15% dos processos de violência em casa são oriundos de abuso sexual


Do total de cinco mil processos que envolvem violência doméstica em tramitação na Promotoria da Mulher no Estado do Piauí, 15% se enquadram em casos de violência sexual contra mulheres. Em virtude do grande número de casos de constrangimento físico às mulheres, a Câmara Municipal de Teresina realizou, ontem (14), audiência pública para discutir a temática e cobrar dos demais poderes mecanismos de combate a este tipo de violência.
A audiência pública é o encaminhamento de outra temática discutida em abril deste ano sobre a violência contra a mulher e, segundo a vereadora Rosário Bezerra, presidente da Comissão de Assuntos da Mulher, a discussão tem o intuito de discutir medidas de atendimento e de proteção para as mulheres que denunciarem práticas de violência através do telefone 180.
Atualmente, em Teresina, existe apenas uma casa de abrigo que se destina a acolher mulheres vítimas de agressão física e sexual e, para a vereadora, o ideal é que ocorra uma ampliação dessa medida de proteção e se desenvolva outras, como a implantação do botão do pânico e o uso de tornozeleiras no agressor.
“Precisamos de instrumentos protetivos da dignidade da mulher. Em alguns estados já se utiliza o botão do pânico, no qual a mulher, quando está sofrendo algum tipo de violência, aciona o botão e avisa a polícia sobre a agressão. A medida da tornozeleira já está sendo utilizada e é necessário que ocorra uma ampliação. Com relação às delegacias especializadas que já funcionam na capital, é importante cobrarmos para que passe a ter plantões 24 horas para atendimento da população”, destaca a vereadora.
Violência doméstica é responsável por 33% dos registros criminais
O promotor de justiça, Francisco de Jesus Lima afirma que o total de processos em decorrência de violência doméstica chega a cinco mil, o que representa 33% dos processos criminais de Teresina.
 Apesar do grande número de processos que envolvem violência doméstica, o promotor afirma que ainda existe uma dificuldade em apurar os ilícitos no interior do estado e aponta uma necessidade de “interiorização da Lei Maria da Penha”.
“Em Teresina, além de existir as delegacias especializadas, as promotorias e os juízes estão preparados para receber a demanda existente atualmente. O grande problema ainda está nas cidades do interior do estado, pois somente as cidades de Parnaíba e Floriano têm delegacias especializadas. Precisamos promover a interiorização da Lei Maria da Penha para que os casos de agressão sexual possam ser punidos”, explica Francisco de Jesus Lima.
O promotor acrescenta que existe a necessidade de, nas cidades do interior do estado, ações preventivas, educativas, repressivas e de fiscalização para que ocorra a concreta aplicação da legislação pertinente ao assunto.
Fonte: Jornal O Dia