A pedofilia é uma chaga global. Ao menos os bispos dos EUA reagiram


Escritor norte-americano conhecido em todo o mundo pela biografia de João Paulo II, intitulada Testemunho de esperança, com prefácio de Peter SeewaldGeorge Weigel está em Roma nestes dias. No Vaticano, onde tem diversos interlocutores atentos, ele lida com o seu último trabalho: Evangelical Catholicism: Deep Reform in the 21st-Century Church [Catolicismo evangélico: A reforma profunda da Igreja do século XXI], cujo último capítulo é intitulado Reform of the papacy [A reforma do papado].

A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 25-02-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis a entrevista.

Nos Estados Unidos, fala-se muito do conclave, dos cardeais que participam dele e do fato de que, nas dioceses das quais eles vêm, já foram verificados casos de pedofilia do clero. O senhor considera que esses problemas bloqueiam desde o nascimento a possibilidade de um papa norte-americano?


A verdade sobre a qual ninguém fala é que os cardeais e bispos dos Estados Unidos fizeram mais do que todos os outros contra o problema da pedofilia no clero. Puseram em campo reformas estruturais para fazer com que esse fenômeno não se repita mais, enquanto outros grupos de bispos não fizeram isso. Claro, ainda há muito a fazer. Mas o problema não é norte-americano, mas sim mundial. É preciso uma reforma na Igreja Católica que parta, sobretudo, do fato de que os padres pedófilos devem ser excluídos.

O Vaticano parece atravessado por escândalos e chantagens. Nos tempos de João Paulo II também era assim?

É difícil fazer comparações com o passado. Certamente, hoje, a Cúria Romana precisa de uma reforma que deve começar por uma mudança de mentalidade. Por que existe o Vaticano? Por que existe essa bendita Cúria Romana? Para ajudar o ministério do papa como pastor universal da Igreja, e não para outras coisas. Se o ministério petrino é acima de tudo evangélico e missionário, então os membros da chamada Cúria Romana devem se conceber como servidores, e não como administradores da corte papal. Roma não precisa de um administrador. Infelizmente, alguns curialistas se concebem desse modo, mas esse estado das coisas deve ser mudado na raiz, senão é o fim da Igreja Católica.

Qual foi o principal problema do pontificado de Ratzinger?

Os problemas que o pontificado teve foram causados por uma coisa só: pelo fato de que aqueles que foram chamados para servir o papa muito frequentemente o serviram mal.

O que o senhor pensa da renúncia de Ratzinger? Por que ele renunciou?

Acredito que ele renunciou principalmente porque ele não acredita, conscientemente, que pode dar à Igreja o serviço que seria necessário. Eu não acredito em outras teorias, como os complôs.

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