Mais duas mulheres denunciam pastor líder da Igreja Paz no Vale

Autor(a): Priscilla Sales Função: Repórter 
Foto(s): Marcos Limonti/Comércio da Franca 


Adolescente acusa pastor em depoimento. Polícia apura o caso

Mais duas possíveis vítimas do pastor José Elias da Cruz, líder da Igreja Paz no Vale e acusado de abuso sexual contra duas irmãs de 12 e 15 anos, se apresentaram ontem na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Franca. Ambas repetiram a mesma história contada pelas irmãs na segunda-feira.


A primeira a comparecer à delegacia foi uma fiel de 20 anos (os nomes não foram revelados pela polícia). Segundo ela, os abusos aconteciam na casa do pastor, no Jardim Boa Esperança. “Ele nos dizia que precisávamos orar e nos pedia para ir até a casa dele. Numa dessas visitas, ele me disse que eu estava com um caroço no seio e que isso era coisa do demônio”.

Para poder curá-la, o pastor dizia que era preciso que ela passasse por um ritual. Ele, então, levou-a até seu quarto onde teria a derrubado no chão e passado as mãos em seus seios. “Enquanto segurava meus peitos, ele orava para tirar o demônio”, contou.

Depois do ocorrido, ainda segundo o relato da jovem, José Elias pediu que a moça não contasse nada a ninguém senão o demônio tomaria conta de sua vida. Ela teria ficado chateada com o que aconteceu e decidiu abandonar a igreja. “Mas ele foi atrás de mim e me pediu para voltar. Ainda fui a um culto, depois não fui mais”, disse.

A segunda vítima a se apresentar ontem foi uma fiel de 23 anos. No caso dela, o pastor disse que o demônio iria colocar um caroço de câncer em seus seios e desgraçar sua vida. Além disso, por ser muito cobiçada pelos homens, ela estaria sendo atormentada por diversos espíritos ruins. Para se livrar destes males, a garota teria que se submeter a um tratamento espiritual de libertação. “Ele me disse que teria de ir à casa dele orar e ser benzida durante um mês. Só assim estaria curada”.

Convencida do que dizia o pastor, a garota começou a se tratar. “Nas primeiras duas semanas, ele realmente apenas orava. Mas em um determinado dia, me disse para ir até o banheiro, tirar as calças e voltar enrolada em uma toalha. Foi o que fiz. Quando voltei, ele me deitou na cama e começou a passar as mãos nas minhas pernas”, conta em seu depoimento.

Ela disse ter estranhado o fato e questionado o religioso. “Ele me afirmou que aquilo era a vontade de Deus, que ele estava agindo a pedido de Deus”.

Segundo a fiel, depois de algumas sessões, o pastor pediu para que ela tirasse a blusa para que ele pudesse tocar seus seios. “Ele me dizia que iam nascer caroços de câncer e que por isso meus seios precisavam ser benzidos. No começo, resisti. Ele dizia que minha negativa era o demônio agindo. Então acabei cedendo”, contou.

A garota se sentiu mal com a situação e resolveu se afastar da igreja. “Não atendia mais as ligações dele e parei de ir a sua casa. Ele, então, foi atrás de mim no meu serviço. Me convenceu a voltar (para a igreja)”. Estranhando o fato do tratamento não ter fim, ela voltou a questionar José Elias, que teria respondido apenas que tudo terminaria quando Deus quisesse. “Eu só faço o que ele manda”.

O pastor dizia que conhecia outros casos em que a mulher que se recusava a passar pelo tratamento acabava morta. “Fiquei com medo.Voltei, mas logo ele acabou me expulsando”. A saída teria acontecido porque ela contou a uma amiga como era o tratamento do pastor. “Ele colocou todos (fiéis da igreja) contra mim. Disse que eu estava possuída e que ninguém deveria conversar comigo. Desde então não o vi mais”.

A delegada Graciela Ambrósio, responsável pelo caso, disse que as investigações continuam. “Já temos os nomes de mais três possíveis vítimas. Estamos trabalhando e vamos descobrir o que realmente aconteceu”, finalizou.

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