LAURA CAPRIGLIONE
ENVIADA ESPECIAL A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
Cinco dias após duas mulheres, uma de 20 e outra de 26 anos, denunciarem supostas torturas, abusos sexuais, violência física e intimidação, que teriam sofrido nas mãos de "10 ou 12 policiais militares" da Rota, ontem um delegado de polícia e um perito criminal compareceram à casa onde os fatos teriam acontecido, para examinar o local.
O delegado José Henrique de Paula Ramos, do 3º DP de São José dos Campos, compareceu depois de requisitado pelo promotor de Justiça Laerte Levai, e pelo senador Eduardo Suplicy (PT), que também estavam presentes.
Chorando muito, elas contaram aos policiais que, na noite de 22 de janeiro, mesmo dia em que ocorreu a ação de reintegração de posse na favela do Pinheirinho, em São José, preparavam-se para jantar em companhia de quatro amigos, inclusive um adolescente de 17 anos, quando os PMs chegaram.
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Segundo elas, três carros da polícia pararam diante do imóvel em que se encontravam. A casa dista poucos metros do Pinheirinho, no bairro Campo dos Alemães.
Os soldados teriam invadido a casa e iniciado as agressões, como forma de forçar os presentes a "entregar" onde estariam lotes de drogas.
Um PM, a quem os colegas chamavam de "chefe", teria obrigado as duas mulheres a fazer sexo oral com ele. Outro PM teria untado um cabo de vassoura com pomadas e talco e, assim, empalado o adolescente. O cabo de vassoura e calcinhas rasgadas, entre outros itens, foram recolhidos pela polícia técnica.
OUTRO LADO
Em nota, o Ministério Público de SP afirmou que o teor das declarações das duas jovens ouvidas do dia 1º "é objeto de apuração pelo MP --tanto no aspecto de proteção quanto de responsabilização--, a cargo do órgão de execução criminal, estando resguardado por sigilo".
Na sexta-feira, o comandante da Policia Militar de São Paulo, coronel Álvaro Camilo, declarou que a corporação investiga a ação dos 12 PMs da Rota, acusados pelas duas jovens.
O comandante aproveitou para protestar contra a forma como o assunto veio a público (por um discurso de Suplicy na tribuna no Senado).
O governador Geraldo Alckmin disse que as denúncias serão apuradas "rigorosamente" e "com celeridade máxima".
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Autor: Folha
Fonte: O NORTÃO
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