UNICEF publica diagnóstico sobre a situação dos adolescentes no mundo

Com mais de um milhão de adolescentes em todo o mundo perdendo a vida a cada ano e dezenas de milhões sem acesso à educação – apesar do progresso da área nos últimos 20 anos –, as necessidades continuam sendo negligenciadas. É o que afirma o relatório Progresso para as Crianças: Um relatório sobre adolescentes , produzido peloFundo das Nações Unidas para a Criança – UNICEF.
A publicação atenta para as consequências do fato de os benefícios do desenvolvimento não estarem sendo divididos de forma igualitária entre os 1,2 bilhão de adolescentes que vivem hoje, em todo o mundo. No entanto, investimentos corretos nesta fase crítica da vida poderiam quebrar o ciclo da pobreza e resultar em benefícios sociais, econômicos e políticos para comunidades e nações.

A África subsaariana, por exemplo, é destacada como o lugar mais difícil para um adolescente viver. A população de adolescentes na região vem crescendo e, estima-se, será a maior do mundo até 2050. No entanto, ao sul do Saara apenas metade das crianças completa a escola primária e o desemprego entre os jovens é alto.
De acordo com a diretora executiva do UNICEF Geeta Rao Gupta, pobreza, status social, gênero ou deficiência impedem que milhões de adolescentes realizem os seus direitos a cuidados de saúde, educação de qualidade, proteção e participação. “Este relatório abrangente fortalece a nossa compreensão dos problemas enfrentados pelos adolescentes mais pobres e desfavorecidos. É hora de atender às suas necessidades; eles não devem ser deixados para trás”, disse a diretora.
O relatório alerta sobre a necessidade de reforçar o investimento em todos os aspectos da vida e do bem-estar dos adolescentes, em especial em sua luta pela sobrevivência. A cada ano, 1,4 milhão de adolescentes morrem por causas que poderiam ser evitadas ou reduzidas por meio de investimentos e políticas públicas. Em alguns países latino-americanos há mais adolescentes do sexo masculino vítimas de homicídio do que de acidentes de trânsito. Na África, complicações na gravidez e no parto são a principal causa de morte de meninas com idade entre 15 e 19 anos.
Embora as principais ameaças durante a primeira infância sejam doenças e desnutrição, ao entrar na adolescência o risco da violência é cada vez maior. As adolescentes são particularmente vulneráveis à violência no casamento. Segundo dados de pesquisa realizada na República Democrática do Congo, 70% das meninas, entre 15 e 19 anos, que tinham sido casadas disseram que sofreram violência nas mãos de um atual ou antigo parceiro ou cônjuge.
São frequentes os casos em que adolescentes, especialmente meninas, são obrigados a assumir papéis de adultos antes de estarem prontos, o que limita as suas oportunidades de aprender e crescer e coloca em risco sua saúde e segurança. Segundo o relatório, nos países em desenvolvimento – excluindo a China –, mais de um terço das mulheres, entre 20 e 24 anos, já havia se casado ou vivia em união aos 18 anos, com cerca de um terço destas tendo casado até os 15 anos de idade. Além disso, conforme o relatório, as taxas de natalidade registradas entre adolescentes são relativamente altas na América Latina, no Caribe e na África ao sul do Saara. No Níger, metade das mulheres jovens, entre 20 e 24, deu à luz antes dos 18 anos.
Em todo o mundo, 90% das crianças em idade escolar estão matriculadas em escolas primárias. No entanto, as matrículas na escola secundária continuam a ser baixas no mundo em desenvolvimento, em especial na Ásia e na África, cuja porção ao sul do Saara apresenta os piores indicadores de ensino secundário do mundo. Cerca de 71 milhões de adolescentes que deveriam estar nos anos iniciais do ensino secundário em todo o mundo não estão na escola e 127 milhões de jovens, entre 15 e 24 anos, são analfabetos, a maioria deles vivendo no Sul da Ásia e na África subsaariana.
O relatório afirma que são necessários esforços significativos na defesa de programas e políticas para concretizar os direitos de todos os adolescentes. Afirma também que os adolescentes devem ser reconhecidos como verdadeiros agentes de mudança em suas comunidades e que programas e políticas voltados para a proteção dos adolescentes devem reconhecer a sua capacidade de inovação, criatividade e energia para resolver seus próprios problemas.
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