Câmara de Maceió discute medidas de combate ao trabalho infantil

Plenário da Câmara Municipal de Maceió
A Câmara Municipal de Maceió realizou nesta sexta-feira (14/06), uma audiência pública que discutiu o combate à exploração infantil. A sessão foi proposta pela vereadora Heloísa Helena (PSOL), que lamentou o não cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente.
“Já são quase 23 anos de Estatuto e a gente continua vendo as mesmas coisas”, desabafou a vereadora, ressaltando que espera garantir recursos em emendas à Lei de Diretrizes Orçamentárias 2014 que iniciará suas discussões na próxima segunda-feira (17/06), em uma audiência pública na Fits, em Cruz das Almas.
A secretária de Estado da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos, Kátia Born, participou da audiência pública e salientou a necessidade da construção de mais creches na capital. “É a principal forma de proteger as crianças. Os pais vão trabalhar sabendo que seus filhos estarão sendo bem cuidados”, destacou a secretária.
Representando o Ministério Público do Trabalho (MPT), a procuradora Rosimeire Lôbo destacou que a principal proposta da Coordenadoria de Combate ao Trabalho Infantil é a aproximação com a sociedade, trabalhando em parceria e atuando através do diálogo junto ao conselho titular.
A diretora de Proteção Social Especial da Secretaria Municipal de Assistência Social de Maceió (Semas), Vânia Barros, destacou a parceria da secretaria com os Conselhos da Criança e do Adolescente e com os Conselhos Tutelares e falou do trabalho que vem sendo realizado pela Semas.
“Nossa parceria com os conselhos é muito importante. A Secretaria tem metas traçadas e já tem bons resultados do trabalho realizado pelo Peti. Além de boa vontade, nós temos comprometimento de uma gestão que coloca como prioridade a proteção especial às crianças e contamos com parceiros que, assim como nós, também querem mudar a realidade de Maceió”, disse Vânia.
Valdomiro Pontes, coordenador-geral de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente e presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Maceió, cobrou maior participação e engajamento das autoridades, ressaltando que é dever de todos combater este crime.
“Mesmo em uma audiência como esta, a participação dos políticos e autoridades é muito pequena. Isso é grave. Criança é prioridade, está na constituição. Criança tem que dar trabalho e não trabalhar”, expôs o coordenador.
O presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente, Cláudio Soriano, trouxe à sessão dados da real situação do trabalho infantil doméstico no Brasil. Segundo Soriano, em 2011, das 3,7 milhões de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, 57,5%, ou seja, 2,1 milhões de crianças e adolescentes trabalhavam e ainda eram responsáveis pelas tarefas domésticas em suas próprias casas. Outro dado importante relatado pelo presidente do Conselho é que em 2011, 93,7% do universo de crianças e adolescentes ocupados no trabalho infantil doméstico são meninas e 67% são negros.
A juíza Fátima Pirauá afirmou que o judiciário alagoano está preocupado com a situação e se colocou à disposição para mobilizar juízes do interior do Estado ajudando no combate à exploração infantil. Falou ainda da importância dos conselheiros tutelares como porta de entrada, pedindo apoio do Executivo. “Nossos adolescentes precisam que a rede de apoio seja efetivada” concluiu.
A delegada Bárbara Arraes falou do papel da polícia na implementação de parcerias com Ministério Público do Trabalho e o Conselho Tutelar agindo em denúncias com crianças que são exploradas.
A deputada federal Rosinha da Adefal (PTdoB) lembrou que enquanto vereadora conseguiu aprovar o Dia Municipal ao Combate do Trabalho Infantil (12/06) e falou da necessidade de resolução dos problemas através de recursos. “Vamos propor emendas e cobrar que elas sejam executadas e respeitadas pelo Executivo”, finalizou a deputada.
 
por Roberto Lopes com informações de assessorias