Vagner Basilio
Psicólogo fala da necessidade de cuidados com a criança vitimada e com a família
Os casos de violência sexual, principalmente contra menores, tem assustado a população e acendeu um sinal de alerta para a sociedade. Em sua grande maioria, esses crimes são cometidos dentre as paredes seguras do lar com o agressor em contato direto e livre com a vítima.
O assunto voltou aos jornais neste final de semana, depois que duas crianças, um menino de apenas um ano e uma menina de quatro, foram vítimas de abuso sexual em São João da Barra. Os dois casos foram registrados na delegacia do município. No primeiro, não há indícios sobre o autor, já no segundo, o principal suspeito é o companheiro da avó materna da menina.
No início do mês, dois casos foram registrados em Campos. Desta vez, tendo como vítima dois meninos de 12 anos. Os casos foram registrados no Parque Prazeres e na localidade de Conselheiro Josino, um com autor não identificado e outro tendo um vizinho como suspeito.
A delegada titular da 145ª Delegacia Legal de São João da Barra, Madeleine Farias explicou que não é percebido um aumento no número de casos de violência sexual. Segundo ela, de janeiro a maio do ano passado foram registrados 10 casos no município enquanto no mesmo período deste ano, foram seis ocorrências. Para ela, esse é um tipo de crime difícil de conter, mas ainda assim, dos seis casos registrados, quatro foram solucionados, com inquérito concluído pela Polícia Civil e quatro dos suspeitos já tem mandado de prisão expedido e cumprido.
“Esses crimes acontecem, em sua maioria, dentro do ambiente familiar, por isso, é mais difícil de ser repreendido. A forma que temos é dando combatividade e repercutindo essas prisões”, esclareceu a delegada que acredita que, diferentemente do que ocorria antes, os casos tem ganhado mais destaque na mídia, dando a sensação de aumento no número de casos, o que não foi constatado na prática.
REDE DE PROTEÇÃONos casos citados em que se descobriu a possível autoria do crime, os indícios foram as marcas deixadas pela agressão e a mudança de comportamento, esta segunda, em muitos casos, pode ser o principal ou o único sinal de que algo grave pode ter acontecido. De acordo com o psicólogo Luiz Antônio Cosmelli, a mudança de comportamento é um alerta frequente dado pela vítima de abuso sexual.
“É normal a criança mudar o comportamento e o sinal pode ser ficar isolada, triste, agressiva chorosa, isso por que ela não consegue falar e nem elaborar o que significa o que aconteceu. Esses atos vem sempre acompanhado de ameaça, dor, medo até mesmo da família. A criança fica espremida em uma situação delicada e a família também deve ser acolhida. Em sua maioria, esse agressor é uma pessoa confiável, tem confiança e poder sobre a criança é também sedutor, dá presentes a criança e tem muita lábia”, alertou o psicólogo.
Luiz Antônio revelou ainda que a vítima e a família devem ser acompanhadas por profissionais qualificados para lidar com tal situação. As informações são colhidas de maneira lúdica e mesmo após o êxito, é preciso um acompanhamento que ofereça suporte psicológico à vítima. Ele acrescentou ainda que há registro na literatura que indicam que o agressor quase sempre também foi vítima de abuso e teve a trágica experiência reprimida.
VIOLENCIA SEXUAL NO ESTADO
Em audiência realizada na última semana pelaComissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro(Alerj), dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostraram um crescimento 24% maior nos casos de violência sexual em 2013, em comparação ao ano de 2012, quando 6.029 pessoas foram vítimas de estupro.
Em audiência realizada na última semana pelaComissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro(Alerj), dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostraram um crescimento 24% maior nos casos de violência sexual em 2013, em comparação ao ano de 2012, quando 6.029 pessoas foram vítimas de estupro.
O mesmo estudo mostrou que 51,4% dos casos podem ser classificados como estupro de vulnerável, com vítima classificada com idade de zero a 14 anos. Estima-se ainda que 51,1% dos agressores tinham relações próximas com a vítima e 29,7% possuíam relação de parentesco.
Na mesma ocasião, a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha apresentou um relatório revelando que de janeiro a abril de 2013 foram registrados 1.822 casos e 70 pessoas foram presas pelo crime.