As aulas começaram há cerca de um mês e muitos professores já acumulam ‘pepinos' para resolver em sala de aula. Alunos indisciplinados, hiperativos e ou com dificuldade de aprendizado exigem atenção e paciência redobrada. Mas os problemas são de responsabilidade apenas da escola? Especialistas garantem que não. Na maior parte dos casos, a falha na parceria entre pais e professores é o que resulta em conflitos, seja no âmbito comportamental ou na área do aprendizado. Falta preparação e pulso por parte de educadores e familiares na tarefa de orientar crianças e adolescentes.
Para o psiquiatra e educador Içami Tiba, a educação deve ser um barco remado por pais e docentes na mesma direção. "Às vezes, os pais acabam remando contra por amarem demais seus filhos e não terem conhecimento, o que atrapalha o desenvolvimento deles", comenta. O especialista aponta a falha de alguns pais, que insistem em "mudar o mundo" em vez de adaptar seu filho a ele, por simples proteção.
Por outro lado, há o despreparo dos educadores, que aceitaram o rótulo de responsáveis e culpados pelo desenvolvimento educacional, ético e humano dos estudantes. "A escola não pode preencher responsabilidades que são dos pais, como a obrigação de fazer o dever de casa, por exemplo", destaca Içami Tiba.
Ele defende que os professores devam imponham sua moral. A escola também tem papel de observar e estar alerta quanto ao comportamento do aluno e avisar a família. "É preciso haver diálogo e cobrança, não apenas conversa", observa.
O tema é abordado no 30º livro do especialista, Pais e Educadores de Alta Performance. Segundo ele, o material oferece aos leitores dicas de fácil aplicação para formar valores e competências nos filhos e alunos.
Valores
A escola também não pode deixar de lado a função de inserir o estudante socialmente. Outra função é promover a formação ética. Essa é a visão da professora da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo), Silvia de Mattos Gasparian Colello.
De acordo com a educadora, a unidade de ensino deveria preparar, além do currículo estudantil, a formação humana. "Os educadores não estão preparados da forma adequada, por isso, ficam apagando incêndio", comenta, ao referir-se à resolução paliativa de problemas nas unidades de ensino.
Dificuldades
A falta de infraestrutura adequada e respaldo por parte dos órgãos públicos também atrapalha o processo de aprendizado, segundo a coordenadora da subsede da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) em Mauá, Rita de Cássia Cardoso. A educadora avalia que os profissionais têm dificuldade de olhar individualmente para cada aluno em uma sala de aula com até 35 pessoas. "É um número alto de crianças e jovens com necessidades diferentes", observa.
Nos casos em que o trabalho profissional e a figura dos pais não estão em sintonia e os problemas tendem a aparecer, o encaminhamento é a alternativa correta para a resolução do problema. O trabalho do professor é orientar os pais a pedir ajuda nos serviços públicos disponíveis. Na prática, todos os problemas acabam ficando para a escola resolver.
Mães se unem por auxílio a menino agressivo em Mauá
Um grupo formado por mães de alunos do segundo ano da EE Walt Disney, em Mauá, cobra das autoridades competentes - Conselho Tutelar, Diretoria de Ensino e Ministério Público - providências a respeito de um aluno considerado "problemático". Há relatos de que o garoto de apenas 7 anos agride desde colegas de sala até educadores e diretores da unidade.
O conselheiro tutelar do Conselho 2 de Mauá Lucio Cesar afirmou que agendou reunião com a mãe e dará encaminhamento para o serviço municipal mais indicado.
Segundo a Secretaria de Educação do Estado, o aluno tem transtorno comportamental e seu caso já foi encaminhado. A diretoria de ensino municipal acompanha o aluno e avalia seu aprendizado a fim de averiguar a necessidade de medidas específicas.
O Ministério Público preferiu não comentar sobre o caso por tratar-se de processo que envolve criança.
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