Outra situação incômoda
Concessão à CAB, certa ou errada, já foi feita. A empresa já pagou por ela
Lúdio Cabral, candidato a prefeito do PT e PMDB, diz que, se ganhar, seu primeiro ato será anular a concessão da água e esgoto feita para a CAB.
Esse discurso pode lhe trazer aborrecimentos eleitorais. Para fazer uma afirmação desse porte, teria que ter feito antes pesquisa quantitativa e qualitativa sobre o assunto.
Se houvesse base para o contundente discurso, se iria em frente. Empiricamente acreditar que a maioria da população aprova sua tese pode ser um equívoco.
A concessão, certa ou errada, já foi feita. A empresa ganhadora já começou a pagar por ela. É um dinheiro que, se a concessão for cancelada, teria que ser pago de volta.
Uma situação complicada para uma prefeitura que vive no limite orçamentário. Tirar o dinheiro de onde? Cobrar mais impostos? Brasília arruma o dinheiro?
No lado político, a nova Câmara Municipal topa derrubar a concessão? As forças políticas, representadas ali por não sei quantos partido, topam mexer no assunto? Se topar, quanto isso significa em concessão política a essas forças?
Falo em cargos, funções e secretarias. Se fizer esses arranjos políticos mataria outro discurso do Lúdio que é de não lotear a estrutura para a saúde. Ele diz que o que está havendo hoje de problema na gestão pública da saúde é porque os prefeitos fazem composições e colocam nos cargos pessoas que não estão preparadas para gerir a saúde publica.
Como, enfim, convencer vereadores para derrubar a concessão à CAB se não for fazendo acordos políticos com eles? Essa fala do Lúdio tem outros desdobramentos.
A empresa pode, agora e no meio da campanha eleitoral, fazer propaganda do que está fazendo. Como aquela com a Patrícia Pilar. Com dados corretos e outros nem tanto, a empresa pode
mostrar maravilhas em propagandas bonitas ou que está resolvendo o problema de água e esgoto da capital.
E o Lúdio, com recurso pequeno, no meio de uma campanha, enfrentando um ‘adversário‘ desses?
Por outro lado, se o Lúdio recuar do atual discurso, ele perde aqueles que votam nele por causa desse assunto.
É uma situação incômoda. É o tal se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.
No geral, pessoas egressas da esquerda tem certo dogmatismo em suas posições políticas. Tem dificuldade de recuar.
E dogmatismo em política, com raríssimas exceções e momentos, leva ao suicídio eleitoral.
O correto nesse caso seria dar um tempo à tal CAB para se vê se vai ou não resolver o assunto.
Se aparecer resultados concretos, é impossível tomar a concessão de volta. Se não aparecer resultados, não seria difícil, sem atender pedidos extras, convencer a Câmara
Municipal, empurrada pela opinião publica, para tomar a concessão de volta.
Atuar de forma diferente pode ser um tiro no pé.
ALFREDO DA MOTA MENEZES é professor universitário e articulista político em Cuiabá.
pox@terra.com.br
Esse discurso pode lhe trazer aborrecimentos eleitorais. Para fazer uma afirmação desse porte, teria que ter feito antes pesquisa quantitativa e qualitativa sobre o assunto.
Se houvesse base para o contundente discurso, se iria em frente. Empiricamente acreditar que a maioria da população aprova sua tese pode ser um equívoco.
A concessão, certa ou errada, já foi feita. A empresa ganhadora já começou a pagar por ela. É um dinheiro que, se a concessão for cancelada, teria que ser pago de volta.
Uma situação complicada para uma prefeitura que vive no limite orçamentário. Tirar o dinheiro de onde? Cobrar mais impostos? Brasília arruma o dinheiro?
No lado político, a nova Câmara Municipal topa derrubar a concessão? As forças políticas, representadas ali por não sei quantos partido, topam mexer no assunto? Se topar, quanto isso significa em concessão política a essas forças?
Falo em cargos, funções e secretarias. Se fizer esses arranjos políticos mataria outro discurso do Lúdio que é de não lotear a estrutura para a saúde. Ele diz que o que está havendo hoje de problema na gestão pública da saúde é porque os prefeitos fazem composições e colocam nos cargos pessoas que não estão preparadas para gerir a saúde publica.
Como, enfim, convencer vereadores para derrubar a concessão à CAB se não for fazendo acordos políticos com eles? Essa fala do Lúdio tem outros desdobramentos.
A empresa pode, agora e no meio da campanha eleitoral, fazer propaganda do que está fazendo. Como aquela com a Patrícia Pilar. Com dados corretos e outros nem tanto, a empresa pode
mostrar maravilhas em propagandas bonitas ou que está resolvendo o problema de água e esgoto da capital.
E o Lúdio, com recurso pequeno, no meio de uma campanha, enfrentando um ‘adversário‘ desses?
Por outro lado, se o Lúdio recuar do atual discurso, ele perde aqueles que votam nele por causa desse assunto.
É uma situação incômoda. É o tal se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.
No geral, pessoas egressas da esquerda tem certo dogmatismo em suas posições políticas. Tem dificuldade de recuar.
E dogmatismo em política, com raríssimas exceções e momentos, leva ao suicídio eleitoral.
O correto nesse caso seria dar um tempo à tal CAB para se vê se vai ou não resolver o assunto.
Se aparecer resultados concretos, é impossível tomar a concessão de volta. Se não aparecer resultados, não seria difícil, sem atender pedidos extras, convencer a Câmara
Municipal, empurrada pela opinião publica, para tomar a concessão de volta.
Atuar de forma diferente pode ser um tiro no pé.
ALFREDO DA MOTA MENEZES é professor universitário e articulista político em Cuiabá.
pox@terra.com.br
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