G1
A presidente Dilma Rousseff participa na próxima quarta-feira (29), no Paraguai, da primeira cúpula do Mercosul desde que tomou posse no cargo. Segundo o Itamaraty, a reunião do bloco formado por Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina terá pouco resultado concreto e muita “reflexão” sobre o futuro da integração regional.
“O foco será pensar o que podemos fazer para aprofundar a integração e corrigir elementos que não estão bons. Será menos de tomar decisões e mais de trabalhar nesse exercício de reflexão. Estamos criando as novas pautas”, afirmou o subsecretário-geral de América do Sul, embaixador Antônio Simões. Ele afirmou que os acordos a serem firmados serão “técnicos”.
A presidente Dilma Rousseff deve chegar a Assunção, capital do Paraguai, na manhã de terça (29). Por volta das 10h, ela terá reunião bilateral com o presidente paraguaio, Fernando Lugo. De acordo com o Itamaraty, serão assinados acordos de cooperação voltados à segurança na fronteira.
Dilma vai aproveitar o encontro para conversar sobre a aprovação no Congresso do projeto que autoriza o Brasil a triplicar o valor pago ao Paraguai pela energia excedente da usina hidrelétrica binacional de Itaipu, no rio Paraná, na fronteira entre os dois países. O aumento da tarifa era uma reivindicação do Paraguai que foi acolhida pelo governo brasileiro.. “Ela vai conversar sobre isso [Itaipu]. Era um compromisso da época do presidente Lula que foi cumprido por ela” disse Simões.
Após o encontro com Lugo, por volta das 11h, começa a reunião de cúpula do Mercosul. Às 13h, os chefes de Estado dos países presentes almoçam. Em seguida, participam de uma reunião reduzida e fazem uma declaração conjunta. A previsão é de que Dilma retorne ao Brasil ainda na quarta-feira, no início da noite.
Ajuda
De acordo com o embaixador, a mensagem de Dilma ao Mercosul será de oferecer ajuda para que os demais países peguem carona no crescimento do Brasil.
“A mensagem que a gente vai levar é a mensagem de nós buscarmos trabalhar com os vizinhos. Trabalhar com o Mercosul para reduzir a pobreza, eliminar a miséria. Não vai ter proposta até porque o formato não é este. O formato é que você vai desenvolvendo o trabalho ao longo do semestre e este semestre é mais reflexivo”, disse.
O embaixador afirmou que há um “temor” de que o Mercosul perca força como um bloco formado por um país importante em meio a nações detentoras de economias menos relevantes. Segundo ele, o Brasil representa 54% da economia da América do Sul.
“A importância relativa do Brasil em relação aos vizinhos cresceu. Ainda que tenhamos hoje no Mercosul crescimento dinâmico, a base [dos integrantes do bloco] é muito menor em relação ao Brasil. Temos que nos preocupar em inserí-los no nosso processo de desenvolvimento e fazer com que o nosso desenvolvimento leve-os a crescer mais.”
Problemas 'ruidosos’
O embaixador negou que o Mercosul esteja “sem rumo” e estagnado no objetivo de concretizar uma efetiva integração regional.
“A gente lê muito isso, mas não consigo achar que está perdido se você tem um crescimento total tão grande. Se você tem um crescimento do comércio de dez vezes em 20 anos, eu não consigo achar que está perdido.”
Simões admitiu, contudo, que a integração dos países do Mercosul poderia estar “melhor” encaminhada e que é preciso repaginar o bloco para adequá-lo à nova realidade econômica. Ele destacou que a economia mundial mudou rapidamente nesta década, principalmente com o aumento substancial da importância da China no cenário internacional.
“O que acho é o seguinte. O Mercosul poderia estar melhor? Sim. Uma parte da reflexão que estamos fazendo é que quando criamos o Mercosul a realidade era diferente.”
Para Simões, o crescimento do Mercosul é "silencioso" e os problemas, "ruidosos". Ele afirmou que, quando há conflitos relacionados à transação comercial entre Argentina e Brasil, por exemplo, a questão é levantada como problema político entre os dois países.
"O que acontece com o Mercosul é que o crescimento é silencioso e os problemas são ruidosos. Na nossa realidade, há uma tendência de, a cada pequeno problema comercial, você considerar que é um problema político de um país com o outro país. Às vezes é um problema comercial”, disse.
Em fevereiro, a Argentina aumentou para 600 os produtos que passariam a ser importados sob regime de licença prévia e não mais automática. Em retaliação, o Brasil suspendeu por 60 dias a licença automática para a importação de veículos, o que prejudicou a indústria argentina de automóveis. Segundo o Itamaraty, de dez carros exportados pela Argentina, cinco são comprados pelo Brasil.
Venezuela
Outro tema que deve ser aventado na reunião de cúpula do Mercosul é a entrada da Venezuela no bloco, que depende apenas da aprovação do Congresso paraguaio.
O governo defende a integração do país vizinho, mas diz que não pretende pressionar o governo do Paraguai a acelerar a votação da proposta.
“Obviamente que gostaríamos que isso ocorresse, mas é algo que depende de lá, internamente. Não há como interferir. Temos confiança de que a solução será a melhor possível, mas é um problema interno”, afirmou Simões.
“O foco será pensar o que podemos fazer para aprofundar a integração e corrigir elementos que não estão bons. Será menos de tomar decisões e mais de trabalhar nesse exercício de reflexão. Estamos criando as novas pautas”, afirmou o subsecretário-geral de América do Sul, embaixador Antônio Simões. Ele afirmou que os acordos a serem firmados serão “técnicos”.
A presidente Dilma Rousseff deve chegar a Assunção, capital do Paraguai, na manhã de terça (29). Por volta das 10h, ela terá reunião bilateral com o presidente paraguaio, Fernando Lugo. De acordo com o Itamaraty, serão assinados acordos de cooperação voltados à segurança na fronteira.
Dilma vai aproveitar o encontro para conversar sobre a aprovação no Congresso do projeto que autoriza o Brasil a triplicar o valor pago ao Paraguai pela energia excedente da usina hidrelétrica binacional de Itaipu, no rio Paraná, na fronteira entre os dois países. O aumento da tarifa era uma reivindicação do Paraguai que foi acolhida pelo governo brasileiro.. “Ela vai conversar sobre isso [Itaipu]. Era um compromisso da época do presidente Lula que foi cumprido por ela” disse Simões.
Após o encontro com Lugo, por volta das 11h, começa a reunião de cúpula do Mercosul. Às 13h, os chefes de Estado dos países presentes almoçam. Em seguida, participam de uma reunião reduzida e fazem uma declaração conjunta. A previsão é de que Dilma retorne ao Brasil ainda na quarta-feira, no início da noite.
Ajuda
De acordo com o embaixador, a mensagem de Dilma ao Mercosul será de oferecer ajuda para que os demais países peguem carona no crescimento do Brasil.
“A mensagem que a gente vai levar é a mensagem de nós buscarmos trabalhar com os vizinhos. Trabalhar com o Mercosul para reduzir a pobreza, eliminar a miséria. Não vai ter proposta até porque o formato não é este. O formato é que você vai desenvolvendo o trabalho ao longo do semestre e este semestre é mais reflexivo”, disse.
O embaixador afirmou que há um “temor” de que o Mercosul perca força como um bloco formado por um país importante em meio a nações detentoras de economias menos relevantes. Segundo ele, o Brasil representa 54% da economia da América do Sul.
“A importância relativa do Brasil em relação aos vizinhos cresceu. Ainda que tenhamos hoje no Mercosul crescimento dinâmico, a base [dos integrantes do bloco] é muito menor em relação ao Brasil. Temos que nos preocupar em inserí-los no nosso processo de desenvolvimento e fazer com que o nosso desenvolvimento leve-os a crescer mais.”
Problemas 'ruidosos’
O embaixador negou que o Mercosul esteja “sem rumo” e estagnado no objetivo de concretizar uma efetiva integração regional.
“A gente lê muito isso, mas não consigo achar que está perdido se você tem um crescimento total tão grande. Se você tem um crescimento do comércio de dez vezes em 20 anos, eu não consigo achar que está perdido.”
Simões admitiu, contudo, que a integração dos países do Mercosul poderia estar “melhor” encaminhada e que é preciso repaginar o bloco para adequá-lo à nova realidade econômica. Ele destacou que a economia mundial mudou rapidamente nesta década, principalmente com o aumento substancial da importância da China no cenário internacional.
“O que acho é o seguinte. O Mercosul poderia estar melhor? Sim. Uma parte da reflexão que estamos fazendo é que quando criamos o Mercosul a realidade era diferente.”
Para Simões, o crescimento do Mercosul é "silencioso" e os problemas, "ruidosos". Ele afirmou que, quando há conflitos relacionados à transação comercial entre Argentina e Brasil, por exemplo, a questão é levantada como problema político entre os dois países.
"O que acontece com o Mercosul é que o crescimento é silencioso e os problemas são ruidosos. Na nossa realidade, há uma tendência de, a cada pequeno problema comercial, você considerar que é um problema político de um país com o outro país. Às vezes é um problema comercial”, disse.
Em fevereiro, a Argentina aumentou para 600 os produtos que passariam a ser importados sob regime de licença prévia e não mais automática. Em retaliação, o Brasil suspendeu por 60 dias a licença automática para a importação de veículos, o que prejudicou a indústria argentina de automóveis. Segundo o Itamaraty, de dez carros exportados pela Argentina, cinco são comprados pelo Brasil.
Venezuela
Outro tema que deve ser aventado na reunião de cúpula do Mercosul é a entrada da Venezuela no bloco, que depende apenas da aprovação do Congresso paraguaio.
O governo defende a integração do país vizinho, mas diz que não pretende pressionar o governo do Paraguai a acelerar a votação da proposta.
“Obviamente que gostaríamos que isso ocorresse, mas é algo que depende de lá, internamente. Não há como interferir. Temos confiança de que a solução será a melhor possível, mas é um problema interno”, afirmou Simões.
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