Procurador Mauro Lara (Psol) defende fortalecimento do SUS

Mauro Lara (Psol) espera trabalhar na eleição deste ano da mesma forma como aconteceu em 2010, quando superou nomes considerados favoritos
CUIABÁ - Pela segunda vez, Mauro César Lara de Barros (Psol), o “Procurador Mauro”, concorre à prefeitura de Cuiabá. Em 2008, ele disputou o cargo com outros quatro candidatos e recebeu pouco mais de 10.800 votos. Em 2010, candidatou-se ao Senado Federal e recebeu 50.820 votos, quantidade superior à recebida pelo então candidato do PT, ex-deputado federal Carlos Abicalil, pelo candidato do DEM, Jorge Yanai, e do PV, Naildo Lopes.
Em comparação aos demais candidatos, o socialista apresentou este ano uma das menores estimativas de gastos de campanha, no valor de R$ 1 milhão. O montante, segundo ele, será levantado junto aos militantes, filiados e simpatizantes à sua candidatura.
O fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e o combate à corrupção estão entre as principais propostas de governo defendidas pelo candidato, que tece duras críticas ao “loteamento de cargos” na prefeitura.
Seguindo as diretrizes nacionais da legenda, Mauro César de Barros posiciona-se contrário à concessão dos serviços de água e esgoto e à administração de unidades de saúde feitas por Organizações Sociais (OSs).
Em relação aos trechos de seu programa de governo identificados pelo Diário como idênticos aos apresentados pelo então candidato ao governo do Rio de Janeiro em 2010, Jefferson Moura (Psol), o candidato esclarece que ambos seguiram as diretrizes estabelecidas pela coordenação nacional da legenda e que o dele, na realidade, se baseou no programa de governo apresentado por Marcos Magno (Psol), que disputou o governo de Mato Grosso em 2010.
Diário de Cuiabá– Como está o ritmo da sua campanha?
Procurador Mauro – Neste momento, estamos resolvendo problemas burocráticos. Resolvido isso, estamos mandando fazer a confecção do material gráfico. Neste fim de semana colocaremos nossa campanha nas ruas e começaremos a percorrer os locais onde a população está, como feiras, pontos de ônibus e bairros.
Diário – Qual será o tom da sua campanha?
Procurador Mauro – Nossa campanha será humilde. Vai estar baseada na contribuição dos filiados, dos militantes e dos simpatizantes. Nossa campanha não receberá recursos de empreiteiras, de concessionárias, de multinacionais e de grandes empresários. Será uma campanha bem pé no chão. Estaremos percorrendo as agremiações populares, dando um grande enfoque nos espaços nos meios de comunicação para levarmos nossas ideias à população. Também estaremos nas ruas conversando com as pessoas. Não temos recursos para contratar pesquisas de intenções de votos, então estaremos ouvindo diretamente a população para saber quais são seus desejos e anseios.
Diário – Quais as principais propostas defendidas pelo senhor?
Procurador Mauro - Dentro das ideias que defendemos temos duas questões principais: o fortalecimento do Sistema Único de Saúde e o combate à corrupção. A saúde será a prioridade número um da nossa campanha. Para garantir o fortalecimento dessas ações, entendemos ser necessária a construção de um novo hospital em Cuiabá. Todos sabem que o pronto-socorro não atende o que a população precisa. É um prédio antigo, que está em uma localização ruim de acesso. Também entendemos ser necessária maior fiscalização dos recursos aplicados na saúde e colocamos como ação prioritária o “não” à terceirização através das Organizações Sociais de Saúde, como o Estado está fazendo. Somos totalmente contra. O Psol é nacionalmente contra essa privatização da saúde pública. Temos também outra proposta que é a criação da carreira de médicos e enfermeiros de dedicação exclusiva ao município. Entendemos que existe um conflito entre um médico que atua na iniciativa privada e na saúde pública, que acaba prejudicando a saúde pública. Isso porque, se a atividade privada dele vai bem, a saúde pública não vai bem porque ele acaba priorizando sua atividade privada. Entendemos também que é importante a fiscalização sobre o efetivo trabalho dos profissionais da área de saúde nos centros de saúde, nas policlínicas e no pronto-socorro. Outro ponto que será fundamental é o combate à corrupção, no sentido prático mesmo. Por isso, o primeiro momento de combate à corrupção vem desde o financiamento da nossa campanha. Como eu disse, estamos buscando financiamento exclusivamente entre militantes, filiados e simpatizantes. Pessoas de bem que estejam dispostas a contribuir com a nossa campanha independentemente de interesse. Que tenham compromisso apenas com o programa que defendemos. Acompanhamos as outras campanhas que sempre são financiadas por empreiteiras, empresários, o que acaba criando uma dependência desses políticos com esses financiadores de campanha e faz com que eles já ingressem no poder corrompidos. Entendemos que, para não se deixar levar pela corrupção, o candidato precisa que sua campanha seja financiada de maneira diferente do que é hoje. Entramos na campanha com financiamento limpo e, por isso, teremos legitimidade para lutar pelo combate à corrupção. Outro ponto que consideramos relevante diz respeito ao loteamento dos cargos. Sabemos que o prefeito precisa de assessores de sua confiança para dar efetividade ao seu programa de governo, mas trazer muitos assessores acaba favorecendo a corrupção. Entendemos que uma maneira de combater isso é colocar servidores efetivos nesses cargos-chave, porque o servidor efetivo está ali no poder público, já fez concurso, tem histórico no trabalho, sabe como tudo funciona e pode exercer seu trabalho com tranquilidade. Outra questão é esse loteamento de cargos que acaba ocorrendo após a eleição. A formação daquela coalizão com a Câmara. Também somos contra. Entendemos que a Câmara deve estar circunscrita a seu papel constitucional, que é de legislar e fiscalizar o Executivo. Essa mistura entre os poderes Executivo e Legislativo acaba favorecendo a corrupção porque quando o prefeito tem maioria formada através de loteamento de cargos, acaba não se preocupando com a legalidade e a moralidade e fazendo o que lhe for conveniente sem a preocupação de que será fiscalizado. O último ponto é o fortalecimento da Controladoria interna do município. Entendemos que deve ser criada uma carreira de controlador interno com servidores efetivos e orçamento próprio.
Diário – Em 2010, o senhor apresentou resultados melhores em Cuiabá que candidatos com maior poder aquisitivo. O senhor acredita que pode repetir este desempenho este ano?
Procurador Mauro – Na campanha de 2010 ficamos muito contentes. Foi um marco para nos incentivar no sentido de que não é só o poder econômico que ganha eleição. Nós vencemos uma máquina poderosíssima que foi a máquina do PT. Tivemos 50 mil votos em Cuiabá enquanto o candidato petista, Carlos Abicalil, teve 48 mil votos. Acreditamos que temos a possibilidade de, novamente, colocar as nossas ideias. Diferentemente de outras candidaturas, nós mantivemos a nossa linha de atuação. Acreditamos que podemos repetir e aumentar essa votação, garantindo nossa presença no segundo turno.
Diário - Durante muitos anos, o professor Enéas Carneiro se tornou um mito na disputa a Presidência da República, mas nunca venceu. Quando ele disputou a Câmara Federal, conseguiu o maior índice da história e, de quebra, ainda levou alguns correligionários ao Parlamento. O senhor usa da mesma tática em Mato Grosso, ou seja, massifica seu nome para pleito no Executivo para depois tentar o Legislativo?
Procurador Mauro – Na verdade, eu acho que a candidatura do Enéas tinha, sem nenhum demérito a ela, um sentido folclórico, espalhafatoso. A nossa candidatura sempre foi muito bem pautada, com apresentação de propostas. O parâmetro não é esse. Tivemos uma ótima votação em 2010 e acredito que temos chances reais de estar no segundo turno e vencer essa eleição.
Diário - O senhor apontou R$ 1 milhão de gastos nesta campanha. Quanto tem efetivamente?
Procurador Mauro – Na verdade, a estimativa de um milhão decorre principalmente de uma mudança de entendimento da Justiça Federal. Outrora a Justiça Federal entendia que gastos pequenos, abaixo de R$ 1 mil não precisavam ser contabilizados, então um determinado militante que quisesse trabalhar na campanha distribuindo santinhos, não precisava de contabilização. No entanto, a Justiça Eleitoral teve uma mudança de entendimento, então nós fizemos essa estimativa porque se tivermos, por exemplo, 100 militantes trabalhando durante dois meses a um custo estimado de um salário mínimo, já daria mais de R$ 100 mil. Nós não sabemos ainda quantos dos nossos militantes conseguiremos engajar na nossa campanha, então se fizéssemos uma estimativa muito baixa ficaríamos vedados, teríamos que recusar pessoas para trabalhar na nossa campanha.
Diário - Qual sua avaliação da gestão do prefeito Chico Galindo (PTB)?
Procurador Mauro – Eu considero péssima. A população vê que realmente os serviços públicos estão muito aquém do desejado. Como já disse, a saúde pública será o foco da nossa campanha e nós vimos que as internações e os exames de alta complexidade hoje continuam acontecendo aqui em Cuiabá somente à base de liminares. As pessoas continuam tendo que esperar muito tempo nas filas para conseguir atendimento, então considero mesmo a gestão péssima. Tanto que o prefeito vem sendo avaliado muito negativamente pela população. Basta sair nas ruas e conversar com as pessoas para confirmar isso.
Diário - Qual sua opinião sobre a concessão dos serviços de água e esgoto à iniciativa privada? Pretende dar continuidade ou cancelar o contrato com a CAB Cuiabá?
Procurador Mauro – O Psol nacionalmente é totalmente contrário à privatização dos serviços públicos e nós também seguimos isso. Acreditamos que isso é uma prática lesiva ao patrimônio público e aqui em Cuiabá não foi diferente. Aqui eles chamaram de concessão para ficar mais “bonitinho”, mas, na verdade, foi uma privatização do patrimônio público. O próprio presidente da CAB Cuiabá disse, em entrevista à revista Carta Capital, que eles não estão precisando tirar nem um centavo do bolso porque as tarifas pagam todas as despesas e investimentos que estão fazendo. É um negócio extremamente lucrativo você receber uma empresa praticamente de graça e pagar as despesas efetuadas com as tarifas cobradas das pessoas. Isso é um negócio de pai para filho. Nós somos totalmente contra e acreditamos que essa declaração do presidente da CAB Cuiabá demonstra a lesividade desse contrato com o interesse público. Nos primeiros dias como prefeito demandaremos a instauração de um procedimento para avaliar como foi feita essa alienação e a possibilidade jurídica de anulação dessa privatização que acreditamos ser grande.
Diário - O Psol é um dos partidos mais combativos do Congresso. Ele passou alguma orientação para o senhor na eleição em Cuiabá?
Procurador Mauro – Na verdade, o Psol foi fundado com esse programa de combate à corrupção, às pessoas que estão lesando os interesses da população, por isso essa postura combativa dos nossos parlamentares. Nós estamos constantemente em contato com a direção nacional recebendo orientações sobre as políticas que devem ser defendidas. Nós, do diretório estadual, também repassamos essas orientações para os municípios. O Psol é um partido cujas ideias têm sido defendidas com bastante coerência por todos os militantes Brasil afora.
Diário – Se o senhor for eleito, será o prefeito da Copa. Como está acompanhando todas essas ações e o que pretende priorizar caso assuma o comando do Executivo municipal no próximo ano?
Procurador Mauro – Temos o conhecimento de que a maior parte das obras é executada pelo governo do Estado que, na verdade, está realmente tirando certo atraso de investimentos em Cuiabá. Antes dessas obras, qual investimento de grande porte tinha sido realizado pelo governo do Estado aqui em Cuiabá? Praticamente nenhum. Nós, enquanto prefeitos, estaremos participando junto com a sociedade da fiscalização da execução dessas obras. Não podemos deixar que o dinheiro público que está sendo investido nessas obras vá para o ralo. Também seremos parceiros para executar o que for de competência do município.
Diário – Fazendo uma pesquisa nos planos de governo dos candidatos, o do senhor e o do Adolfo Grassi apareceram com trechos copiados. O senhor poderia explicar melhor isso?
Procurador Mauro – Conforme eu já disse, o nosso partido é um partido nacional. Nós recebemos orientações, ideias, propostas, fazemos discussões nacionalmente. Com relação ao programa de governo, acho o jornalista que fez a matéria utilizou um pouco de malandragem porque ele simplesmente disse que nós copiamos o plano de governo de Jefferson Moura, do Rio de Janeiro, quando, na verdade, em 2010 houve várias reuniões do Psol sobre as diretrizes que o partido seguiria em 2010 e aqui em Mato Grosso a maior parte daquelas diretrizes foram seguidas por Marcos Magno, que disputou o governo de Mato Grosso em 2010. O nosso programa de governo foi baseado no do Marcos Magno, porém adaptado para a realidade municipal. O que falaram que é uma cópia do programa do Jeferson na verdade não é. Tachar isso de plágio foi uma infelicidade do jornalista.
Diário – Então o senhor admite que o seu programa possui trechos idênticos com o do Jefferson, por conta desses motivos que apresentou. Nesse caso, não acha um pouco pesado falar em “malandragem” do jornalista do Diário?
(RENATA NEVES -  Diário de Cuiabá – foto: Diário de Cuiabá)

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