Desaparecimento é pior que a morte. É indescritível

Notícia publicada na edição de 24/06/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 002 do caderno E - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.

Maria de Fátima Prettel Fernandes afirma que não deseja para ninguém a aflição que ela e os dois filhos, uma moça de 34 anos e um rapaz de 30 anos, passaram ao receber a notícia de que Valdir Fernandes (ex-marido de Maria de Fátima e pai dos seus filhos) havia desaparecido.

As buscas pareciam intermináveis. "Com o desaparecimento da pessoa você fica sem saber o que aconteceu. É pior do que a morte", afirma.

Ela conta que estava separada do marido há 9 anos, mas que sempre se deram bem. "Ele já estava morando com outra pessoa, mas vivia bem com a gente, sempre ia ver os filhos", recorda.

Maria de Fátima soube que Valdir saiu da casa onde morava, no bairro Mineirão, por volta das 19h do dia 24 de março e não retornou mais. Começou então a agonia da família. "A princípio ficamos quase loucos", lembra.

Ao recorrer à polícia, foi registrado o Boletim de Ocorrência na delegacia, porém Maria de Fátima ficou decepcionada. "A única coisa que a polícia falou é que
passaria a procurar depois de 24 horas. Também explicaram que depois de 48 horas acionariam as viaturas. Não sei direito o que é que passariam para as viaturas. Eu acredito
que a polícia não procura os desaparecidos, só avisa a gente se for encontrado por outros, que foi o que realmente aconteceu. A resposta que tivemos da polícia é que não era só ele que tinha desaparecido, que tinha muitos", desabafa.

Ela e os filhos tentaram de tudo. "Ligamos em todos os lugares possíveis e começamos a distribuir panfletos. Meus filhos não trabalharam mais durante os 11 dias que ele ficou desaparecido para procurar o pai, afixamos cartazes em diversos lugares", afirma.

Com os informativos espalhados, a família começou a receber diversas ligações, mas era sempre aviso falso. Valdir foi encontrado 11 dias depois, no dia 4 de abril, no Jardim Guadalupe, bairro próximo de onde morava, no Mineirão, mas sem vida. Seu corpo já estava em adiantado estado de decomposição e somente o filho foi para reconhecer. Os outros parentes lamentam não poder nem ter tido a chance da despedida. "O corpo foi achado em uma mata por funcionários da Prefeitura que operavam uma máquina que estava cavando o barranco para fazer um campo de futebol. Assim foi o que o policial nos disse."

No laudo o registro foi morte natural. "Informaram que ele não tinha ferimentos, não tinha marca de bala, facada, nem traumatismo. Foi questionado se tinha sido então enfarte, derrame ou envenenamento e a delegada disse que por ter passado muito tempo não daria para saber, que nesses casos é possível constatar entre 18 horas e 20 horas... Só acho estranho que depois foi colocado morte indeterminada, mas a gente não é ninguém para questionar, então a desconfiança fica, mas vamos procurar onde? Fazer mais o que?", afirma Maria de Fátima, emocionada.

Sobre tudo o que passou, ela afirma que a dor é indescritível. "É um desespero muito grande, é chocante. Você corre, corre, mas não encontra... Buscamos até embaixo da ponte... Por isso espero que tenha sim uma lei que ajude para que outras famílias não passem pelo que passamos. Não desejo isso nem para um cachorro. A gente não tinha mais onde procurar, fomos para cidades vizinhas, tudo, tudo, a gente não vencia mais tirar xerox da foto dele...". (Daniela Jacinto)

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