Comerciantes fecharam as portas, e passeata pedia paz em uma das cidades mais violentas do Interior
Tabuleiro do Norte. A cidade considerada uma das mais perigosas do Interior não tem juiz, promotor de Justiça, nem defensor público. Tem bandidos e, assim, muitos crimes a combater e temer. Tem polícia, mas somente três militares por turno fazendo o patrulhamento.
A população de Tabuleiro do Norte já estava assustada com a onda de assaltos e homicídios no município e, com a trágica morte do conterrâneo Kelbson Diógenes, 28 anos, engenheiro civil vítima de assalto em Fortaleza, o sentimento de insegurança e de desolamento só aumentou.
Os comerciantes fecharam as portas, ontem, em protesto por reforço no policiamento. Mais de 2 mil pessoas participaram da caminhada pela paz. A palavra mais pedida pelos moradores da cidade pequena era insegura.
Tristeza e alívio foram dois sentimentos que moveram os moradores de Tabuleiro do Norte, no Vale do Jaguaribe. Dois lados de uma mesma realidade foram velados na cidade de 30 mil habitantes: o corpo do engenheiro civil Kelbson Diógenes e o do assaltante Edinardo de Castro, de 23, morto após realizar uma série de assaltos e levar pânico aos moradores e comerciantes desta cidade. Só parou ao ser ferido na troca de tiros com a polícia. Morreu na madrugada de ontem.
Enquanto as duas famílias sepultavam os corpos dos dois jovens, a caminhada pelas ruas da cidade mobilizou crianças e adultos, estudantes e empresários, com apitos e faixas de protesto: querem juiz permanente, promotor de Justiça, mais policiais e mais viaturas.
Almerinda Chaves olhou a multidão da calçada de casa. Apoia a mobilização, só não acredita que vão fazer “alguma coisa”. Perdeu um filho vítima de violência há oito anos. Pensou nas duas mães que, ontem, velavam e sepultavam os corpos dos filhos jovens de caminhos tão diferentes - um, assaltante; o outro, vitima de um assalto.
A caminhada pela paz teve como destino a audiência pública realizada pela Câmara Municipal, Prefeitura,
comerciantes e autoridades da segurança pública. “Só aumentar o policiamento não vai acabar com a bandidagem. Não adianta ter polícias militar e civil e não ter um juiz diariamente, um promotor. Esse time tá incompleto”, afirmou o tenente-coronel Edder Sidney, comandante do 1º Batalhão de Polícia Militar (BPM), sediado em Russas.
Ameaças
A vara de Justiça de Tabuleiro do Norte está sem juiz permanente desde que a juíza titular foi transferida, no ano passado, após ser ameaçada de morte por pistoleiros, que deram até o prazo para o assassinato. Uma força-tarefa policial gerou a prisão dos supostos planejadores da morte da magistrada. Foi cobrada da Prefeitura de Tabuleiro a criação de Guarda Municipal. O prefeito Raimundo Dinardo disse existir projeto municipal de cooperação com a segurança pública.
O comandante militar complementou a reivindicação popular com outro pedido: “procurem saber o que seus filhos estão fazendo altas horas da noite. Vejam no que vocês podem estar errando. Cada um deve saber até que ponto está falhando no contexto da segurança pública, que não é feita só com polícia”.
O delegado do departamento de Polícia do Interior, Jocel Dantas, disse que viaturas já compradas pelo Governo do Estado para a Polícia Civil serão transferidas para o Interior.
A delegada de Polícia Civil de Tabuleiro do Norte, Adriana Teixeira, foi a mais ovacionada pelos manifestantes na audiência pública, depois da troca de tiros e consequente captura do assaltante Edinardo de Castro. Uma carta com uma série de reivindicações dos comerciantes e moradores foi entregue ao delegado Jocel Dantas para que encaminhe ao Governador Cid Gomes.
Cerca de 130 estabelecimentos não funcionaram ontem. Até o fechamento desta edição, nenhuma ocorrência foi registrada na Unidade de Segurança Integrada (USI) de Tabuleiro.
Melquíades JúniorRepórter
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