O presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (PSD), pediu para o senador Pedro Taques (PDT) "olhar para o umbigo dele" e explicar seu "envolvimento para atrapalhar o VLT (Veículo Leve sobre Trilho" e o caso do "episódio Cooperlucas", antes de criticar pessoas como ele.
Riva desferiu as críticas como direito de resposta ao se defender da entrevista do senador na Rádio Mega FM na segunda-feira, quando o senador apontou os 146 processos que o deputado tem na justiça e desvios de recursos da Assembleia Legislativa. O deputado se pronunciou na mesma emissora nesta quarta-feira.
"O doutor Pedro Taque é que tem que explicar esse oportunismo eleitoral. De repente ele era contra o VLT e aparece a favor. Escancaradamente querendo tirar proveito político de uma coisa que ele não participou", cobrou Riva. "Pelo contrário, fez um jogo sujo, sorrateiro, traiçoeiro para atrapalhar. Tanto é que as decisões que saíram, a maioria delas, não tenho dúvida do envolvimento dele para atrapalhar o VLT".
O inusitado é que o fato ocorreu na mesma hora em que o senador cumpria um direito de resposta contra o ex-secretário Eder Moraes, concedido pela Justiça Eleitoral na Rádio Mix FM. A situação mostra que às vésperas do segundo turno, o clima de ataques verbais voltou a imperar na imprensa entre líderes políticos locais. Taques apóia o candidato a prefeito Mauro Mendes (PSB) e o PSD de Riva apóia Lúdio Cabral (PT).
Riva ainda explicou que sempre toda eleição o senador Taques utiliza-se de mecanismo para expor as pessoas. Ele lamentou, por exemplo, o que fez contra o ex-governador Dante de Oliveira (PSDB), já falecido, "quando ele expõs o ex-governador em todo o período de eleição".
Taques foi um dos procuradores da República que no fim do governo Dante teve ação para desencadear a Operação Arca de Noé da Polícia Federal, que prendeu o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro há 10 anos.
De acordo com o presidente da Assembleia Legislativa, o modo de agir politicamente do senador Taques é "com discurso sempre muito bonito, sempre firme, moralista, semelhante ao discurso do ex-senador Demósthenes Torres", cassado pelo Senado neste ano por corrupção e atuação com o contraventor Carlinhos Cachoeira. A fala de Riva se aproxima das acusações do ex-secretário Eder Moraes, que apelidou o senador de moralista e "Demósthenes Pantaneiro".
Quando Riva falava sobre o tema específico na Rádio Mega FM, o senador, também se defendia sobre o caso Demósthenes. "Fui o senador que representou contra Demósthenes, junto ao Senado, e na Procuradoria Geral da República, para que o senador José Sarney instalasse o Conselho Ética. Fui relator na Comissão de Constituição e Justiça do processo do senador Demósthenes e votei pela sua cassação", explicou o senador Pedro Taques na Rádio Mix FM.
Caso Cooperlucas
O caso Cooperlucas citado pelo presidente da Assembleia, como ficou conhecido na imprensa mato-grossense em 1998, foi uma investigação da Polícia Federal para investigar fraudes em certificados de títulos de safra agrícola emitidos pelo Banco do Brasil para comercialização, os Empréstimo do Governo Federal (EGF) e Aquisição do Governo Federal (AGF).
Pelo mecanismo, o produtor tomava o recurso do banco e vendia a safra de grãos, no caso, milho. O banco antecipava o dinheiro e o produtor armazenava o produto, posteriormente enviado à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que o vendia quando oportuno.
A Cooperativa Agropecuária de Lucas do Rio Verde (Cooperlucas) era fiel depositária do produto e era presidida pelo atual prefeito eleito da cidade, Otaviano Pivetta, que foi candidato a vice-governador de Mauro Mendes (PSB) na eleição de 2010, junto com a candidatura de Taques ao Senado. Havia acusação de envolvimento de Pivetta e seu irmão, Adriano Pivetta (PDT), prefeito eleito de Nova Mutum. Em ambos casos, houve prescrição do processo.
O senador, enquanto procurador da República na época, atuou nos processos referentes ao caso. De acordo com o que foi apurado pela Polícia Federal, o prejuízo para o banco atingiu R$ 120 milhões por conta venda irregular do produto e a antecipação de dinheiro por meio dos títulos. Em maio deste ano, o juiz federal Fábio Fiorenza condenou sete pessoas envolvidas no caso por crimes de estelionato e contra o sistema financeiro nacional com penas entre 5 e 19 anos de reclusão.
(O.Direto)
Redação Clichoje