Na tarde de 20 de julho, toca o telefone do escritório da Interpol no Rio Grande do Sul, na sede da Polícia Federal (PF), em Porto Alegre. Eram policiais de Rio Grande solicitando checagem sobre integrantes de uma quadrilha dos Bálcãs presa com 62 quilos de cocaína no Cassino.
Sem muito esforço, os agentes acessaram o site www.interpol.int, despacharam dois e-mails e puseram em movimento as engrenagens da mais temida organização de combate ao crime. Em Lyon, na França, policiais passaram a rastrear os passos dos bandidos.
Foi assim, também, que uma rede internacional de pedofilia foi desbaratada na terça-feira passada. Em cooperação com a Polícia Criminal de Baden-Württenberg, na Alemanha, uma operação da PF foi realizada no Brasil contra a produção e difusão de vídeos com imagens de abusos de crianças e adolescentes. Iniciada em território alemão em junho de 2009, a investigação resultou na prisão de 20 suspeitos.
Agora é assim. Mediante cliques no mouse, policiais gaúchos conseguem descobrir se o velhinho que mora ao lado da mercearia em Santana do Livramento é acusado de crimes de guerra no Uruguai ou se o estrangeiro que mora em um residencial paradisíaco na Espanha é o homem que queimou viva sua mulher em Novo Hamburgo.
A Organização Internacional de Polícia Criminal, mais conhecida como Interpol, com sede em Lyon, é uma entidade virtual formada por policiais federais de 188 países.
De um ano para cá, pelo menos três traficantes gaúchos de renome internacional, um traficante paraguaio e um militar reformado acusado de crimes de guerra foram presos mediante troca de informações do Brasil com outros países. A notoriedade dos casos fez com que a demanda de serviços saltasse. A seção gaúcha da Interpol investigou 129 casos em 2009. Neste ano, 142 casos foram abertos apenas no primeiro semestre. Para o chefe regional da Interpol, delegado Farnei Franco Siqueira, no entanto, dá para fazer bem mais:
– Policiais do Interior podem contar conosco. Não estamos aqui para prender apenas criminosos famosos.
francisco.amorim@zerohora.com.br, humberto.trezzi@zerohora.com.br
FRANCISCO AMORIM E HUMBERTO TREZZI
A polícia que rompe fronteiras
agosto 01, 2010
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