A Gazeta consolida liderança de Magno,mas Hartung pressiona e jornal recua

José Rabelo


Foto capa: Ricardo Medeiros



Como não poderia ser diferente, o governador Paulo Hartung (PMDB) levou a melhor na queda de braço com o colunista Radanezi Amorim, do jornal A Gazeta. Na coluna Praça 8 desta quarta-feira (11), o jornalista foi obrigado a se desmentir publicamente por meio de uma nota de correção na seção reservada aos fragmentos da coluna. Tenta explicar o jornalista (ou o jornal): “A coluna de domingo (8) errou ao avaliar o cenário da disputa ao Senado com base em pesquisas de consumo interno encomendadas por partidos e políticos (...)”. Mas à frente, ele admite: “(...) a coluna publicada no domingo fez uma análise equivocada de que a disputa pela segunda vaga para o Senado seria entre o vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB) e a deputada federal Rita Camata (PSDB)”.



A errata do colunista é uma prova flagrante da interferência do governador Paulo Hartung na imprensa corporativa e no processo eleitoral do Estado, uma vez que as justificativas apresentadas pelo jornal para desqualificar a análise do colunista deixam claro que o “erramos” foi “ditado” pelo palácio Anchieta.



Na verdade, o colunista fez uma análise sensata e precisa do atual cenário político da corrida ao Senado. Apontou o crescimento da candidatura de Magno Malta e o efetivou como senhor absoluto da primeira vaga ao Senado. Em seguida, mostrou que a briga pela segunda vaga ao Senado seria disputada cabeça a cabeça por Ricardo e Rita, o que não deixa de ser óbvio.



Por ordem do palácio, para tentar desconstruir uma análise tão óbvia e inconteste, o jornal recorreu a um malabarismo um tanto mambembe. Todas as justificativas apresentadas aos leitores-eleitores do jornal podem ser facilmente desqualificadas.



Primeiro o jornal admite que foi um erro avaliar a disputa ao Senado com base em pesquisas de consumo interno encomendadas por partidos e políticos. “A Rede Gazeta tem por regra publicar apenas as pesquisas que contrata, conforme orientações pautadas pela ética e transparência amplamente divulgadas nas páginas deste jornal”. Isso não é verdade. A mesma coluna se valeu do mesmo expediente diversas vezes. E nem por isso apresentou “erratas” no dia seguinte.



Para refrescar a memória dos leitores-eleitores, eis alguns episódios recentes desta contradição gazeteana:



(...) Pesquisas de consumo interno dos partidos já tinham indicado que Serra supera Luiz Paulo (...) - 05/02/2010



(...) Essa tendência já teria supostamente aparecido em pesquisas de consumo interno divulgadas no meio político, antes da última reviravolta eleitoral. (...) - 09/05/2010



(...) Enquanto segue a indefinição sobre Casagrande, influentes lideranças avaliam que essa seria a hora do senador. Ele viria se mostrando um nome competitivo, de acordo com pesquisas de consumo interno que circulam entre os partidos. (...) - 16/11/2010



A constatação do colunista era tão consciente que ele teve o cuidado de encomendar uma charge ao cartunista Amarildo, que se encarregou de ilustrar a disputa pela “vaga” entre Rita e Ricardo.



Mais à frente, para ratificar o título da coluna (O “tempero” da disputa ao Senado), Radanezi lembra que a corrida pela segunda vaga ao Senado estava mobilizando dois importantes cabos eleitorais no Estado, Paulo Hartung e Gerson Camata. Ainda alimentando o acirramento pela segunda colocação na disputa, o colunista avisa, no desfecho do texto, que a disputa ao Senado traria novas surpresas.



Confissão de culpa



Após fazer a “correção”, o jornal abre em seguida outro fragmento (“Cenários”) para continuar justificando o erro cometido pelo colunista. “Na verdade, as duas últimas pesquisas do Instituto Futura publicadas em A GAZETA mostram um cenário diverso do traçado pela coluna. Segundo as consultas, Ferraço apareceu liderando o páreo em junho com 56,1% das intenções estimuladas de voto. Além disso, tinha o vice-governador menor índice de rejeição. Em julho, ele manteve a liderança com 57% das intenções, contra 52,6% do senador Magno Malta (PR). A candidata Rita Camata (PMDB) em todas as pesquisas manteve a terceira posição: em junho apresentava 36,9% e, em julho, caiu para 29%. Não há, portanto, com base nesses resultados, uma polarização entre Ferraço e Rita”



A segunda parte da errata é uma clássica confissão de culpa do jornal. Na contramão da grande imprensa séria do País, que publica e comenta pesquisas eleitorais de outros institutos, e não só os congêneres, o jornal A Gazeta, na inconsistente justificativa, considera apenas válidas as pesquisas encomendadas pelo grupo.



Para que não haja nenhuma dúvida a respeito da “trapalhada” do colunista, o jornal, a pedidos, publica os resultados das duas últimas pesquisas do Instituto Futura, para realçar a falsa liderança de Ricardo sobre Malta. Destaca ainda que o vice-governador é o candidato com menor índice de rejeição e lembra que Rita está em queda, portanto, não é ameaça para Ricardo.



O medo da verdade



O problema é que a análise de Radanezi tornou oficial o que o palácio Anchieta tratava como “mera especulação”. Verdade que Hartung quer transformar em mentira até 3 de outubro, custe o que custar.



Inimigo confesso de Malta, Hartung não queria, em hipótese alguma, admitir a derrota do seu candidato justamente para um dos seus rivais mais declarados. Na verdade, a coluna de Radanezi ratificou a dupla derrota do governador. Primeiro Hartung viu com desgosto Magno Malta, sem nenhum esforço, atropelar Ricardo Ferraço na corrida ao Senado. Depois, considerando que Rita também era tida como candidata clandestina do palácio Anchieta, viu a tucana crescendo no retrovisor de Ricardo. Aconteceu tudo ao inverso do que queria o governador. Malta disparado na liderança e Rita e Ricardo brigando como gata e cachorro pela segunda vaga.



O colunista apenas reconheceu uma tendência que já vinha se desenhando há muito tempo, e já não havia mais como escondê-la aos olhos dos eleitores mais atentos. Quem acompanha política de perto, sabe que a ascensão de Malta não é nenhuma surpresa. Começou no momento em que o senador teve a brilhante ideia de vestir a camisa de inimigo número um da pedofilia.





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