Candidatos preferem o 'nome artístico'

Para se identificar com o eleitor, candidatos a vereador deixam o nome de batismo de lado

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22/07/2012 | 00:02Fábio Silveira
Papai Noel, Limpa Trilho, Psico, Boca Aberta, Zé do Bode, Gordo da Tormec e Urubu da Bike. Essa é uma pequena amostra daqueles que preferem usar o apelido ao nome da certidão de nascimento para disputar votos para a Câmara Municipal. Isso sem contar com uma multidão de candidatos que acoplam ao nome o local de trabalho (da farmácia, do Buffet, do mototáxi, da horta, da aposentadoria, cabeleireiro) ou o bairro em que moram ou atuam (Cafezal, Montese, zona sul, zona leste), para conseguir se identificar para o eleitor. Na maioria dos casos, o nome de batismo dificilmente seria reconhecido, daí a opção por usar o “nome artístico”.
Octávio Martinez Gianelli, ou melhor, Limpa Trilho, que disputa uma cadeira pelo PTC, conta que a obrigação de usar o nome oficial já lhe rendeu uma derrota nas urnas, em 1982. “Fiz 1.530 votos, mas perdi mais de 800 porque o juiz não me deu [o direito de usar] o apelido”, lembra o candidato. Como na época a eleição ainda era feita no papel, os votos em nome de Limpa Trilho foram todos anulados e o candidato morreu na praia. Figura conhecida no meio futebolístico da cidade (foi diretor da Portuguesa, da Liga de Futebol, ajudou a fundar o Cincão FC), Limpa Trilho espera ter melhor sorte em outubro.
Já Papai Noel, que na certidão de nascimento é José Christiano Moreira, candidato pelo PMN, não acredita que a brincadeira com um dos símbolos do Natal o prejudique nas urnas. Afinal, para não perder a piada, alguém pode dizer que não é possível acreditar em Papai Noel, que ainda por cima é político. Candidato de primeira viagem aos 57 anos de idade, ele acredita que sem o apelido, ninguém o conheceria. “Há 28 anos eu sou o Papai Noel, até onde eu moro, em Lerroville, todos me conhecem assim”, avalia. “Se fosse concorrer como José Christiano a chance era mínima”, arremata.
O rapper Márcio Feliciano, do PSC, usa na urna o apelido que o acompanha desde os 15 anos de idade: Psico. “Eu venho da cultura hip hop e o nome eu uso porque já vem comigo e é a forma que as pessoas me conhecem”, relata. Segundo ele, o apelido não tira a seriedade da candidatura. “De jeito nenhum, sempre fui uma pessoa séria. Todos que me conhecem, no primeiro momento acham estranho, mas depois que me conhecem mudam a impressão”, afirmou.
Émerson Petriv não tinha o apelido de Boca Aberta, mas trabalhou o nome nos últimos anos, primeiro defendendo as causas de homossexuais e depois rasgando o verbo num programa de televisão. “Adotei esse nome porque eu tenho um estilo diferente, porque eu falo rasgado mesmo, eu não tenho medo”, declara o candidato do PP. O programa que antes era na TV Cambé, agora está no youtube, com o que ele chama de “fala sem freios e sem travas na língua”. Petriv alega usar um tom “popular”: “eu falo errado, meu português não é bom, mas falo a linguagem que o povo entende. Eu falo o que o povo tem vontade de falar e não tem oportunidade”.
Funciona se for espontâneo
O publicitário Silas Rayel, que trabalha há anos com marketing político, tendo atuado em campanhas no Rio de Janeiro, como a do ex-governador Anthony Garotinho, acredita que o uso de nomes diferentes na campanha pode funcionar, contanto que não seja nada artificial.
Rayel, que está atuando no Mato Grosso, onde trabalhou na campanha do governador Silval Barbosa (PMDB), conta que na coligação em que trabalha, na eleição de Cuiabá, há um candidato a vereador que se registrou como Zulu do Mototáxi. “É o nome de guerra dele. Ele é negro e o apelido é Zulu, não tem como fugir disso. Se tentar usar [outro nome] perde a identidade e a possibilidade de eleição. Assim funciona, é uma coisa espontânea as pessoas o identificam dessa forma”, exemplifica.
Por outro lado, se o candidato “cria propositalmente um nome falso para ficar engraçadinho”, há mais chances de dar errado para ele.
Exemplos na Câmara
A prova de que o uso de “nomes artísticos” pode dar certo numa eleição para vereador, está na atual composição da Câmara de Londrina. Entre os vereadores da atual Legislatura estão o Pastor Gérson, que é o presidente da Casa e que atende por Gérson Araújo (PSDB); Roberto da Farmácia do Vivi, que também assina Roberto Fortini (PTC); Sebastião da Silva (PDT), que usa como “sobrenome” o Metalúrgicos, do sindicato do qual é dirigente; ou mesmo o Padre Roque, que foi batizado como José Roque Neto (PTB).
Isso sem contar os suplentes que assumiram cadeiras, caso de Gaúcho Tamarrado, que na verdade é de Minas Gerais e chama-se Joaquim Donizete do Carmo (PDT). Ou Antônio Marcos de Menezes (PP), que, para o eleitor, é Marcos da Horta.
Nomes e apelidos
Antonio Hermenegildo de Matos - Gildo Imóveis (PTC)
Carlos Roberto Salustiano – Biju Gás (PSL)
Cleber Prado da Silva – Cléber Mototáxi (PDT)
Douglas Carvalho Pereira – Tio Douglas (PTB)
Eli Soares do Nascimento – Soares da Autoeletrica (PRP)
Emerson Miguel Petriv – Boca Aberta (PP)
Jordão Soares dos Reis – Jordao Verdureiro (PTN)
Jorge Gonçalves dos Santos – Borracha (PT do B)
José Aparecido Alves de Souza – Teco (PT do B)
José Christiano Moreira – Papai Noel (PMN)
José Gomes da Silva – Zé do Bode (PV)
José Valtair de Oliveira – Didi (PSC)
Márcio Luiz Feliciano (Psico) (PSC)
Marcos Antonio Felício – Formigas (PSL)
Maria Benedita Bacelar – Adita das Flores (PT do B)
Maria de Lourdes Tamagnini – Lurdinha do Povo (PSDB)
Mario Claudemir Germinari – Gordo da Tormec (PSL)
Moacir Mazzei Junior – Mazzei do Raio-X (PSL)
Neusa Sabino dos Santos – Neusa da Creche do Cafezal (PSL)
Octávio Martinez Gianelli – Limpa Trilho (PTC)
Odorico Barbosa Moreno – Odorico Bem Mais (PPS)
Paulo Barbosa da Silva – Paulinho Boa Pessoa (PDT)
Raimundo Maia Campos Júnior – Ceará (PMDB)
Robson Lopes de Almeida – Robgol (PSD)
Robson Santos de Almeida – Urubu da Bike (PPS)
Rosa Alves de Freitas - Rosa da Aposentadoria (PSDB)
Tedis Antonio Parra – Tedi Parra do Berrante (PT do B)
Valdir Nascimento Silva – Valdir Irmão da Coleta (PTB)
Valdir Ribeiro – Valdir Mecânico de Motos (PTB)
Valdira Spinardi Bruder – Val Raio X (PV)http://www.jornaldelondrina.com.br/online/conteudo.phtml?tl=1&id=1277361&tit=Candidatos-preferem-o-nome-artistico

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