Santa Maria: um mês depois, cidade ainda vive luto da tragédia

Romaria na cena da tragédia
Romaria na cena da tragédia Foto: Osvaldo Melo
Herculano Barreto Filho
Tamanho do texto A A A
Um mês após o incêndio na boate Kiss, que deixou 239 mortos em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, parentes e amigos das vítimas ainda sofrem com a tragédia. A professora Maria Gorete Pereira, que enterrou a filha Natana Pereira Canto, de 20 anos, tem crises de choro e perdas temporárias de memória:
- Eu não aceito a morte da minha filha. Passo os dias caminhando pela rua, esqueço o nome das pessoas. Voltei a fumar, depois de 15 anos. O futuro não me interessa mais. Minha vida terminou.
Helena Rosa da Cruz, de 54 anos, perdeu os dois filhos na tragédia. José Manuel Rosa Cruz, de 18 anos, saiu da boate após o incêndio. Como não achou a irmã Mirela, de 21, voltou para buscá-la. Agora, Helena procura forças para retomar a vida. Professora de uma escola municipal, ela voltou ao trabalho anteontem, mesmo sem ter preparado a aula.
- Ela não tinha cabeça para isso. A cada dia, sente mais a falta dos filhos — conta a enfermeira Vera Alves, amiga e confidente de Helena.
O funcionário público Ogier Rosado chora diariamente a ausência do filho Vinícius, a alegria da casa.
- Não deixo de falar nele todo santo dia. Parece que está aqui agora, ou que vai entrar a qualquer momento para almoçar conosco.
A família Rosado mantém o quarto de Vinícius, morto no incêndio da boate, intacto: uma tentativa de aplacar a dor da perda
A família Rosado mantém o quarto de Vinícius, morto no incêndio da boate, intacto: uma tentativa de aplacar a dor da perda Foto: Osvaldo Melo
A técnica em enfermagem Aline Jacobsen, de 25 anos, escapou da boate em meio à fumaça. Crisley Caroline Saraiva de Freitas, cunhada dela, não. Sobrevivente da tragédia, Aline mudou de ares. Há quatro dias, ela se mudou para Caxias do Sul, a 300 quilômetros de Santa Maria.
— Só vim com as roupas do corpo. Precisei sair de Santa Maria para buscar forças.
Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), até os professores vivem o luto da tragédia. É o caso de Rodrigo Jacques, que dá aula aos alunos de Agronomia e perdeu 17 alunos e ex-alunos na boate Kiss.
— A nossa função é dar conforto e deixá-los à vontade. Alguns alunos ainda estão muito abalados.
Prisão preventiva
A polícia gaúcha trabalha contra o tempo para finalizar o inquérito sobre as causas do incêndio na boate Kiss antes deste domingo, prazo em que vencem as prisões provisórias dos quatro acusados detidos — dois sócios da boate e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira. A polícia pode pedir a prisão preventiva dos quatro presos, caso não consiga concluir a investigação no prazo estabelecido.
Polícia cobra perícia
O delegado Marcelo Arigony, responsável pela investigação, se reuniu ontem em Porto Alegre com a cúpula do Instituto Geral de Perícias e com o chefe de polícia, Ranolfo Vieira Júnior, para cobrar pressa na entrega dos laudos técnicos sobre a causa do incêndio. Os laudos são fundamentais para o indiciamento dos presos, por homicídio qualificado doloso por asfixia.
Pedido negado
Ontem, o Ministério Público rejeitou o pedido de prorrogação, por mais 30 dias, da prisão provisória de um dos sócios da boate, Elissandro Spohr, o Kiko. O pedido foi feito pelo advogado do empresário, Jader Marques, para colaborar com a investigação. O MP informou que os pedidos só podem ser renovados uma vez.


Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/brasil/santa-maria-um-mes-depois-cidade-ainda-vive-luto-da-tragedia-7685188.html#ixzz2M6qZzLkX

0 Comments:

Postar um comentário

Para o Portal Todos Contra a Pedofilia MT não sair do ar, ativista conclama a classe política de MT
Falta de Parceiros:Falsos militantes contra abuso sexual e pedofilia sumiram, diz Ativista
contato: movimentocontrapedofiliamt@gmail.com