Cuiabá, berço das sucatas

PAULO ZAVIASKY

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Cuiabá, berço das sucatas

Antes, um registro daquilo que afirmei aqui mesmo, tempos atrás, sobre o lobby-máfia do BRT que entraria com força total nos gabinetes de Brasília e da Agecopa para tentarem implantar em Cuiabá esse lixo, com as sobras dessas geringonças latas-velhas.

Entupiram minha caixa postal afirmando que eu estava sonhando com chifres nas cabeças de cavalos. Pois, agora, o governador Silval Barbosa, o presidente da Agecopa, Eder Moraes e o próprio presidente da Assembleia Legislativa deste Estado, deputado José Riva, denunciam pressões solertes de grupos que não respeitam a vontade popular.

Sonham em empurrar em Cuiabá os restos dos ferros-velhos dos BRTs que não deram resultado no mundo inteiro para esta capital ficar conhecida como berço das sucatas. O detalhe do menosprezo a nossa intelectualidade foi e está sendo o detalhe insistente sobre os estudos primários do BRT e a impossibilidade de mudarmos, agora, para outro modelo de racionalidade.

Mas, nem mencionam a tristeza de nosso povo para a primeira e grande mudança já feita que foi aquele estádio apresentado à Fifa, lindo e moderno e noutro local, para esse puxadinho de pobre com toneladas de ferro, sem cantos, retangular e enterrado no mesmo charco imundo, pântano eterno onde o “Verdão” afundava doze centímetros, sozinho, por ano.

Ora, essa primeira mudança deixaram acontecer e torcem para que fique assim mesmo, pois o povo, até agora, não urrou e só o fará quando levar o grande susto ao ver a geringonça de ponta de rua que tentam edificar em cima dos escombros do estádio “Verdão” que já tivemos.

A desculpa é abrigar outros esportes, esquecendo-se que bem ao lado construíram um outro novo estádio futurista com o nome de Aecim Tocantins.

Por isso, os legislativos que poderiam fazer alguma coisa perderam a força no Brasil e se tornaram apenas receptores de críticas e quartel de escândalos à mercê do único poder que existe no país que é o Judiciário, que atualmente legisla, executa, orienta, pune, roga praga, é vitrine de vidro, pune, prende e arrebenta e, entre outros tantos, até brinca de esconder as chaves dos cofres do dinheiro público, impedindo cidades de desenvolverem ou sanarem graves problemas de saneamentos, inclusive do PAC do Lula e da Dilma, reféns, hoje, do Judiciário por causa do livro que só será publicado após a ditadura sindicalista, intitulado “Falta alguém no Carumbé”.

E pensam que o Judiciário gosta disso? Ao contrário, sabe que as pragas do povo que antes eram repartidas entre os três poderes são canalizadas, hoje, apenas nele, a bola da vez, como culpados pelos pecados do mundo.

A solução apresentada pelos intelectuais cientistas políticos, como Hebe Camargo, Silvio Santos, Datena, Luciana Gimenez e Jô soares de jogarem uma bomba atômica no Brasil e depois reconstruir tudo, começando do zero, é impossível, por causa da teoria da relatividade cuiabana descoberta pelo saudoso locutor da TVCA, Afrânio Borba, que publicou seus estudos afirmando que tal ato desmoralizaria a bomba atômica, pois todo mundo ficaria sabendo que tudo já está destruído por aqui, porque as fotos do antes e depois não mostrariam diferença alguma.

Catedral, pontes, estádio, centro histórico, tudo destruído por dinamites ou pela própria natureza. Por isso, o Poder Judiciário luta com garra hoje em dia, tentando restabelecer a hegemonia, a harmonia, a independência e os poderes do Executivo e do Legislativo a fim de que a República, a democracia e a cidadania do povo brasileiro sejam restauradas.

A solução ideal e fácil que até eu conseguiria tal festa para a paz e alegria do povo seria anunciar que o novo estádio seria aquele mesmo anunciado para a Fifa da primeira vez. Porém, sem aditivos e sem propinas. E bateria o pé ou o martelo no VLT do mundo moderno. Mas, para isso dispensaria as propinas que andam espalhando por aí, que andam distribuindo para trocar o moderno por sucatas.



* PAULO ZAVIASKY é jornalista

verpz@terra.com.br