigação, sem esclarecer isso. Temos que deixar ela aberta até avançarmos e descobrirmos, no próximo passo, o suspeito. Aí vamos saber se é magia negra, se é tráfico de órgãos ou outra situação envolvendo esse grave fato com esse bebê”, esclareceu o delegado. “Ainda não é possível confirmar se há uma rede por trás disso”, completou Paccola.
Durante seu depoimento, o delegado Ivar Polesso forneceu detalhes colhidos informalmente durante a condução da presa a Central de Flagrantes, mas que muitos não foram formalizados no interrogatório.
O deputado federal José Augusto Maia disse que a CPI foi instaurada no ano passado, antes da novela ‘Salve Jorge’ que trouxe à tona à discussão de um crime antes desconhecido pela maioria das pessoas. “O tráfico de pessoas é uma rede muito organizada, que envolve muito dinheiro. Há denúncias de 25 mil dólares por uma criança. A CPI tem contribuído para que pessoas que antes não faziam denúncias e depois da CPI passou a fazer, que tem contribuído para tentar acabar com essa rede criminosa”, destacou.
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