Secretário admite descontrole na distribuição de ingressos


Patrocínio de R$ 3,6 milhões deu direito a 100 convites; ex-prefeito Galindo levou 12

AE/MidiaNews
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Secretário Marcus Fabrício (detalhe): ingresso para órgãos públicos: Galindo levou 12
LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
O secretário de Cultura e de Turismo de Cuiabá, Marcus Fabrício (PTB), disse que não sabe apontar as pessoas que foram assistir ao desfile da Estação Primeira de Mangueira, por conta da Prefeitura, no último dia 11, na Marquês de Sapucaí.

Ele reconheceu que não houve controle de quem foi beneficiado, pois muitos convites entregues foram repassados adiante.

Por força de contrato, a capital mato-grossense foi homenageada com o samba-enredo da escola do Rio de Janeiro.

Fabrício foi o responsável pelo camarote da Prefeitura de Cuiabá no sambódromo e informou que as 100 credenciais que o Município recebeu da escola de samba foram distribuídos para "autoridades".

“Eu fiquei 36 horas sem dormir para pegar esses convites, entre sair de Cuiabá, chegar ao Rio e voltar. Cheguei aqui na sexta-feira (8) à noite e, no sábado (9) de manhã, comecei a ligar para as autoridades que representam o Poder Público, oferecendo as credencias. O Fábio Garcia [secretário de Governo] e Clenon Borges [secretário de Comunicação] me ajudaram a fazer as ligações”, disse o secretário aoMidiaNews.

De acordo com Fábio Garcia, foram convidados “representantes dos poderes constituídos e representantes da sociedade”.

Marcus Fabrício informou que foram procurados deputados, vereadores e representantes de órgãos públicos, como o Tribunal de Contas e Tribunal de Justiça.

“Quem foi no desfile foram as pessoas que já estavam lá no Rio, até pelo fato de termos conseguido os ingressos na última hora. Até sobraram alguns. Os nomes das pessoas que os convidados mandaram, eu não sei”, disse.

Marcus Fabrício citou, entre as pessoas que ele conhecia e que foram ao camarote, o vereador Mario Nadaf (PV), a esposa do vereador Leonardo de Oliveira (PTB), a esposa do ex-prefeito Chico Galindo (PTB) , os secretários municipais Marcelo de Oliveira “Padeiro” (Obras) e Gilberto Figueiredo (Educação), além de alguns colunistas sociais.

De acordo com o secretário, o ex-prefeito Chico Galindo, autor do contrato entre Cuiabá e a Mangueira, recebeu 12 convites da cota da Prefeitura. No entanto, ele não teria viajado ao Rio e teria enviado alguns parentes para assistir ao desfile.

O local onde foram instalados os convidados da Prefeitura ficava ao lado do camarote da rainha de bateria da Magueira, Gracyanne Barbosa. A estrutura incluía ar-condicionado e bebidas, como cerveja, refrigerante e suco à vontade.

A capacidade do local era de 200 pessoas e não era exclusivo para a Prefeitura de Cuiabá. Entre os convidados da Mangueira que foram encaminhados para o camarote, estava, por exemplo, a ex-BBB Mayra Cardi.

Patrocínio 

A Prefeitura de Cuiabá desembolsou R$ 3,6 milhões com o patrocínio para que a Mangueira homenageasse a capital mato-grossense.

Desse montante, R$ 1,6 milhão deveriam sair dos cofres do município, sendo R$ 800 mil da Cultura e R$ 800 mil do Turismo. Os R$ 2 milhões restantes deveriam ter sido captados na iniciativa privada.

No entanto, a Prefeitura não conseguiu captar os recursos e acabou complementando o valor com dinheiro público – não só do Município, mas também do Estado. “O Governo do Estado ajudou com o investimento, por meio da Secopa”, informou Fabrício.

A assessoria da Secopa confirmou o investimento e informou que repassou R$ 500 mil para a prefeitura aplicar no desfile, a título de "divulgação de Cuiabá como sede da Copa 2014".

Ao comparar o valor gasto pela Prefeitura com o valor desembolsado por outros patrocinadores do Carnaval carioca deste ano, Fabrício acha que o valor entregue à Mangueira "não foi alto".

“A Mangueira foi quem recebeu o menor patrocínio. O cavalo manga-larga marchador da Beija-flor custou R$ 5 milhões. A Prefeitura de Cuiabá investiu R$ 3,6 milhões no contrato, e só o tempo vai dizer se foi um bom investimento ou não”, observou.

Avaliação positiva

Apesar de toda a polêmica em torno do patrocínio e da forma como a Mangueira mostrou Cuiabá, o secretário avaliou positivamente o desfile.

“Faltaram a viola de cocho, a dança do siriri... Mas apareceram a busca pelo ouro, o bolo de queijo, nosso rei e nossa rainha do carnaval desfilaram e foram filmados, dançaram o rasqueado”, pontuou.

“A minha avaliação é positiva. A imagem de Cuiabá foi divulgada para 120 países, e os cuiabanos que foram lá fizeram bonito. Quando a gente vai ter outra oportunidade de apresentar Cuiabá assim?”, disse.

Fabricio usou o exemplo de outro patrocínio polêmico para justificar o dinheiro gasto pela Prefeitura da Capital.

“Há alguns anos, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes investiu R$ 15 milhões na Rede Globo para levar uma novela no Estado dele. E, hoje, 9% do PIB do Ceará vêm do turismo. Se Cuiabá terá o mesmo retorno, só o tempo irá dizer”, argumentou.

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