Fantástico denuncia vendas ilegais de lotes em Sorriso/MT; Servidor do Incra pode ter envolvimento

Foto: Reprodução Vídeo
De acordo com a matéria, as terras destinadas pelo governo a famílias carentes são vendidas irregularmente e transformadas em grandes mansões e sítios destinados ao lazer.
 

O programa global, Fantástico, exibido ontem (24.07), denunciou as vendas irregulares de terras destinadas a assentamentos no programa de reforma agrária em Sorriso (a 418 km de Cuiabá). De acordo com a matéria, as terras destinadas pelo governo a famílias carentes são vendidas irregularmente e transformadas em grandes mansões e sítios destinados ao lazer. 
Muitos assentados que receberam as terras do governo para produzirem, estão se desfazendo dos lotes por uma boa quantia de dinheiro. O maior problema é que as terras são distribuídas a famílias que em sua maioria não tem condições de produzirem, e com isso, acabam vendo na terra uma forma de ganhar um dinheiro extra. 
Outro fator que colabora é a falta de fiscalização do Incra, isso faz com que os proprietários dos lotes ignorem o real motivo da doação das terras pelo governo: que é plantar e produzir. 
Por esses motivos, que em Sorriso é comum ver placas de “vende-se” em terrenos proibidos de serem vendidos. Segundo a reportagem do “Fantástico” um dos lotes, com a placa, está no nome Bernardete Bem Manchio. Ela tem uma boa casa na cidade e quer ganhar dinheiro com a terra, que não pode ser vendida. R$ 130 mil, este é o valor que Bernadete colocou nas terras assentadas.
A equipe do Fantástico também encontrou outro assentado interessado em passar o lote adiante. O proprietário, identificado como Sena pede R$ 140 mil pela área e diz que está barato. “Eu quero dez conto o hectare. Sabe por que eu quero vender? Porque eu quero aproveitar. Sou viúvo e quero mexer com outras coisas”, diz. 
Sena revela que tem esquema com alguém dentro do Incra para acobertar a venda. Um homem com apelido de Brito. Brito é Lionor da Silva Santos, subchefe do Incra regional. Por telefone quando o repórter disse que queria comprar o lote de Sena, Brito respondeu: “Eu vou informar aqui no escritório. Por telefone não vou informar nada, não”. 
De acordo com Sena, basta oferecer uma propina para Brito que ele dá um “jeitinho” de transferir o lote para o novo comprador, mesmo que isso seja ilegal. “Chegar nele e falar: ‘Brito, vou vender meu lote e passa para o nome dessa pessoa aí. Dá uns troquinhos para ele e acabou. Falei, tu vai situar no meu nome? Tem um chorinho, falei quanto que é? Dois mil”, relatou. 
Mesmo tendo conhecimento que a venda do lote é ilegal, Sena não se intimida. “Quem pega terra do Incra não pode vender. Vendem porque são teimosos. Aqui já venderam 50 lotes”, diz. 
Ainda, este não é o primeiro lote que Sena vende ilegalmente. “Esse é o segundo lote que eu tenho. Eu tinha no Ipiranga. Vendi. Não tive problema nenhum. Só que eu peguei aqui no nome da minha filha porque eu não podia pegar mais. No Incra, você pega uma vez, se você vendeu, você não pega mais”. 
Outro assentamento que se encontra a venda ilegalmente possui na placa o nome de Gabriel. Ele é filho do dono de uma madeireira. Quando fala sobre a compra da área, ele menciona Brito. “Até falei com ele: ‘Brito, o que nós temos que fazer mais?’ Ele falou: ‘Os documento estão aqui, tem que só esperar os rapazes irem aí’. Fui direto lá”.
“Aqui tem a declaração de desistência do Seu Darci”, diz Gabriel. O documento que ele entrega é uma carta de desistência. Nele o assentado diz que não tem mais condições de trabalhar na terra. A área deveria ser destinada a outro agricultor que precisasse trabalhar. Mas acaba indo para o comprador. 
José Carlos Suzin, o Carlão, é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Ele conta que o segredo para enganar o Incra é colocar um laranja morando na terra para passar pela vistoria. “Se seu funcionário tem perfil agrícola, não tem bens, não é funcionário do Estado ou não tem terra no nome, o que pode inviabilizar são esses fatores”, lembra.
Para justificar o comércio ilegal de lotes o presidente do sindicato argumentou a pobreza dos proprietários. “O Incra tem mania de botar família de pobre em cima de terra, pobre em cima de terra não produz nada”, argumenta o presidente do sindicato para justificar o comércio ilegal de lotes. 
Ameaças - Por denunciar as falcatruas na região, Dinéia de Souza Costa, presidente da Associação Pós-Terra, sofreu ameaças e teve a casa incendiada. Perdeu tudo, menos a vontade de falar. “A intenção é que eu desista do assentamento porque eu sou calo no pé de muitos aqui, não participo da venda do lote, sou contra a venda do lote e a favor do Incra retomar o lote de quem vendeu e dar para quem está na lista de espera”. 
Dados - Vale destacar que no final do ano passado, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) realizou um estudo e constatou que 38% do total de 924 mil famílias já instaladas em assentamentos da reforma agrária no Brasil não conseguem obter com seu trabalho sequer um salário mínimo por mês.

por Rojane Marta/VG Notícias

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