Estudantes ocuparam tribuna para defender passe livre integral e redução da tarifa
LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
Sob pressão de manifestantes, a Câmara de Cuiabá aprovou, por unanimidade, em sessão ordinária na manhã desta quinta-feira (27), cinco projetos de lei relacionados ao transporte público na Capital. A colocação dos projetos em pauta foi resultado de acordo entre o presidente da Câmara, João Emanuel (PSD), e os estudantes que participaram do “Ato em Defesa do Transporte Público e pelo Cumprimento da Lei do Passe Livre”.DA REDAÇÃO
Alguns representantes do movimento ocuparam a tribuna da Câmara de Cuiabá durante a sessão de hoje para pedir aos vereadores providências sobre a pauta de reivindicações relacionadas à qualidade do transporte e à aplicação integral da Lei do Passe Livre.
Os projetos aprovados foram: passe livre para alunos de pós-graduação, cursinhos pré-vestibular, supletivos e cursos técnicos; passe livre estudantil nos dias em que as instituições de ensino informarem a existência de atividades educacionais, esportivas e culturais; aumento do tempo de integração de 1h30 para 2h30; proibição da dupla função do motorista, que fica impedido de cobrar a passagem; e liberação do pagamento da passagem em dinheiro (atualmente os ônibus só funcionam com o cartão-transporte e sem cobrador).
A iniciativa dos dois projetos relacionados à cobrança da passagem dentro do ônibus foram do vereador Dilemário Alencar (PTB), enquanto o projeto que aumenta o tempo de integração foi proposto por Juca do Guaraná (PTdoB). Porém, na tentativa de capitalizaram eleitoralmente com as medidas e não permitir que somente alguns parlamentares fossem “os pais das crianças”, todos os vereadores presentes assinaram os cinco projetos.
Os manifestantes, porém, consideram as pautas colocadas em votação insuficientes para atender às demandas do movimento. Eles cobram, ainda, melhora na qualidade do transporte público e redução da tarifa.
"Está claro que o sistema de transporte só serve para o lucro dos empresários. Precisamos de um transporte que não seja mercadoria, que não permita o lucro perverso dos proprietários em detrimento da qualidade do transporte, que hoje é desumano"
A coordenadora-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Viviane Motta, afirmou na tribuna que o valor da tarifa de ônibus em Cuiabá, que hoje custa R$ 2,85, é abusivo. A passagem custava R$ 2,70 até dezembro do ano passado, quando foi aumentada para R$ 2,95. Na semana passada, o prefeito Mauro Mendes (PSB) anunciou a redução de R$ 0,10 no valor da tarifa, com base em isenção tributária concedida pelo Governo Federal.
“Está claro que o sistema de transporte só serve para o lucro dos empresários. Precisamos de um transporte que não seja mercadoria, que não permita o lucro perverso dos proprietários em detrimento da qualidade do transporte, que hoje é desumano”, disse.
“O aumento da tarifa exclui milhares de trabalhadores do sistema de transporte. Queremos uma redução maior que o valor ínfimo de 10 centavos. Exigimos da Prefeitura e da Câmara a revogação imediata do aumento da tarifa, fim da restrição do passe livre estudantil. A restrição do passe livre em dias que não tem aula restringe o acesso à educação, cultura e lazer”, disse a líder estudantil.
“Estamos aqui pedindo a revogação da tarifa, mas nossa demanda é muito maior. Queremos um transporte público, com funcionários públicos, sem concessão. Nossas palavras de ordem são ‘Eu não sou otário, não vamos pagar o lucro dos empresários’”, disse o estudante Luan de Oliveira, do DCE da UFMT.
Ato pelo transporte público
Cerca de mil pessoas fizeram o trajeto entre a Praça Alencastro e a Câmara de Cuiabá, no protesto de ontem à noite, e cobraram melhorias no transporte coletivo, redução da tarifa e ampliação do passe livre estudantil. Ao final da passeata, cerca de 100 manifestantes montaram acampamento na frente da Câmara.
Porém, devido à chuva, a vigília foi inviabilizada, e os manifestantes deixaram o Palácio Paschoal Moreira Cabral, retornando ao local na manhã de hoje, para pressionar os vereadores durante a sessão.
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