Mais de 70 mil crianças e jovens de MT estão sujeitos à exploração

Maior parte das ocorrências localizou-se nos núcleos urbanos.
Nos primeiros 4 meses, fiscalização flagrou 123 crianças na situação.

Leandro J. NascimentoDo G1 MT
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No dia mundial de Combate ao Trabalho Infantil um número preocupante: 73 mil crianças e adolescentes com idades entre 10 a 17 anos estão sujeitos à exploração ao trabalho infantil em Mato Grosso. O total representa aproximadamente 15% da população com a referida faixa etária na unidade federada, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em termos absolutos, Cuiabá e Várzea Grande (na região metropolitana) têm o maior número de casos desta natureza. Somente na capital, oito mil crianças e adolescentes foram identificadas em estágio de ocupação, o que representa 10% da população com as idades. Os números do IBGE compõem o último censo de 2010 e revelam um cenário preocupante na avaliação do superintendente regional do Trabalho e Emprego, do Ministério do Trabalho e Emprego no Estado (MTE), Valdiney Arruda.
A maior parte das ocorrências localizou-se nos núcleos urbanos, com crianças atuando em funções tais como ambulantes, carga e descarga. Todas em estágios irregulares, já que perante a lei podem ser criados registros formais de emprego a partir dos 16 anos. 
"A exploração infantil está relacionada ao não respeitar a criança e o desenvolvimento que deveria ocorrer nesta etapa da vida. É um número grave, pois a exploração precisa ser compreendida, já que não falamos apenas em um aspecto físico, mas muito além. Um fator que influencia na evasão escolar, por exemplo", afirmou em entrevista.
De acordo com o IBGE, 80% das crianças e adolescentes que vão para o trabalho irregular têm entre 14 a 17 anos. Outros 20% entre 10 a 13 anos. "Quando uma criança ou um adolescente é submetido à exploração ao trabalho ele é tratado como um adulto em uma relação de trabalho. Em muitos casos, trabalho precoce é sinônimo de envolvimento com a violência", avaliou ainda o superintendente.
Fiscalização
Nos primeiros quatro meses deste ano a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Mato Grosso flagrou 123 crianças e adolescentes sujeitos à exploração ao trabalho infantil.Poconé e Barra do Bugres, cada uma com 40, concentraram os casos.
Do total de resgatados, 70 estavam no setor formal, quando há negligência pelas empresas da utilização de mão de obra infantil, enquanto outros 53 no informal. Agentes públicos querem construir em parceria um plano de prevenção e combate à exploração de crianças e adolescentes. O foco deve ser principalmente a prevenção. Cuiabá e Várzea Grande devem formar as propostas em conjunto com o Ministério do Trabalho e Emprego.