Testemunha diz que viu criança ser jogada no Rio Cuiabá


Testemunhas de acusação arroladas pelo Ministério Público Estadual (MPE) revelaram, durante audiência de pronúncia e instrução, nesta quinta-feira (21), no Fórum da Capital, que viram o técnico de internet Carlos Henrique Costa de Carvalho, 25, jogar o enteado Ryan Alves Camargo, que tinha 4 anos, no Rio Cuiabá.

Carlos também é acusado matar a ex-sogra, a professora Admárcia Mônica da Silva Alves, que tinha 44, a golpes de faca e, depois, queimar o seu corpo, no bairro Dom Aquino, na Capital.
Antes de testemunhar, o técnico em computadores M.D.S. contou ao MidiaNews que presenciou o momento em que o acusado jogou Ryan de cima da Ponte Velha (Ponte Júlio Müller), no bairro Porto.
“Eu estava voltando de uma confraternização na casa de meu primo. E tinha ido levar a namorada dele em casa, que fica no bairro Dom Aquino. Quando eu passei no bairro, vi uma casa pegando fogo, mas escutei sirenes e percebi que o Corpo de Bombeiros já estava a caminho. Segui pra minha casa, em Várzea Grande, e, quando passei pela Ponte Velha, eu vi um rapaz com um menino nu nos braços. Achei estranho e fiquei de olho. Aí, ele [Carlos Henrique] jogou o garotinho no rio. Eu fiquei desesperado e quase caí da moto. Liguei para a Polícia na hora e tentei segui-lo, mas não consegui”, disse M.
Carlos Henrique conviveu durante um período de seis meses com a estudante Thassya da Silva Alves, filha de Admárcia e mãe de Ryan.
Ao todo, foram arroladas 13 testemunhas de acusação e cinco testemunhas de defesa, que devem ser ouvidas pela juíza Ana Cristina Silva Mendes, da 1ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher.
M.D.S disse ainda que Ryan estava com os braços entrelaçados no pescoço de Carlos e que não chorava.
“Ele estava quieto, com a cabeça encostada no peito do Carlos Henrique e os braços no pescoço dele. Quando ele foi jogar, o garotinho não queria se soltar, foi tudo muito rápido. Às vezes, penso que devia ter pulado, mas era muito alto e eu também ia morrer, eu não sei nadar direito. É uma cena que eu não esqueço, jamais vou esquecer isso na minha vida. Quero que seja feita Justiça, foi uma grande maldade e não consigo aceitar, até hoje esse crime. Também sou uma vítima, essa cena não sai da minha mente”, revelou.
Outra testemunha, que também prestou depoimento, foi a dona de casa Selma Araújo Borba. Ela foi a primeira pessoa a acionar o Ciosp e relatar que uma criança nua era carregada por um homem, próximo à Ponte Velha.
“Eu vi aquela cena e achei estranho: um garotinho sem roupa nos braços de um rapaz. Ele [Carlos Henrique] andava rápido e pensei que a criança podia estar passando mal. Falei para meu marido parar o carro, mas ele disse que não podia parar na ponte. Aí, demos a volta pra ver o que estava acontecendo. Neste tempo, eu liguei para a Polícia e disse que tinha algo estranho. Quando retornamos, já vimos várias pessoas na ponte e soube que ele tinha jogado o neném. Eu não consigo me perdoar. Penso que devia ter feito algo. Eu choro todos os dias e vou prestar depoimento quantas vezes forem necessárias para ver esse homem preso”, disse.
O tenente Reiners, da Polícia Militar, foi quem prendeu Carlos Henrique e contou à reportagem como recebeu a comunicação do crime.
“Recebemos a informação pelo rádio que um rapaz tinha sido visto carregando uma criança nua sobre a Ponte Velha. Também tinha a informação de uma mulher que tinha sido encontrada com o corpo carbonizado. Não sabíamos que os crimes tinham ligação. Fui atender as ocorrências e só tive a confirmação quando a tia da criança reconheceu o corpo do Ryan e disse que se tratava do neto da senhora que tinha sido queimada. Achamos que ele também tinha matado a mãe da criança”, disse.
O policial revelou que durante a prisão de Carlos Henrique, ele perguntou ao acusado por que ele jogou a criança no rio.
“Ele disse que estava arrependido. Depois, mudou de ideia e falou que não tinha feito nada. Ele falou que, na verdade, tinha se arrependido de ter jogado gasolina e tentado por fogo na ex-namorada dele. Mesmo sendo policial, eu fiquei muito preocupado com toda a situação e ver como as pessoas estão perdendo os valores. Eu sou pai e tenho um filho muito parecido com o Ryan. É muito doído”, disse o oficial da PM.
A policial civil Débora Castilho Aguiar, que participou das investigações, disse que interrogou Carlos Henrique por duas vezes e que, nessas oportunidades, percebeu que o acusado demonstrou ser uma pessoa muito fria e aparentava não ter se arrependido do crime.
“Ele não demonstrou arrependimento. Estive com ele em interrogatórios que demoraram mais de duas horas. Em dado momento, ele chegou até a sorrir. Confessou o crime e disse que queria que a ex-namorada sofresse, essa foi a motivação. Perguntei a ele por que a criança estava sem roupa. Ele disse que essa era a forma como o Ryan dormia. E disse ainda que a criança não gostava de água, por isso, a jogou  no rio. A única intenção dele era proporcionar sofrimento para a Thassya. Ele disse também que a criança viu ele matar a avó”, disse a agente.
Drama familiar

A mãe de Ryan, a estudante Thassya Alves, testemunhou e disse que se sentiu pressionada pela defesa de Carlos Henrique, que, segundo ela, teria tentando desqualificá-la.

“Eu não sei como tem advogado que defende um homem desse tipo. A advogada começou a dizer que eu inventei que ele me agrediu. Disse que eu estava mentindo. Como se fosse invenção tudo que ele fez. Eu contei para a juíza tudo que aconteceu, como ele era comigo. Disse que sentia medo, contei tudo. Estou muito triste e não me sinto preparada para falar nesse assunto. Só peço Justiça”, disse.
A estudante confirmou que está grávida de uma menina e que o nome será em homenagem ao filho e a mãe. Segundo Thassya, a criança irá se chamar Nayra, que quer dizer Ryan ao contrário. O segundo nome será Márcia, como a mãe era mais conhecida.
O pai de Ryan, o músico Lauro Camargo, familiares e amigos foram até o Fórum com cartazes e faixas, em protesto pela morte de Admárcia e Ryan.
“Eu quero Justiça. Quem me vê por aqui não sabe o sofrimento que tenho passado. Em nenhum momento, esqueço de meu filho. Penso nele o tempo todo. Esse homem acabou com a minha alegria e matou inocentes. Vamos até o fim”, disse Lauro.
A tia de Admárcia, a aposentada Venina Pedrosa, também esteve no Fórum e não conteve as lágrimas. “Minha sobrinha era uma pessoa muito boa, o pequeno Ryan era um anjo. Esse rapaz [Carlos Henrique] entrou na nossa família sem pedir e fez uma maldade dessa. Ele sentou na nossa mesa, almoçou, jantou e sempre foi tratado com carinho. Essas mortes devem servir de exemplo para as pessoas pensarem como vivemos”, afirmou.
Carlos Henrique está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE), desde a data do crime.

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