Marilia Coêlho
Em seu pronunciamento antes da eleição para a presidência do Senado nesta sexta-feira (1º), o candidato ao cargo, senador Pedro Taques (PDT-MT), reconheceu-se como perdedor nessa disputa, mas combatente por mudanças no Senado. O candidato, apoiado pelo PSOL, PSB, DEM, PSDB e por alguns senadores de outras legendas, pediu os votos dos colegas com um discurso poético e crítico à omissão do Legislativo e ao retorno de Renan Calheiros à presidência da Casa.
– Sou o titular da perda anunciada, do que não acontecerá, senhor presidente. Mas o bom povo do Mato Grosso não me deu voz a esta casa para só disputar os certames que possa ganhar, mas para lutar com todas as minhas forças as batalhas que forem justas-, disse Taques no início de seu discurso.
O senador criticou a omissão do Poder Legislativo e disse que, caso eleito, pretende impugnar as ações do Executivo que sejam contrárias às normas do país. Ele disse que o Legislativo não é um “puxadinho” do Poder Executivo.
– O presidente tem o dever de impugnar proposições que lhe pareçam contrárias à Constituição, às leis e ao próprio regimento, o que foi feito apenas uma única vez desde a Constituição de 1988. Eu, anunciado perdedor, comprometo-me perante meus pares e perante todo o país a impugnar esses exageros do Poder Executivo. Será que o anunciado vencedor pode fazer idêntica promessa? – disse.
O senador propôs ainda que as relatorias sejam sorteadas, que os vetos do Executivo às leis sejam votados pelo Congresso, e que haja uma agenda legislativa pública e democratizada, com mecanismos para que os cidadãos possam formular diretamente requerimentos de urgência para votação de matérias.
Taques defendeu também a atualização do regimento interno da Casa e do regimento interno do Congresso Nacional, além de um processo legislativo eletrônico, em que os cidadãos possam participar com iniciativa popular por meio de assinatura eletrônica.
Na área administrativa da Casa, o senador prometeu organização, estrutura eficiente e probidade.
- Não serão tolerados abusos de qualquer ordem. Funcionários públicos, representantes do povo, estamos todos aqui para servir a sociedade e o Estado e não para nos servirmos dele – disse.
O senador citou uma petição eletrônica popular que reuniu mais de 300 mil assinaturas contra a candidatura de Renan Calheiros.
- Esta candidatura é daqueles que nunca tiveram voz nesta Casa. É dos mais de 300 mil brasileiros que assinaram uma petição eletrônica – falou.
No fim de seu discurso, Taques se disse convencido de sua derrota, e criticou a volta de Renan Calheiros à presidência da Casa.
- Existem voltas que criam receios, receios de continuísmo, receios de letargia, receios de erros ressurgidos. Sou o anticandidato, aquele que perderá. Não sou especial, não tenho qualidades que cada cidadão brasileiro trabalhador e honesto não tenha também. Eu não temo o próprio passado e, portanto, eu não tenho medo do meu futuro – disse.
Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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