Mala preta para Lúdio Cabral

onéia Vaz
 
     Todo mundo sabe: “mala preta”, entre várias possibilidades, é um jargão brasileiro, na política e no futebol, usado para definir aquele dinheiro de compra da “vontade” e “atitude” (leia-se “voto”, “projetos”, “assinaturas”, “gols”, etc.) de alguém ou de várias pessoas, de forma que percam a “jogada” em favor do pagante.
     
     Tendo como base os noticiários do Brasil inteiro, existe também “mala branca”, que pode ser exemplificada comparativamente por meio das entrevistas publicadas do então jogador e ex-camisa 15 do time do São Paulo, atual diretor técnico do International, Fernandão. Diferente de “mala preta”, "a branca" não é moralmente perniciosa, pois trata-se daquela grana extra-salário que se dá aos jogadores para que eles ganhem a partida. (Hummm...Quer dizer que se não der a mala branca, eles podem sem culpa se sentir estimulados a perder?).
     
     Fato é que nos processos e culpas que estão imputando ao vereador de Cuiabá Lúdio Cabral, o que faltou mesmo ao citado é uma boa mala preta para esconder os documentos votados na Câmara Municipal sem sua presença e em regimes outros que superam as regras, legalidade da “urgência” e discussão obrigatória. Se antes de transitar nos corredores guardasse na maleta os documentos fotocopiados na secretaria da Câmara, Lúdio evitaria ser filmado com a ”prova” na mão, imagem que segundo alguns era a do vereador “furtando” a papelada (a que ele, por lei, tem direito de acesso irrestrito, vale acrescentar!).
     
     Há quem diga que, na verdade, a votação, e os termos do projeto de lei como um todo, é que é “mala preta”, acho que naquele outro sentido popularmente conhecido como sendo de “conteúdo misterioso”. Ou, trocando em miúdos, “não-público”, que coloquialmente pode ser entendido como de “interesse privado”, que é outra história se formos pensar bem.
     
     Há quem jure que a questão é de “mala branca”. Outros de “malas sem alça”. Sinceramente, desta parte nada posso afirmar ainda. E, vamos ser sinceros, provas documentais, a forma inconstitucional e às vezes ilegal com que o legislativo lida com documentos e projetos, que são essencialmente de teor público, tanto no processo de formatação da legislação quanto nos propósitos, são justamente um dos grandes motes da discussão. Inclusive privatização ou não da Sanecap é uma questão seqüencial e muito secundária na moral desta história e de vários outros casos nesta esfera.
     
     Para Lúdio Cabral, apenas um conselho: “mala-preta” para guardar os documentos até que você esteja em praça pública com a legítima interessada nesta papelada: a sociedade (assim se evita cenas tão comprometedoras como aquelas em que o senhor foi visto, caro vereador, tentando tornar o processo transparente!).
     
     No mais, mala preta ou mala branca, independente da cor e de quem a leva, o que conta é o conteúdo e o objetivo de quem carrega a maleta e comanda a pasta - seja no legislativo, executivo, judiciário e em qualquer instância. Por que na confusão e diante de muitas provas dúbias, vale dizer que a essência ficou clara nas atitudes demonstradas, ainda que o voto no Brasil continue trilhando mais caminhos obscuros, que elegendo políticos, causas e projetos em prol da sociedade e do TODO.


Honéia Vaz é jornalista em Cuiabá-MT.

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