Pedofilia:Juiz é investigado por abuso sexual

Reportagem teve acesso aos depoimentos das supostas vítimas, entre elas uma menina de 9 anos






Corregedoria apura caso e magistrado não quis se pronunciar; ele foi transferido do município





Raquel Ferreira

Da Redação



O juiz Fernando Márcio Marques de Sales, da comarca de Paranatinga (373 km ao sul de Cuiabá), é investigado por abuso sexual de crianças e adolescentes da cidade, onde atua há 6 anos. A reportagem teve acesso aos depoimentos de vítimas, incluindo uma menina de 9 anos, colhidos pela Polícia Federal que afirma que encaminhou os documentos para o Ministério Público. O juiz disse que não irá se pronunciar sobre o assunto.



A Corregedoria-Geral de Justiça confirmou que recebeu representações contra Sales e está apurando o caso. Um juiz está na cidade fazendo sindicância.



O magistrado será transferido para a cidade de Cotriguaçu (950 km a noroeste de Cuiabá), de acordo com a portaria n.º 687/2010, divulgada dia 11 de agosto no Diário da Justiça Eletrônico. E a Corregedoria justifica que a medida é necessária pela carência de juiz no município. O jornal A Gazeta teve acesso aos depoimentos da adolescente B.S.B., 17, da menina A.S.V., 10, e da mãe dela, M.S.X., 31.



As declarações de B. são que o juiz oferecia dinheiro e benefícios em troca de relações sexuais com adolescentes de bairros pobres da cidade. Ela afirma que uma outra adolescente, citada no depoimento somente pelo primeiro nome, arrumou 4 amigas, todas menores de idade, para sair com o magistrado.



B. diz que conheceu Sales quando tinha 15 anos. Na ocasião, ela estava em companhia da prima J.A.O.P., na época com 12 anos. As duas saiam do Clube Denise quando foram abordadas pelo investigado que ofereceu carona e as levou para a casa dele, onde acariciou as nádegas de J. e os seios de B., além de comentar sobre o interesse de transar com elas. J. contou que era virgem, despertando ainda mais o interesse do juiz. Na ocasião, nada aconteceu e ele presenteou R$ 100 para cada uma das jovens.



Dias depois, o magistrado entrou em contato com B. e marcou um encontro na casa dele com as primas, mantendo relações sexuais com as duas. Conforme o depoimento da adolescente, ela e o juiz transaram na frente de J., que também terminou cedendo às investidas de Sales, diante da promessa de ser presenteada com um computador, que nunca recebeu. B. confirma que saiu outras vezes com Sales, mas nunca ganhou nada em troca mesmo diante de várias promessas.



Como se interessou pela irmã caçula de J., a menina A.S.V., 10, o juiz ofereceu a B. um notebook e um book de fotos por um encontro com a criança. A. contou à PF que o magistrado tentou beijá-la na boca, tirar a roupa da criança e tocar a vagina. A vítima reagiu e começou a chorar de medo. Na época, ela tinha 9 anos.



Relatos da criança dão conta que ela e a prima seguiam para o Clube Denise quando o magistrado apareceu de carro e ofereceu carona. A menina entrou no veículo por determinação de B. Embora tivesse afirmado que levaria as duas ao clube, o juiz teria seguido para uma região conhecida como Cohabinha Nova, em um mato. No local, Sales tentou agarrar a menina, mas não conseguiu e também não a forçou. O depoimento aponta que ao deixar as jovens no mesmo local onde as havia encontrado, Sales pediu que B. levasse A. até a sua casa à noite, oferecendo R$ 200 para transar com a criança.





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